quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

UM ROSACRUZ ESCREVE SOBRE ALQUIMIA

HERMES DESVELADO por CYLIANI

O homem conhecido como Cyliani, do qual pouco se conhece pessoalmente, foi um alquimista que escreveu o presente volume (Hermes Desvelado) em 1831 e publicou-o no ano seguinte. Seu principal interesse reside no fato de que ele influenciou uma escola francesa de Alquimia que baseava as suas conclusões sobre o seu trabalho. A primeira delas foi desenvolvida por GF Tiffereau, que trouxe uma peça de ouro do México, que ele afirmava ter fabricado pelo artífice Tiffereau que gastou os anos de 1847 a 1891 tentando convencer cientistas franceses para levar a sério o seu trabalho, mas apenas conseguiu estimular os alquimistas tais como Jollivet-Castelot e outros... (extraído de uma publicação na internet – ver http://www.google.com/
buscar por Cyliani.

PREFÁCIO

O Céu, me havendo permitido triunfo em elaborar a Pedra Filosofal, após haver passado trinta e sete anos à sua procura, velado mil e quinhentas noites ao menos (quatro anos e poucos meses - nota do redator) sem dormir, provado infelicidades sem conta e perdas irreparáveis, acredito poder oferecer à juventude, esperança da nação, o lacerante quadro de minha vida, a fim de que lhe sirva de lição; ao mesmo tempo, o renascer de uma arte que propicia, do primeiro golpe de vista, as rosas brancas e vermelhas, (a união do branco com o vermelho cria a cor rosa – nota do redator) as mais agradáveis, repletas de espinhos, e das quais a senda que conduz ao lugar onde as podemos colher, é plena de escolhos.

Como Medicina Universal (uma medicina única, que utiliza um único medicamento e cura todas as enfermidades – foi usada por Jesus Cristo – nota do redator) um bem mais precioso que o dom das riquezas; seu conhecimento deve naturalmente arrastar à pesquisa os homens estudiosos, que crêem ser mais felizes que uma multidão. Eis a razão que me levou a transmitir à posteridade as operações a fazer, no maior detalhe e sem nada omitir, a fim de torná-la conhecida e de prevenir também a ruína de pessoas honestas e de render serviço a humanidade sofredora.

O leitor que penetrar minhas operações não terá senão que procurar a matéria, (corpo-físico) o fogo (Espírito – emanação do Sol) e os trabalhos de Hércules. (São doze os Trabalhos de Hércules, cada um relativo a um signo do Zodíaco – nota do redator) Todos os filósofos fizeram disso, por dever, um mistério. Eu jurei a Deus transportar ao túmulo esse segredo, preferindo desagradar os homens ao Eterno.

Descrevi com a maior sinceridade todas as operações a realizar, e se as poderão contar, e desejo, do fundo do coração, que o sonho, o qual pude revelar ao homem virtuoso, chamado por Deus a gozar de um bem semelhante, possa realizar-se sem os inúmeros obstáculos que conheci, inclusive o risco de morrer.

Para realizar os trabalhos de Hércules é necessário tomar grandes precauções; uma vez realizados, o restante é um trabalho bem agradável, que não custa sequer um centavo.

Preveni-vos para que não aconteça, como a mim, de vos ferirdes; encontro—me, em decorrência desses mesmos trabalhos, com o órgão mais essencial da vida (coração – nota do tradutor) afetado, o que me privará, devido a gravidade do mal, e a virtude da medicina não sendo cirúrgica, mas tão só paliativa e medicamental, de percorrer um longo caminho (viver muitos anos). (Aqui o escritor desse extraordinário livro de Alquimia previne ao estudante aconselhando-o a ser prudente nas práticas espirituais, jejuns, abstinências sexuais, excessos de estudos, principalmente durante as noites (ele passou cerca de mil e quinhentas noites insones debruçado no estudo e nas atividades alquímicas... e isso tudo afetou sua saúde...)

Aconselharia também as pessoas que queiram por inteiro dedicar-se à perseguição da Pedra Filosofal de não se lançar a tanto senão após haver seguido vários cursos de Química, e aprendido a nanipular. (Na época que o autor estava vivo a Química era uma ciência simples e não tão extensa e complicada como hoje, e era estudada por todos os aspirantes ao doutorado – nota do redator) Por mais que digam certos autores, se eu não possuísse os conhecimentos de Química que possuo jamais coisa alguma teria alcançado! (Aqui o autor se refere que o estudo do Ocultismo deve ser acompanhado preferencialmente com os estudos das ciências já estabelecidas no mundo, pois as duas andam de mãos dadas. Uma diz respeito à Matéria, outra ao Espírito! - Nota do redator.)

Devo acrescentar que a matéria própria à Grande Obra é aquela que serviu para formar o corpo do homem primitivo: ela se encontra por toda parte, (o Éter) em todo lugar, sob diversas modificações; sua origem celeste e terrestre, como igualmente o é o fogo da Pedra (Filosofal).

A Medicina Universal é um Sal Magnético que serve de envoltório a uma Força Estranha, que é a Via Universal. Assim que esse Sal se encontra dentro do estômago, penetra todo o corpo, até as ultimas células, e, regenerando todas as partes, provoca uma crise natural, seguida de suores abundantes; purifica o sangue assim como o corpo, fortifica-o em lugar de enfraquecê-lo, por dissolver e expulsar, pela transpiração, toda matéria mórbida que contraria o jogo da vida e suas vicissitudes. Esse Sal faz também desaparecer, por sua qualidade fria, todas as espécies de inflamações, enquanto que a Força Estranha desse mesmo Sal se espalha pelos principais órgãos, dando-lhes vida.

Eis aqui o efeito da Medicina Universal, que cura radicalmente todas as enfermidades que afetam o homem durante o curso de sua vida, e o faz percorrer com boa saúde muitos séculos, a menos que Deus, em seus desígnios, haja diferentemente ordenado. Tem, assim, efeito contrário à opinião recebida dos médicos, que sustentam não poder um só remédio curar todas as doenças. Se, entretanto, conhecessem a Medicina Universal, veriam que o poder desse Sal é semelhante àquele de um ímã, que atrai ao invés do ferro, a força da Vida Universal, e lhe serve como invólucro. Ao administrá-lo, eles seriam forçados a reconhecer seu Poder Celeste, e se colocariam de joelhos diante desse belo Sal Magnético, dotado de uma força sobrenatural e miraculosa; proclamando, de corpo e alma, que doença alguma resiste à sua ação, como eu disso me convenci, dedicando a vida às doenças por eles abandonadas.

Para conceber o que acabo de dizer sobre essa Força Estranha preciso pensar no efeito que produz o vinho de champanhe em nosso estômago: tão logo ele o encontra, seu líquido lhe penetra as paredes e as fortifica, enquanto que a Força Estranha, devido à presença do ácido carbônico, se desprende dirigindo-se ao cérebro, dissipa nossa tristeza e em verdade nos regozija, a menos que quantidade muito grande do gás, vindo a pressionar o cérebro, nos faça vacilar ou cair.

Enfim, o corpo do homem material, não obstante encerre uma Força que lhe é estranha, que é a Vida.

Creio prevenir aqui jamais esquecer que não são necessárias senão duas matérias da mesma origem: uma volátil e outra fixa; que há duas vias, a via seca e a via úmida. Tenho esta última de preferência, por dever, embora a primeira me seja muito familiar; ela se realiza com uma única matéria.

O azoto se liga facilmente ao enxofre, o fogo ao fogo, e o mercúrio duplo ou rebis (palavra de origem alquímica – nota do redator), em estado de pó, sal ou óleo, forma o verdadeiro ouro potável, ou a Medicina Universal ao branco ou ao vermelho; enfim a semente do ouro está dentro do ouro mesmo. É preciso de muito pouco combustível e menos ainda vasos. A obra custa bem pouco, e pode-se a realizar em todo lugar, mas é conveniente começá-la em um ambiente como o da Natureza, para a bem terminar. (na verdade essa Obra deve ser realizada dentro de nós mesmos, no nosso corpo... - nota do redator)

Creio neste escrito haver conservado as mais importantes passagens de múltiplos trabalhos realizados por filósofos que possuíam o Mercúrio Secreto, (Ensinamentos ministrados nas Escolas Herméticas e Esotéricas) vale dizer, Hermes, tais quais Arnau de Vílianova (Um Alquimista) e o autor anônimo, impresso em Leipzig em 1732, e outros, para transmitir de maneira primordial à posteridade, esta Arte Divina, tão preciosa no que respeita à saúde.
Procurai conhecer o Vinagre das Montanhas, (?) já que sem ele não podereis nada fazer; seu conhecimento vos dará aquele da Fada da Alma, (?) assim chamada por Arnau de Víllanova em seu Pequeno Rosário (?).

Compenetrai-vos igualmente de que o fogo de nossa lareira, ou dos fornos, ou de uma lâmpada, o tirano da destruição, e de que a Natureza não emprega o fogo vulgar senão para destruir; por exemplo, o fogo do raio, ou aquele dos vulcões.

Atentai que as duas naturezas metálicas, após sua preparação, não devem ser reunidas senão no estado de germes dissolvidos, como o diz Arnau de Vilianova.

Quando tiveres compreendido bem a prática e as operações que vos irei dar, podereis dar início à realização da Obra. Se não tiveres a felicidade de triunfar, será porque Deus não vos quis conceder dom semelhante, uma vez que eu juro haver-vos dito tudo nesta obra, sem trair meu compromisso.

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