segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

ESPERIÊNCIAS COM SONHOS CONSCIENTES E ACOMPANHADAS DE DESDOBRAMENTO

Para dar continuidade ao assunto SONHOS CONSCIENTES, ou SONHOS LÚCIDOS, aqui vai um artigo publicado no Boletim Rosacruciano da FRCSP de novembro e dezembro de 1966. A autoria da carta é do Lineu, um amigo e irmão do tempo em que eu fazia parte do coral da Fraternidade.

Faz alguns meses recebemos uma carta de um dedicado e grande Amigo, com a descrição de uma série de experiências psíquicas tão notáveis que achamos conveniente transcrevê-la, para que todos os nossos Irmãos delas tomem conhecimento. Dentre os vários casos desta ordem que têem chegado ao nosso conhecimento, e que bem atestam os admiráveis e extraordinários resultados que os nossos queridos Irmãos vêm obtendo com os estudos e práticas recomendados e com o apoio da nossa Corrente Espiritual, este é um dos mais interessantes como exemplo prático e excepcional. (Prof. Lourival C. Pereira)

Caro Professor Lourival:
O motivo desta é levar ao conhecimento de V - S - uma série de experiências realmente curiosas que ultimamente vem acontecendo comigo. Sei perfeitamente que não se trata de nada excepcional, pois seguramente o mesmo já deve ter ocorrido com alguns Irmãos da Fraternidade, talvês de alguma maneira diferente. Assim sendo, passo a relatar a seguir essas experiências.

A minha primeira experiência deu-se através de sonho completamente consciente (ter consciência e certeza de estar sonhando) - Havendo o caro Prof. nos dito que realmente nós nos encontramos onde a nossa Consciência está focalizada, comecei a imaginar, antes de pegar no sono, que me encontrava na Fraternidade, orando na Sala Branca, situada na cabeça da cruz que forma o Salão, como habitualmente faço. Numa determinada noite, isto mais ou menos há uns dois anos, tive consciência total de que estava sonhando. Então disse a mim mesmo: “Se estou sonhando, estou fora do meu corpo físico”. No mesmo instante a cena do sonho modificou-se ràdicalmente, e comecei a voar pelos ares a caminho da Fraternidade. Passava por cima dos telhados, via as ruas com suas luzes acesas, árvores, etc. Quando cheguei sobre o telhado do Templo, fiquei em posição vertical, e desci bem devagar, atravessando o telhado e o forro, indo cair bem em cima da Estrela que fica em frente à sua mesa de conferências. Depois me dirigi até a sala onde faço as minhas orações, e ao abrir a porta encontrei Dona Gerda (Vice Presidente da Fraternidade na época) em companhia de outras moças, todas de branco, com uma fita azul caída ao lado, enfeitando o ambiente com palmas e flores. Perguntei o que estava acontecendo, e elas me disseram que ali iria haver uma festa. O interessante é que, durante todo o sonho lembrava-me perfeitamente que estava dormindo no meu quarto, ao mesmo tempo que estava na Fraternidade.

A minha segunda experiência deu-se, também, através de sonho consciente. Notei que, quando a gente se torna consciente, a aparência ou cenário do sonho muda completamente. Neste sonho que agora relato, comecei a sentir que era levado por uma espécie de corrente, e tinha a impressão de que estava flutuando no ar, como se fosse uma folha de papel atirada do alto de um edifício. Fiquei com um pouco de receio, pois não sabia para onde estava indo. Repentinamente percebi que estava no meu próprio quarto, vendo projetadas na parede, através de uma luz estranha, figuras de macacos e outras as quais não pude identificar. Tendo certeza de que estava fora do meu corpo físico, pensei em ver o meu corpo deitado na cama, e realmente o vi. Em cima dele, a mais ou menos uns dez centímetros de altura, havia uma espécie de fumaça branca, e do centro da testa saia um cordão nodoso o qual dava a impressão que pulsava. Logo em seguida acordei.

A terceira experiência, também através de sonho completamente consciente, deu-se no mês de setembro de 1965. Fui envolvido pela mesma corrente, que me levava de um lado para outro. Desta vez não tive o mínimo receio. Após ficar balançando de um lado para outro, percebi que algo me atraia para trás. Não atendendo àquela espécie de chamado, que presumo ser do corpo físico, fiz uma espécie de esforço mental, e senti um estalo e um clarão na minha cabeça; vi-me então completamente fora do meu corpo físico e atirado para fora do quarto, atravessando a parede para o lado da rua. A exemplo do primeiro sonho, comecei a voar e a ver os telhados das casas, as ruas iluminadas e as árvores, etc. Depois de algum tempo comecei a perder as forças, e a cair lentamente. Fui parar perto de um lago azul, todo rodeado de grama de um verde bem claro, sendo que junto ao lago encontrava-se um velhinho de barbas brancas. Então aquele cenário começou a ficar branco, a perder a cor, até que acordei. Quis levantar-me, mas não consegui, pois sentia forte dor de cabeça, com a pulsação do coração fora do normal. Presumo que este estado tenha sido provocado por mim, por não ter atendido àquele chamado, e por ter feito aquele esforço mental.

A quarta experiência deu-se em Outubro de 1965. Era um sábado à tarde. Fui deitar-me um pouco. Eram mais ou menos umas dezessete horas; o sol penetrava no meu quarto, e ouvia-se na rua o barulho dos motores dos ônibus que fazem ponto inicial em frente à minha residência. Após dormir uma hora, mais ou menos, acordei, e logo em seguida percebi que as minhas pernas começavam a subir lentamente. Deduzi logo que estava me desdobrando completamente consciente. Aí já não se tratava de sonho, pois estava acordado, e com os olhos bem abertos. Deixei que aquilo prosseguisse, até que aquele “corpo” ficou preso apenas à minha cabeça física. Quando o mesmo se desprendeu, fui deslocado violentamente para o espaço entre dois guarda-roupas que se encontravam no quarto. Lembro-me perfeitamente que estava inerte; não podia fazer o mínimo movimento. Parecia-me ser uma criança que não sabia ainda andar. Logo em seguida, independente de minha vontade, fui parar em frente a minha camiseira. Tendo nesse momento tomado a iniciativa de querer passar através da mesma, dei um passo, encostei nela o ombro, e senti a madeira, como se tivesse feito aquilo com o meu corpo físico. Apesar do meu esforço, nada consegui. Sabia que se tratava apenas de uma questão mental, mas como é difícil a gente admitir que está livre das condições corporais. Durante esse desdobramento ouvia perfeitamente todos os ruídos normais da rua e de dentro da casa. Como retornei ao corpo físico não tenho a mínima lembrança, pois quando a gente menos espera retorna à consciência corporal.

A quinta experiência ocorreu também num sábado à tarde, e nas mesmas condições de ambiente acima relatado. Havia dormido um pouco, e após acordar, senti algo estranho. Tinha a impressão de que possuía três pernas, pois uma delas estava saindo de uma das pernas físicas. Depois, bem devagar saiu a outra, e por fim o meu outro corpo todo ficou sentado na cama. Depois de alguns segundos comecei a flutuar no ar e a dar reviravoltas, como se estivesse brincando. Isto aconteceu independente de minha vontade. Logo em seguida pensei em localizar-me num dos cantos do quarto, perto do forro, e realmente o consegui. Achava-me lá em cima, e via todo o panorama em baixo. Tinha a nítida impressão de que, naquele momento, não tinha corpo. Também nessa experiência não me lembro como retornei ao corpo físico.

A sexta e última experiência, deu-se no dia 17 de Abril deste ano. Não conseguia pegar no sono, e devia ser mais ou menos 3 horas da madrugada. Tive a impressão de que estava para fazer um desdobramento, pois sentia que aquele corpo etérico saia e entrava no meu corpo físico várias vezes. Notei que a minha emoção faz com que o mesmo se interiorize. Não sei por que, mas foi o que aconteceu comigo; após sair definitivamente, percebi que estava indo para bem longe de minha casa. Pedi auxílio à Corrente da Fraternidade, e pensei no meu corpo físico, e no mesmo instante me encontrei em meu quarto. Fiquei andando pelo mesmo, e flutuando pelo ar Lembro-me exatamente que cheguei a passar por cima de meu irmão, que dorme no mesmo quarto.

Termino caro Prof. Lourival, deixando de fazer qualquer comentário a respeito, pois que para mim as coisas aconteceram simplesmente desta forma. Creio que para outras pessoas essas experiências possam ocorrer de maneiras diferentes, mas semelhantes.
Apenas quero frisar que se antes já não tinha dúvidas quanto aos ensinamentos ministrados nessa venerável Ordem fraternal, agora menos ainda posso duvidar, pois com essas experiências tive confirmação real e concreta de que não somos o corpo físico, e que o mesmo é apenas um instrumento de extrema utilidade ao nosso Espírito para adquirir experiências no plano físico.

“Que as Rosas floresçam sobre a sua Cruz”. LG.

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