BATATAS GRAÚDAS E MIÚDAS...
Faz muitos anos já que passei algumas semanas numa granja no Estado do Maine na época em que estavam fazendo a colheita das batatas. Conforme as carretas passavam do meu lado pude notar que as batatas eram todas graúdas e de tamanho quase uniforme. Por essa razão um dia felicitei o agricultor por conseguir uma colheita de batatas tão graúdas e de tão bonita apresentação. Levou-me ele então até uma carreta e me explicou que o fundo do veículo estava cheio de batatas miúdas, e me disse que não se havia disposto as mesmas no fundo quando foram carregadas no campo, senão que, pelo movimento da carreta no trajeto do campo até o silo, ocorria que as batatas miúdas se escorriam para baixo, permanecendo as graúdas em cima, e acrescentou: “Se se colocam as graúdas no fundo, elas subirão, enquanto que as miúdas descerão”.
Não ocorre assim também na vida? As pessoas de boa aparência, de excelentes qualidades, sobem até as maiores colocações à medida que nos roçamos uns com os outros nos lugares acidentados da estrada da vida. “Não se pode manter uma boa pessoa na obscuridade”, diz um velho refrão. Essa pessoa se destacará apesar de todos os contratempos, em virtude da força elevadora dentro de si mesma, e, de igual modo, não importa quantas vezes ponhamos um homem baixo no alto, se verá obrigado a descer, devido não possuir essa força interna. Podemos construir uma casa tão alta quanto queiramos, e elevá-la acima de todas as outras edificações, se dispomos de material e mão de obra em quantidade suficiente, porém o crescimento do homem é desde dentro, e nada pode acrescentar nem si- quer um fio de cabelo à estatura de alguém, seja física, moral ou mentalmente. Cada um deve cultivar por si mesmo sua própria salvação, unicamente ele pode determinar permanecer em baixo ou elevar-se para o alto.
O agricultor viu que se as carretas seguiam por um caminho liso e suave as batatas permaneciam mescladas, porém o caminho acidentado e áspero as separava na conhecida forma, e quanto mais áspero e acidentado o caminho, tanto mais ràpidamente as batatas graúdas se elevavam ao alto do monte e as miúdas passavam ao fundo. Nos grandes problemas da vida grandes oportunidades aguardam àqueles que estão dispostos a assumir as grandes responsabilidades e colocar-se à frente da batalha.
Estamos vivendo numa época semelhante e se aspiramos nos sobressair, agora é a hora de nossa oportunidade mais propícia. O mundo inteiro está agora interrogando e buscando uma solução ao mistério da vida; inquirindo em que direção está zarpando o barco da humanidade. Nós temos tal resposta. Assim, pois, sobre nós recai a responsabilidade de viver os ensinamentos dos Irmãos Maiores e fazer com que eles sejam adotados pelos demais, pelo exemplo de nossas vidas. Muitos de nossos amigos estão levando nossos ensinamentos recebidos dos Irmãos Maiores até as próprias trincheiras e iluminando aos que estão dispostos a serem iluminados. (Quando Max Heindel escreveu este artigo estava acontecendo uma grande guerra no mundo.) Aqueles de nós que continuamos em nosso ambiente comum encontraremos também esta interrogação em muitos dos lugares que nos cercam. Procuremos pois, diligentemente, essas ocasiões e esforcemos-nos em esclarecer, pois, “a quem muito se tenha dado, muito se exigirá”. Max Heindel
MAGNIFICA RESPOSTA
Nos tempos em que o Sr. Max Heindel dirigia a Fraternidade Rosacruciana americana de Oceanside, havia uma sessão na revista “Ecos” daquela organização intitulada “Departamento de Perguntas”, onde os estudantes e interessados em geral apresentavam as questões que mais os perturbavam ou que lhes pareciam inexplicáveis. Encontramos, por exemplo, no número 12 daquela revista, de 10 de maio de 1914, uma pergunta muito interessante, que temos certeza tem sido também feita a si mesmo por muitos de nossos caros amigos que se decidiram a seguir o árduo caminho de lutas e sacrifícios para a realização dos ideais do espírito. Tanto interessante como mais esclarecedora ainda é a resposta simples e magnífica apresentada pelo Sr. Heindel, como sempre com uma admirável abundância de detalhes e de lógica. Esperamos que os nossos amigos possam aproveitar da melhor maneira essa lição, que apresentamos na íntegra conforme apareceu na citada revista.
Pergunta:
Dêsde que comecei a estudar os ensinos Rosacrucianos e tenho tentado viver uma vida mais pura, parece-me como se as dificuldades se amontoassem por sobre mim, de uma maneira tal como nunca me ocorreu antes, e parece também que aqueles que me são mais próximos (familiares) são os que especialmente me tentam. Às vezes sinto-me progredindo, e outras parece-me que a vida se torna um fracasso. O que existe de real nisso tudo, e qual a razão dessas tentações?
Resposta:
Quando um navio está descendo rio abaixo a favor da correnteza, os motores funcionam bem sem qualquer esforço aparente, e dão grande rendimento. Da mesma maneira quando um automóvel apanha a descida de uma serra seu motor é capaz de conduzir a carga sem qualquer esforço, e vai longe. Porém quando o navio tem que cortar a correnteza e forçar o seu caminho, ou quando o automóvel precisa subir uma serra isso significa um dispêndio considerável de energia e de esforço e o progresso é lento. Há obstáculos para serem ultrapassados, cada pequena pedra no caminho é sentida, e assim por diante. O mesmo acontece com a alma. Enquanto somos levados com a corrente da vida e seguimos a maré da humanidade, então tudo parece correr bem e suave e não encontramos nenhuma dificuldade. Mas no momento em que deixamos a corrente e nos esforçamos para tomar o caminho em direção à vida superior, encontramos a fricção, o atrito, da corrida geral da humanidade, e, naturalmente, aqueles que justamente estão mais próximos de nós serão contra os quais o atrito será maior; assim parecem eles ser a oposição, para retardar nosso progresso em toda ocasião possível. Eles parecem lutar de toda maneira para obstruir nosso caminho, e nós sentimos isso mais agudamente porque pensamos que aqueles que nos são mais próximos e mais caros para nós deveriam ser aqueles que viessem apreciar os nossos esforços, e nos ajudar em nossa luta; todavia não é isso o que acontece. Não poderíamos esperar aquilo deles. Eles estão seguindo com a maré. Nós estamos indo contra a mesma, e o atrito é tão absolutamente uma necessidade como o é o atrito da água contra o navio que está subindo a correnteza rio acima.
Quando se anda pelas praias, naturalmente se nota como o formato das pedras é redondo, suave, e mesmo como algumas pedras são polidas pelo constante atrito e fricção com as demais pedras. Por idades e idades todos os cantos vivos foram desgastados, e eles apresentam agora aquela superfície maravilhosa que é tão peculiar às pedras encontradas nas praias. Podemos comparar essas pedras à humanidade em geral. Pelo atrito de uma contra outra por idades e idades os piores cantos serão desgastados, e por último nos tornaremos esféricos, suaves, polidos e maravilhosos como o são ás pedras das praias. Porém tomem um diamante em bruto, ao qual não é permitido obter seu brilho pelo processo ordinário vagaroso, como as pedras das praias. O lapidador toma-o em suas mãos e o esmerilha, e há um barulho estridente cada vez que a pedra é encostada na roda do esmeril, mas cada vez que um guincho de dor parte da pedra um grosso pedaço da superfície é desgastado, e uma parte polida e brilhante aparece em seu lugar. De idêntica maneira ocorre com a alma que aspira as coisas superiores. Deus é o lapidador que dá o brilho à pedra, e não é muito agradável quando a parte embrutecida é arrancada de nós, quando somos esfregados contra a roda do esmeril do sentimento e da calamidade; não obstante, nós todos sairemos dali reluzentes e brilhantes como diamantes. Portanto, não permita que seu coração se atrapalhe pelos sentimentos e pelas atribulações que aparecem agora em seu caminho. Pois não são mais do que o atrito que a pedra recebe do lapidador, e pode estar certo, seja qual for o sentimento presente, o resultado será bom, porque Deus é amor, e não obstante aplique agora as mais severas medidas, no futuro o apresentará polido e resplandecente. Max Heindel
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário