sexta-feira, 19 de setembro de 2008

O LIVRO DE OURO DO BEM, DO MAL E DO EQUILÍBRIO

LIVRO DE OURO DO BEM, DO MAL E DO EQUILÍBRIO.

Parte 2

É POR TRÁS DO MAL QUE ESTÁ O BEM

Vimos nas páginas anteriores que o Bem e o Mal andam sempre juntos e um não pode viver sem o outro. Isto significa que por trás das sombras está a luz; por trás da dor está o prazer; por trás da mentira oculta-se a verdade; por trás da morte existe a vida; por trás do velho está o novo; por trás da guerra está a paz; por trás do silêncio está a palavra; por trás do ferrão da abelha está o mel e por trás do espinho está a rosa. Saber tudo isto é maravilhoso porque nos dá esperanças de dias melhores. O Universo é a expressão do mais perfeito equilíbrio, e a justiça divina compenetra tudo, de forma que, para cada sete anos de seca sempre haverá sete anos de fartura; para cada período de tristeza haverá um período correspondente de alegrias; para cada gemido de dor haverá sempre um suspiro de prazer; não há sacrifício sem recompensa, não há esforço sem resultado; não há desejo sem satisfação; não há sonho sem realidade; não há oração sem resposta. Isto tudo quer dizer que se você está sofrendo hoje, amanhã com certeza será feliz; se hoje você dá, amanhã receberá; se você planta hoje, amanhã colherá; a dor de hoje será o gozo de amanhã; aquele que está triste hoje, amanhã sorrirá; o que procura, achará; o que pede, ser-lhe-há dado; o que chora, será consolado; o humilde conquistará o mundo; e, enfim, o infeliz de hoje sem dúvida alguma será o felizardo de amanhã! É só ter paciência e esperar!

POR TRÁS DA MORTE ESTÁ A VIDA...

Dissemos acima que por trás da morte está a vida e por trás do velho está o novo. Que significa isso? Se observarmos com atenção a natureza veremos que o velho e o novo, a morte e a vida estão sempre juntos, e um não pode existir sem o outro! A folha verde que um dia tremulou alegre ao sopro da brisa de repente desprende-se do galho e, depois de deslizar suavemente, morre. Vai para o solo, amarelece, dilui-se em meio a outras folhas mortas, vira adubo e transforma-se em nutriente para a árvore mãe, e logo em seguida renasce num novo broto e logo se transforma numa nova folha tão verde e viva quanto a anterior! Na primavera a árvore cobre-se de flores coloridas e perfumadas... Em seguida essas flores murcham, morrem, e no lugar nascem frutos verdes, cor da esperança. Depois eles amadurecem. Uns adquirem tons avermelhados, outros rosados ou amarelados, e logo tornam-se tenros, doces... São colhidos por pessoas ou devorados por pássaros e animais. Esses dão vida, mas alguns caem da árvore, apodrecem, morrem, mas as sementes ficam, e da semente surgem novas árvores!... E depois novas folhas, novas flores, novos frutos... E assim é a morte... E assim é a vida!...

O BEM E O MAL SÃO ILUSÕES DA MENTE

Em verdade, na Natureza Divina não existe o Bem, nem o Mal. Só existe o Equilíbrio! O conceito de Bem e Mal é um produto da mente humana... E é tão relativo, tão subjetivo, que se fizermos uma análise acurada, bastante imparcial, veremos que aquilo que nós chamamos de Bem, às vezes, não é senão o Mal, e aquilo que nós chamamos de Mal, não é senão o Bem! Vamos tentar exemplificar. Todos dizem que Deus é o Bem. E eu também acredito nisso. Porém, um dia perguntei a um amigo evangélico o que acontece à um homem que não acredita em Deus. Ele respondeu-me: Vai para o inferno! Perguntei-lhe: como é o inferno? Ele respondeu-me que é um lugar horrível, com muito fogo e fumaça preta por toda parte, cheio de demônios horrorosos, assustadores, que ficam torturando, afligindo e assando os pecadores e todos aqueles que, quando vivos, não quiseram acreditar em Deus. Perguntei-lhe: Quem criou esse inferno e esses demônios e autorizou-os a infernizarem a vida dos infelizes que caem lá dentro? Ele respondeu-me: Deus, é claro... Perguntei-lhe: Durante quanto tempo o indivíduo ficará ali? Ele respondeu-me: Por toda a eternidade... Suas palavras me deixaram perplexo. Tentei argumentar com ele o disparate dessas afirmações e ele se manteve firme, irredutível, e não houve argumento meu que o fizesse mudar de idéia e rever melhor suas opiniões. Éramos colegas de trabalho e morávamos no mesmo bairro. Íamos juntos para casa de ônibus, na época, e conversávamos muito, principalmente sobre religião. Ele era um bom amigo. Muito calmo, tranqüilo, sincero, nunca prejudicou-me em nada. Ao contrário. Sempre se manifestou cordial, solícito. E nunca achou ruim comigo por eu rir de suas opiniões... Brincava muito com ele, principalmente quando dávamos de cara com uma linda moça de mini-saia, e eu fazia-lhe perguntas capciosas a respeito da moça só para ver seu jeito. Ele ficava vermelho como um pimentão... Mas não me ofendia ou achava ruim das minhas palhaçadas. As vezes caia na risada... Devia achar-me um candidato perfeito para o inferno... Mas respeitava-me e tolerava-me com muita paciência. Nossa amizade era mais forte que nossas crenças e opiniões. O mais interessante é que ele achava o seu deus perfeitamente justo, bom. O supremo bem! Será que ele não percebia que um deus capaz de criar um ser do barro, soprar-lhe vida, jogá-lo num mundo cheio de perigos, armadilhas, tentações, obrigar esse ser a adorá-lo e se ele cometesse qualquer deslize seria entregue nas mãos de demônios terríveis durante a vida, e depois de morto seria jogado no inferno para sofrer eternamente pelos seus erros? Será que ele não percebia que esse deus, na verdade, é que seria o supremo mal? Pior até do que o mais cruel dos demônios criados por ele mesmo? Este é um caso típico de como o bem se transforma em mal na mente de uma pessoa que se recusa a raciocinar com lógica e bom senso! (continua)

Parte 1

O BEM, O MAL E O EQUILÍBRIO

O que é o Bem, o que é o Mal e o que é o Equilíbrio?
Se observarmos com atenção o mundo em nossa volta, veremos que tudo é duplo: Noite e dia; maré alta e maré baixa; ruído e silêncio; masculino e feminino; força e fraqueza; nascimento e morte; beleza e feiúra; riso e lágrimas; sucesso e fracasso; atração e repulsão. Veremos, também, que toda moeda tem duas faces; todo bastão tem duas pontas; toda balança tem dois pratos; todo rio tem duas margens; toda rua tem dois lados. Isto nos leva a concluir que o Bem e o Mal andam sempre juntos e um não pode viver sem o outro. Onde há o Bem, há o Mal, e onde há o Mal, há o Bem. É difícil de aceitar, às vezes, essa conclusão, mas vejamos alguns exemplos. Quando alguém resolve andar na trilha do bem, sempre aparecem pessoas querendo desviá-lo! As tentações se apresentam a todo o momento... Ele tem que ficar vigilante e alerta o tempo todo... E aqueles indivíduos que estão na trilha do mal, sempre lhes aparecem pessoas do bem querendo reencaminhá-los, aconselhá-los... Na Bíblia conta-se que Jesus, às vezes, era visto entre os pecadores... A Religião (o Bem) existe porque há no mundo pessoas que praticam o Mal... Então a Religião vem para aconselhar, ensinar, acolher, curar, redimir e regenerar essas pessoas... Uma moça linda e pura sempre atrai homens impuros querendo-a para si... A Luz brilha na escuridão. As estrelas se tornam visíveis por causa da noite... Enfim, não existe a menor possibilidade de haver um lugar no Universo Material onde só haja o Bem, assim como não pode existir um lugar no mundo onde só haja o Mal. Nos templos maçônicos geralmente o piso é sempre desenhado em forma de xadrez preto e branco. A estrela de Davi, ou de Salomão, que é representada na forma de dois triângulos entrelaçados, sabemos que um aponta para cima e outro para baixo. Às vezes essa estrela é desenhada de forma que o triângulo que aponta para cima é branco, e o que aponta para baixo é preto. O triângulo que aponta para cima representa o Bem, e o que aponta para baixo representa o Mal. A riqueza existe porque existe a pobreza; a luz existe em contraste com as trevas; a sabedoria existe em função da ignorância; o sucesso existe graças ao fracasso.

BEM E MAL.

Aquele que compreender bem o funcionamento dessas duas forças e conseguir equilibrá-las dentro de si poderá tornar-se um indivíduo muito poderoso, e aquele que ignorar ou deixar-se dominar por uma dessas forças, e não conseguir equilibrá-las, sem dúvida alguma fracassará em todos os seus empreendimentos! Portanto, o conhecimento e a capacidade de manipular essas duas forças são, sem a menor sombra de dúvida, o maior poder e a maior riqueza que um homem pode obter em sua existência aqui na Terra!

Aparentemente tudo parece muito simples, mas veremos, no decorrer destas páginas, que o simples, às vezes, se torna muito complicado, e o complicado, às vezes, se torna muito simples.

O ZERO

Tudo começa com o espaço vazio. (No princípio era o Caos). Para simbolizar esse princípio utiliza-se o zero, que é representado por um círculo. Esse círculo não tem tamanho definido. Pode ser do tamanho de um ponto ou do tamanho de um mundo. Qualquer que seja seu tamanho, o sentido ou significado será sempre o mesmo. Esse círculo significa o espaço puro, o silêncio total, o vazio, o nada... Pode simbolizar uma folha de papel em branco onde o escritor, o poeta, o geômetra, o matemático ou o desenhista vão iniciar sua obra; ou então uma sala de aulas vazia, sem professor e sem alunos; um terreno sem dono e sem nada construído em cima ou em baixo; uma mulher sem namorado, marido, amante ou pretendente. É também o Espaço Cósmico, o Silêncio, o negror total, o “sono”, o “esquecimento” o repouso, o “statuo-quo”, a imobilidade...
Algo que sempre existiu e sempre existirá em toda parte... Encontra-se a disposição de todos em qualquer tempo e lugar... TUDO O QUE ESTIVER NESSA SITUAÇÃO DE ZERO PODE SER UTILIZADO POR QUALQUER PRINCÍPIO OU FORÇA DO UNIVERSO, SEJA ELA DO BEM OU DO MAL... O nada é a lousa negra onde Deus se dispôs a desenhar, colorir e dar vida ao Universo (e com certeza ainda não terminou sua obra, e talvez nunca a termine) e é também um muro branco no qual um moleque de rua resolveu escrever um punhado de palavrões! Podemos dizer que o zero é o símbolo do EQUILÍBRIO em sua forma mais pura e subjetiva. Daí ele ser representado por um círculo, que é uma figura geométrica que não possui lados ou ângulos e pode expandir-se ou encolher-se até o infinito... Podemos dizer também que o zero simboliza o Bem não manifestado... O Bem oculto e invisível!

O SIGNIFICADO DO ZERO
NAS COISAS DO MUNDO


O zero em comunicação ou na música é o silêncio; em poesia é o poema que ainda não foi escrito; em geometria é o espaço sem medida, sem começo ou fim; em arte é a tela branca, a argila informe; é o mármore bruto ainda incrustado na terra; em matemática é o nada; em literatura é o livro que ainda não foi escrito; em economia é a intenção de investimento não especificada; em agricultura é a terra não cultivada; em esporte é o indivíduo em seu estado natural que ainda não iniciou qualquer tipo de exercício físico; em política é o candidato sem partido e que ainda não se manifestou publicamente; em Magia é a força errante ainda não domesticada; em eletricidade é a energia não canalizada; em religião é o indivíduo ateu, sem meta ou objetivo na vida; em filosofia é o homem que nada sabe e é convidado a tudo conhecer; em comércio é a mercadoria sem dono e sem preço estipulado...

AS VIRTUDES DO NADA

Em verdade, do nada é que surgiu tudo! O nada é, portanto, divino. Esse é um dos mistérios mais sagrados do mundo!
O nada pode ser a solução do mais intricado problema; pode ser a saída mais brilhante para a situação mais difícil; pode representar a cura da doença mais incurável; o alívio da situação mais dolorosa!
O nada pode reduzir o homem ao seu estado mais puro e colocá-lo em contato direto com seu espírito divino. Quando um homem não tem nada, ele tem tudo a conquistar, e quando ele acha que já tem tudo, pode, repentinamente, ficar sem nada! Melhor, portanto, é ter nada e ir a luta para conquistar tudo, do que ter tudo e estar sujeito a de repente ficar sem nada... Sábio é o homem que, mesmo tendo tudo, considera-se dono de nada, e mesmo tendo nada, considera-se dono de tudo. Há dois exemplos na Bíblia. Um é o de Salomão, que desejou nada de Deus, a não ser justiça e sabedoria, e obteve tudo, tornando-se o homem mais sábio e rico de sua época, e Jesus, que sendo dono e Senhor de tudo, pois era o próprio Deus encarnado, não carregava nada consigo e sempre conseguia tudo!
Quando um indivíduo fez tudo e mais alguma coisa durante o dia, quando chega a noite, sente-se exausto, cansado, sonolento. Deita-se, dorme, mergulha no nada e no outro dia acorda novinho em folha e pronto para começar tudo de novo... É aí que o nada se torna a fonte de tudo! Veja-se o jejum, que é o ato de comer nada. A medicina usa o jejum para curar doenças estomacais e intestinais, provocadas pelo vício de se comer tudo o tempo todo...
Já foi comprovado pela medicina e psicologia moderna que o melhor meio para se curar o estresse provocado pelo excesso de trabalho é passar um longo período fazendo absolutamente nada. Quando um homem passa um bom período fazendo nada ele se fortalece e rejuvenesce e, ao contrário, quando passa um longo período fazendo tudo ao mesmo tempo ele se enfraquece e envelhece...
O silêncio, também, é muito benéfico em certas circunstâncias. Veja-se o caso de uma discussão acirrada entre dois indivíduos teimosos. Essa discussão poderá transformar-se, a qualquer momento, numa briga feia. O melhor antídoto contra essa situação é o silêncio. O primeiro a calar será considerado o mais equilibrado e, portanto, o vencedor. Antes de iniciar seu ministério Jesus recolheu-se em silêncio no deserto durante quarenta dias e quarenta noites.
Nas religiões mais tradicionais, nas escolas de mistérios, exige-se do neófito que ele abandone tudo, se despoje de tudo e se torne nada. E é nesse nada que ele vai reconstruir tudo de forma melhor e mais perfeita, sob a orientação de verdadeiros mestres e Hierofantes.
Em meditação transcendental o objetivo principal é chegar-se ao nada, ao silêncio absoluto. A ausência de pensamento. Ao vazio. Quando um homem atinge esse ponto, Deus, instantaneamente preenche esse vazio e o ilumina.

COMO UTILIZAR O NADA NA SOLUÇÃO
DE PROBLEMAS DIFÍCEIS E INSOLÚVEIS


Dissemos anteriormente que o nada pode ser a solução do mais intricado problema e pode ser a saída mais brilhante para a situação mais obscura. Vamos esclarecer essa questão.
Suponhamos que um homem se meteu em más companhias, ou se envolveu num romance clandestino que está lhe roubando toda paz de espírito, minando sua saúde e suas economias. Qual a melhor saída? Afastar-se, ocultar-se, virar nada, cair no silêncio, desaparecer, tornar-se invisível, virar zero! E a fim de fortalecer-se deve procurar um CÍRCULO formado por pessoas equilibradas, isto é, uma corrente espiritual poderosa, um grupo de apoio, uma Religião, uma Irmandade, uma Fraternidade. É por este motivo que o nada é simbolizado por um círculo; é divino; pode ser a fonte da cura de todas as doenças e a solução de todos os problemas. Num caso extremo, de uma situação sem saída, um câncer em sua fase terminal, ou um ferimento mortal, doloroso, insuportável, a solução é a morte, não provocada, mas sim, aguardada pacientemente, esperançosamente... Um dos símbolos da morte é o nada, mas como o nada é divino, e é do nada que tudo inicia, podemos dizer que a morte é o início de uma nova vida, com certeza, muito melhor do que esta, embora ninguém a deseje, mas o que fazer quando se chegou a uma idade
avançada e o corpo já não mais obedece nossa vontade?

O ZERO BRANCO E O ZERO NEGRO

Podemos dizer que o zero, embora aparentemente signifique o que ele mesmo representa, ou seja, nada, na verdade é um mundo... Dele se pode extrair um universo de conhecimentos e informações. O zero, ou seja, o nada simboliza muitas coisas, algumas delas boas, e outras más. O zero é mau quando simboliza a miséria, a fome, a preguiça, a vagabundagem, a ociosidade. Quando representa o sono, a imobilidade, a covardia, a avareza, a tolice, a ignorância, o abandono, o desleixo, o analfabetismo, a dissimulação, a mudez... Neste caso é o círculo negro da escuridão e das trevas... Devemos limpar esse círculo, extrair a sujeira de dentro dele, arejá-lo, iluminá-lo, transformá-lo no círculo branco, na auréola sagrada, na roda de ouro que ilumina o dia, ou na roda de prata que ilumina a noite! O zero é mau quando representa o erro, a falta de conhecimento que leva o aluno a tirar zero na prova e repetir de ano... Ao calouro que esqueceu a letra da música e o júri lhe deu nota zero... Ao economista que, por displicência e por falta de atenção, deixou o saldo do banco chegar a zero e entrar no vermelho... Mas, ao mesmo tempo, esse zero escuro, negro como carvão, de repente pode transmudar-se em diamante cristalino; pode transformar-se numa medalha de ouro puro, num céu escuro semeado de estrelas... Porque pode levar o indivíduo a ir a luta, a decidir-se a sair da lama, do anonimato, a vencer a preguiça, a praticar exercícios; estudar, aprender, pesquisar, questionar, buscar, querer, desejar e melhorar! É graças à escuridão da noite que as estrelas brilham e se tornam visíveis!
Quando o nada se transforma na resposta que se dá para quem nos ofende, ou no silêncio diante dos orgulhosos e faladores; quando o nada vira quietude mental para melhor ouvirmos a voz da consciência; quando o nada se transforma na imobilidade de um relaxamento profundo de manhã, para meditação e oração, então é o Bem em forma de aliança, de anel de ouro, de elo circular da corrente dourada da Fraternidade Branca!