ÁRVORES, BORBOLETAS, VENTOS E O CALOR DA AMAZÔNIA
07 08 2008
1
Ontem conversei com árvores...
Sinto que elas gostam de mim...
E eu também delas...
Gosto dos seus frutos,
De suas flores,
Do seu silêncio...
Da sua sombra
Principalmente
Quando o Sol está bem quente!
2
Sinto que a árvore ama o vento,
Pois quando o vento chega
Ela estremece toda...
Suas folhas vibram
(será de alegria?).
Eu também gosto do vento!
Eu e a árvore adoramos o vento...
O vento sussurra palavras em meus ouvidos...
Palavras que vêem de outras paragens...
De outras paisagens...
O vento ensina movimentos
Às árvores...
Se não fosse o vento
As folhas não dançavam!
3
O vento é que leva os pensamentos,
Os sentimentos,
E as palavras...
O Vento é o mensageiro do coração!
O vento me traz mensagens...
Saudades
E melodias distantes...
Sinto que o vento é meu irmão...
Eu e ele somos iguais...
4
Sou como o vento...
Não gosto de ficar muito tempo no mesmo lugar...
Estou sempre procurando novos horizontes...
A Amazônia é calor vibrante...
Mas há cachoeiras, rios, igarapés,
E há também sucos de açaí,
Cupuaçu,
cajá,
Biribá,
Caju,
guaraná,
Puruí...
E há meninas morenas...
Com sorrisos brancos como o leite da seringueira...
Meninas brejeiras...
Amorosas
Só querem amar!
É o erotismo da Amazônia!
É o calor da Amazônia!
5
Calor e amor
É uma boa combinação!
São coisas próprias do coração!
Mas o que mais me chama a atenção
Na Amazônia
É seu céu azul e branco
Incomparável!
Abel Fernandes
PAZ NA AMAZÔNIA
Porto Velho - 09 08 2008
O azul do céu
É uma tela de cinema azul...
Infinita!
Onde as nuvens são artistas silenciosas
E o enredo do filme
É paz...
Só paz...
Aqui na Amazônia...
Abel Fernandes
AMAZÔNIA
Porto Velho - 09 08 2008
1
Estou em Porto Velho, agora...
Ando por estradas
Ladeadas
De árvores gigantescas...
Sinto vontade de abraçar seus troncos
Cheios de seiva
E vida!
(Já fiz isso algumas vezes,
E me senti forte!)
2
Uma árvore é expressão da vida aqui na Terra...
No mais alto grau...
Há vida nas folhas, nas flores, nos frutos,
Nos pássaros que habitam seus galhos...
Nos seus ninhos,
Nas lagartas, nas borboletas,
Nos pequenos animais e insetos
Que moram em seus buracos e tocas...
(As árvores velhas e ocas são cheias de túneis e labirintos...
E aranhas, lagartos, serpentes
E inúmeros insetos...)
Nelas as formigas sobem e descem apressadas...
(Há sempre muitas formigas nas árvores da Amazônia!)
3
Quando o calor
É abrasador
Deleito-me com as sombras das árvores...
Depois de uma caminhada...
É bom banhar-se num rio ou lagoa de águas límpidas e geladas...
No balanço da rede eu descanso
Ouvindo belas músicas orquestradas...
Abelhas, insetos e borboletas
Estonteadas
Zunem e voam ao meu redor...
A água do rio é bem gelada mesmo...
E o calor
É abrasador
Aqui na Amazônia!
4
Às vezes caminho
Só pelo puro prazer de caminhar
E sentir o calor da terra sob meus pés...
De repente, chove...
A água da chuva é uma benção
Aqui na Amazônia...
5
Encho meus olhos com o verde
Do reino vegetal
É a cor da esperança...
Tudo nas árvores fala de esperança...
Esperança de flores na primavera...
Esperança de frutos no outono...
Esperança de chuvas no verão...
E esperança de folhas secas
Levadas pelo vento
Quando chegar o inverno...
Abel Fernandes
AMAZÔNIA ERÓTICA
Porto Velho - 09 08 2008
ontem andei na chuva...
estava muito calor,
e choveu de repente...
uma chuva torrencial,
como são as chuvas aqui na Amazônia...
e eu fui andando na chuva...
água gelada...
batendo forte no meu corpo,
que arrepiava de prazer!
a chuva é diferente aqui na Amazônia...
é o esperma cristalino
de nuvens másculas
fecundando a Terra...
a chuva caindo na terra seca
é o mesmo que o homem apaixonado
abraçando a mulher extasiada de amor...
e ejaculando nela seu sêmen...
aqui na Amazônia sexo é como borboletas...
está por toda parte...
as cigarras estão no cio...
as rãs e os sapos estão no cio...
os peixes estão no cio...
as sereias, ninfas, ondinas,
nereidas e naiades,
todas estão no cio...
as mulheres (algumas) também estão no cio...
ah! meu Deus!
apaixonei-me
pela Amazônia!
Abel Fernandes
MINHA ÍNDIA
06 08 2008
Ontem uma borboleta pousou em meu braço...
Estava calor...
Borboletas gostam de suor...
E eu gosto do seu abraço,
Minha índia...
Minha linda!
Meu amor!
Ainda que eu voe para Sampa
Levo você comigo
No meu pensamento...
Abel Fernandes
"EU"
No início da década de 60 eu cursava a primeira série ginasial. Aos dezesseis anos resolvi voluntariamente abandonar os estudos. Levei uma surra do meu pai, fugi de casa, depois voltei e disse-lhe: “Se você me obrigar a estudar, fujo de novo e não volto mais!” Meu pai viu que eu não estava brincando e me deixou em paz. Uma tia que era professora perguntou-me: “Porque você não quer estudar mais, filho?” Eu respondi. Porque não gosto de decorar nada... Estão querendo que eu decore o nome de todos os rios do Brasil, de todos os ossos do corpo humano, todas as serras, montanhas, lagos, capitais, cidades... Querem que eu decore todos os nomes de presidentes... O que fizeram de importante... E eu sinto dor de cabeça, quando estou decorando! E eu pergunto... O que vou fazer com tudo isso, quando eu crescer? Quero apenas ser pintor e poeta! Para isso não preciso de saber nomes de rios, estados, cidades, ossos, presidentes, e os cambal!” Minha tia riu e viu que eu não tinha jeito, mesmo... Daí para frente passei a estudar por conta própria. Adorava ler livros de poesias. Li diversas vezes o “Espuma Flutuante” de Castro Alves. Cheguei decorar alguns poemas de tanto lê-los. Li e encantei-me com todos os poetas românticos. Fiquei fascinado com Augustos dos Anjos. Decorei diversos poemas dele. Depois descobri os modernos! Fiquei fã de Carlos Drumonnd de Andrade e Fernando Pessoa. Tornei-me amigo de poetas jovens da minha época. Tínhamos até um grupo, quando eu morei na cidade de Guaratinguetá. Freqüentava assiduamente a biblioteca da cidade, que era rica em livros de autores brasileiros. Depois apaixonei-me pela filosofia. Um amigo meu estudante de filosofia convidou-me a ir assistir aulas em sua faculdade. Fui e passei a ser apenas “ouvinte”... Os professores me deixavam participar das aulas. Nessa época eu era muito pobre e não tinha dinheiro nem para um cafezinho. Vivia de bicos. Era meio vagabundo, malandro, e tinha dupla personalidade. Uma era estudiosa, amante da poesia, filosofia, artes em geral. A outra era malandragem pura. Conhecia alguns dos bandidos mais perigosos de São Paulo! Meu apelido, na época, era “Toninho filósofo”. (meu nome é Antonio Abel) Uns me chamavam de Toninho "fisólofo” Outros, “Toninho Poeta”. Uma vez fui preso, algemado, porque fui pego com um bandido perigosíssimo, assaltante de bancos, ele fugiu e eu não consegui... Me algemaram e levaram-me para um camburão. Lá o tenente perguntou-me. O que você faz, moleque? Eu disse-lhe: estudo filosofia! Ele disse-me: vou te fazer três perguntas. Se você responder as três, eu acredito. A primeira pergunta: Quem foi Sócrates? A segunda: O que significa a palavra “filosofo”. A terceira: Qual a frase mais famosa de Descartes? Respostas: Um filósofo grego, que teve que beber um veneno chamado cicuta. Filosofo quer dizer: “amigo da verdade” Descartes disse: “Penso, logo existo!”, que resume toda a sua filosofia. O tenente ficou perplexo. Ele gostava de filosofia e eu fiquei falando sobre filósofos, histórias de sabedoria, e ele ficou fascinado com meu conhecimento. Perguntou-me: “O que você estava fazendo com o “Birita”? Esse era o apelido do assaltante de bancos. Eu respondi. Ele é meu vizinho, e somos amigos desde a infância... Só porisso. Nisso chega o Birita, desarmado, levantando a camisa para mostrar que veio em paz. Conversou com o tenente um pouco e o tenente deu ordens a um soldado para me soltar. O soldado soltou-me e fomos embora, eu e o Birita. Perguntei-lhe. O que você fez. Ele disse: Dei dez contos pra eles soltarem você!” E disse que depois daria mais... (Dez contos, equivalente a dez mil reais hoje!” O Birita tinha um colchão forrado de dinheiro. Tinha dinheiro enterrado no quintal. Nas paredes. Eu tinha dezessete anos, na época. Isso foi em 1962! Com certeza o Birita já deve estar morto hoje.
Nessa época ele já havia levado diversos tiros um bem no meio da barriga. Ficou várias semanas internado num hospital, mas sobreviveu.
Graças aos meus estudos consegui sobreviver, regenerar-me, aprender a pintar, e graças também aos meus conhecimentos artísticos tornei-me marchand, antiquário e livreiro. Com isso consegui criar quatro filhos, nenhum estudou mais do que a primeira série, como eu, o primeiro é dono de uma das melhores galerias de artes produtora de um dos mais conceituados leilões do Brasil, (Lordello & Gobbi – ver site na Internet www.lordelloegobbi.com.br. ) onde só circulam artistas de renome (Di Cavalcante, Portinari, etc). O outro é pintor premiado, desenhista, ilustrador, também marchand, restaurador, moldureiro, dono de um atelier de restauração e trabalha com diversos leilões de São Paulo. Meu genro é sócio de meu filho e o mais novo é aprendiz de restaurador. Todos vivem confortavelmente e a caminho de um sucesso cada vez maior! Acredito, portanto, que a melhor escola é o mundo! O melhor professor é a prática! O melhor mestre é a vida! E o que nos leva verdadeiramente ao sucesso, ao êxito é o amor as artes e ao conhecimento! Quem aprende “obrigado ou forçado” esquece rapidamente tudo o que aprendeu, e quem aprende por amor, por prazer, por diversão, nunca mais esquece!
A melhor educação é incentivar o filho a ler e estudar o que ele gosta! Não o que “nós” queremos. Tenho um amigo que o pai obrigou-o a ser médico! Só que ele desmaia quando vê sangue! Hoje vive de música! E muito melhor do que qualquer médico! Se o pai dele tivesse incentivado ele a estudar música, hoje, provavelmente, seria um grande maestro! Por isso é preciso ver a Educação, o Ensino, o Mestrado, as Leis da política brasileira com olhos bem críticos... Isentos de preconceitos, de prejulgamentos e de preguiça mental! Viver a vida! Sentir, ver, ouvir, participar, viajar, pensar, amar, chorar, exultar, ir contra, verbalizar, exprimir, protestar, expressar, curtir, declamar, fotografar, escrever, publicar, pintar, ganhar dinheiro, comunicar, viajar, gastar! Isso é o que eu faço! Isso é que é viver! E é assim que se aprende de verdade!
abel fernandes
terça-feira, 12 de agosto de 2008
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