História de Saraha...
Uma das figuras mais importantes do TANTRA
(Adaptação de um texto de Osho, do livro de sua autoria: TANTRA –
o conhecimento da aceitação)

Saraha era filho de um homem importante.
Renunciou aos prazeres do mundo e do sexo, virou monge budista, estudou muito, leu muito, tornou-se erudito, alcançou a iluminação e morava num palácio, onde o rei, a rainha e os súditos eram seus maiores admiradores!
Depois ele enjoou de ficar no palácio real, renunciou sua alta posição, seu alto salário como consultor mor do rei, livrou-se de todos os livros, inclusive de todo conhecimento intelectual, livresco, e virou um monge andarilho, discípulo de um seguidor de Gautama Buda... E passou a andar pelas ruas, com seu manto amarelo, esmolando de porta em porta, como fazem alguns dos monges budistas...
Era muito respeitado e admirado por onde passava! Achava que já tinha alcançado a Luz!
Um dia teve um sonho... Sonhou que havia encontrado um mestre superior a todos os mestres que ele já conhecia, mas não era homem, e sim, uma mulher!
Uma mulher que comercializava artesanato num mercado...
Ainda sob o efeito desse sonho, foi visitar o mercado e lá deu de cara com uma jovem, que era tida como iluminada, uma moça bonita e nova, muito pobre, rústica, inculta, uma pária, que fabricava arcos e flechas e era exímia arqueira, com a melhor pontaria do local.
Dava aulas de arco e flexas para guerreiros, soldados e militares! Encontrou-a experimentando um arco e flecha, com um dos olhos fechados e fazendo pontaria!
Olhou para a direção onde ela apontava e não viu alvo algum... Olhou-a de novo, e viu que ela apontava o arco na direção de um alvo invisível, e não se movia, nem piscava, e o arco era desses bem fortes, que somente guerreiros musculosos conseguiam retesar!
Ele ficou ali parado, perplexo, contemplando aquela bela moça retesando o arco, e o mundo parou para ele, naquele momento!
Naquele instante ele teve um choque! Viu que ele não era nada, e que aquela mulher era tudo! Viu a graça de suas roupas, seus cabelos negros bem penteados, seu corpo esguio, bem feminino, gracioso, seu olhar fixo no alvo, sem piscar, seu corpo tão imóvel como uma estátua, e então ele viu que todos aqueles anos de estudos, meditações, não lhe deram o que essa mulher tinha consigo! Uma postura inigualável! Um controle total sobre si mesma, sobre seu corpo, seus sentidos... Viu que essa mulher era uma guerreira invencível! Irradiava uma luz que até os mais cegos e obscurecidos por uma vida de vícios, via, e todos a respeitavam e a admiravam!
Era uma deusa fora do altar, uma rainha fora do seu palácio!...
Ali ficou ele parado, extasiado, maravilhado, e viu que aquela moça era a mesma do seu sonho! Viu que havia encontrado o mestre ao qual iria seguir dali para a frente!
Para entabular uma conversa com ela, esperou ela terminar de experimentar o arco e perguntou-lhe se ela fazia arcos e flexas profissionalmente, e ela deu uma gargalhada, uma risada selvagem, e disse:
---“Seu brâmane estúpido! Você deixou os livros, mas ainda está preso às palavras! Então, qual é o sentido disso tudo! Você mudou de filosofia, mas permanece o mesmo homem de sempre!”
O tal monge ficou chocado! Nunca ninguém havia falado com ele dessa maneira! E o modo como ela riu era muito pouco civilizado, muito primitivo, mas muito vivo! Ele sentiu-se imediatamente atraído, fisgado! Aquela mulher era um grande ímã e ele era um pedaço de ferro! Então ela lhe falou:
---“Você acha que é um budista!” (Ele estava usando um robe amarelo...) Ela riu novamente e disse: “O significado do espírito de Buda só pode ser experimentado pela ação... Não desperdice mais seu tempo em coisas inúteis! Venha e siga-me!”
E então o monge seguiu aquela bela mulher, que morava num terreno de crematório.
Um terreno de crematório, na Índia, é uma espécie de cemitério... Ali se queimam cadáveres... É um lugar triste, cheio de pessoas chorosas, parentes dos mortos... Alguns dos corpos não queimam totalmente, e atraem urubus e corvos... E o lugar é cheio de ossos, crânios de cadáveres... O último lugar no mundo onde um homem nascido de casta superior, que passara sua infância e juventude num palácio, cheio de conforto e luxo, iria morar...
Mas o monge estava fascinado por aquela bela jovem... Ao entrar na casa da moça, ela foi banhar-se e despiu-se ali mesmo, na sua frente, sem o menor gesto de vergonha ou preconceito... Ao ver a beleza daquele corpo maravilhoso, o monge entrou em êxtase sentiu desfalecer-se... Nunca tinha visto nada igual!
Ela riu e reaanimou-o... E deu-lhe a primeira aula tântrica!
---“Se Deus quisesse que seus filhos não se vissem nus, os teria feito de roupas! Não há mal algum nem na nudez, nem no sexo!...”
Não demorou para que se amassem loucamente!
Tempos depois o monge já não era mais o mesmo! Mudou da água para o vinho! Sua transformação foi espetacular! Começou a cantar e a dançar com uma alegria indescritível... Sua alegria era tanta que não conseguia ocultá-la... E transbordava pelos olhos brilhantes, gestos, atitudes, e sua dança era linda, e sua voz era magnífica, e suas palavras eram plenas de beleza, e tamanho era a força e beleza de suas canções e danças, que todos aqueles parentes de mortos que o viam, começavam a rir, a cantar e a dançar com ele... Logo ele e a mulher, que se tornou sua amante, sua esposa, sua companheira, sua mestre, começou a atrair seguidores, e o grupo foi crescendo, se expandindo, até que se tornou uma seita com milhares de adeptos! E existe até hoje! É o Tantra indiano, que se espalha atualmente pelo mundo todo!

Abel Fernandes

A RELAÇÃO DA ALMA, DO SEGUNDO CORPO E A IMORTALIDADE COM A ENERGIA SEXUAL
Um dos objetivos principais de quem está numa Religião, Escola ou Irmandade Fraternal é o de conseguir uma ALMA! Há muitas maneiras de ver e explicar a Alma nos ensinos esotéricos tradicionais de todos os tempos. A Alma, conforme ensina Gurdjieff, que é um porta-voz de ensinos orientais trazidos e divulgados por ele aqui no Ocidente, é um luxo. É uma aquisição que poucos possuem esse privilégio. A maioria das pessoas nasce sem alma, diz Gurdjieff, e a adquire durante a sua existência aqui na Terra. Segundo Gurdjieff a Alma é conquistada através de esforços sobre humanos, através de trabalhos intensos, através de lutas e sofrimentos. Segundo ele é mais fácil um bandoleiro, um pobre operário conseguir cristalizar em si uma alma do que um homem comum de classe média, um rico que nasceu em berço de ouro e tudo lhe vem sem esforços... A Filosofia Rosacruciana ensina de forma diferente esse assunto da alma, porém, também está em harmonia com os ensinos de Gurdijieff. Diz a filosofia Rosacruciana que em cada existência o homem junta, acumula um “pouquinho” de alma... Cada vez que ele renasce traz o que conseguiu conquistar até ali e acrescenta um pouquinho mais... Cada vida, um pouquinho de alma! Mas a Alma, conforme ensina Max Heindel, é adquirida através da passagem do homem pelo purgatório, quando ele rememora, revive, faz o retrospecto de tudo o que ele executou, pensou, sentiu, falou, agiu e fez aqui na Terra, e ao relembrar sua vida passada sofre conscientemente as conseqüências de suas más ações e mais para frente, quando chega aos Céus, colhe o bem que semeou aqui... (Por isso os bandoleiros, que possuem um rol imenso de más ações, têm mais alma do que aqueles que vivem em brancas nuvens uma vida monótona, rotineira, repetitiva e mecânica...) E esse sofrimento (e depois as recompensas) é que faz surgir a ALMA no homem, chamada, na filosofia Rosacruz, de Alma Consciente. Portanto a alma é tecida no ser-humano através do sofrimento, através do sacrifício, por meio do trabalho, da atividade, do esforço voluntário e também através da alegria, do prazer, da felicidade sentidos após as boas ações e trabalhos bem feitos e terminados com êxito aqui no mundo! (Lampião, sem dúvida, possuía uma alma assim como São Francisco de Assis!) A alma pode ser vista e observada no homem através do seu olhar, da postura do corpo, do rosto... Um homem com alma tem um rosto, um olhar, uma postura diferente de um homem com pouca ou sem alma! Observem os olhos bondosos de Max Heindel, (grande ocultista rosacruciano) do Conde de Sant Germain, (há fotos desses indivíduos em algumas enciclopédias de esoterismo), a postura do grande mago Eliphas Levi, o olhar expressivo e atento de Gurdjieff, de Lampião, de Helena P. Blavatsky, o jeito simples, mas forte de Mahatma Ghandi, etc. Esses indivíduos realmente têem alma! Há um provérbio antigo que diz: “O sofrimento purifica a alma”. Na verdade, o sofrimento “constrói” a alma! A alma é aumentada e fortalecida através da luta no homem entre o SIM e o NÃO, entre o desejo e a vontade, entre a tentação e o domínio próprio, entre o prazer e o sacrifício. Veja-se o exemplo de um homem que esteja trilhando o “Caminho do monge” e dirige uma igreja. Ele é sério, honesto, e quer a todo custo servir ao Senhor para alcançar o Céu. Fez um voto de castidade... Mas é homem, e sua natureza masculina acumula periodicamente uma energia sexual que precisa sair ou ir para algum lugar... E como ele pratica muitos exercícios espirituais, de oração, meditação, contemplação, essa energia vai para as partes emocionais de seus Centros, e ele de vez em quando sente emoções maravilhosas de êxtases, alegrias inefáveis provindas de seu espírito, da fé que sente pelo seu Criador! Porém, uma linda moça de corpo escultural que é justamente o tipo que esse homem monge gostaria de namorar, se não fosse monge, começa a freqüentar sua igreja... E essa moça também sente a maior atração por ele! Fala-lhe no confissionário com voz de mel de seus desejos íntimos, de seus “pecados”... O monge chega a ficar excitado, porém, não pode quebrar seu voto de castidade! Aí começa uma luta interior nele entre o desejo pela moça, e sua promessa de só servir o Senhor! Essa luta intensa causa-lhe um sofrimento atroz... Ele passa noites em claro orando, ajoelha-se sobre pedregulhos ou grãos de milho... Jejua, sofre, e tudo isso cria dentro de si uma força espiritual poderosa! Se ele vencer essa batalha, essa prova, e continuar no Caminho que escolheu que é o Caminho do Monge, tornar-se-á, sem dúvida, um homem muito poderoso! (se falhar, deixará de ser monge e irá viver uma vida de homem comum com a moça, sem conquistar poder algum...) Esse poder adquirido pelo monge, na filosofia Rosacruz chama-se PODER ANÍMICO. Através dele o homem pode curar pessoas, pode transformar indivíduos, pode regenerar bandidos. Muitos santos tinham (ou têm) esse poder! Jesus o tinha em grande escala quando estava encarnado, e ainda o tem, porque desencarnou mas não está morto! Está mais vivo que nunca, no Mundo Etérico! Esse poder é conseguido através da energia sexual sublimada, transmudada alquimicamente em algo mais refinado, mais espiritual! É aqui que a Ciência sagrada da Alquimia entra em ação... Transformar metais grosseiros em ouro é o mesmo que transmutar as energias provindas de Marte e Lua, (sexo) em ouro puro (Espírito)!
Daí que sexo, nas Escolas e Religiões é algo a ser tratado com muito respeito e seriedade, com muito cuidado e prudência... Fora das Escolas, no mundo, o sexo é incentivado, pessoas que fazem sexo diariamente são consideradas exemplos a serem seguidos, são tidos como “bons-vivants”, pessoas saudáveis e felizes... Porém essas pessoas estão vivendo uma vida mecânica... A maioria vai morrer um dia e desaparecerá sem deixar o menor vestígio... Muitos não conquistarão uma alma! Em poucos anos cairão no esquecimento total! Segundo a Escola de Gurdjieff essas pessoas desaparecerão totalmente do universo não sobrando absolutamente nada delas... Viveram no sono, adormecidas! Viveram apenas para comer, beber, dormir, se divertir, procriar e morrer... Não cristalizaram uma alma em si... Nos Evangelhos é dito que esses indivíduos (os pecadores, aqueles que não têm religião, nem moral, nem meta ou objetivo na vida) sofrerão a segunda morte... A segunda morte é a morte total dos veículos mais sutis do homem... O homem que não possui uma alma ao morrer se dilui totalmente... Dissolve-se no Universo! Torna-se “alimento para a Lua” segundo Gurdjieff, e “alimento para a Águia”, segundo D. Juan, conforme citado nos livros de Castaneda. Não sobra “niente”, pois não havia nada neles... Não havia consciência, nem fé, nem ideal... Só prazer, diversão, orgias... Não havia trabalho, não havia procura, não havia caminho, não havia Escola, nem Religião... Nada mesmo... Então essas pessoas irão para o nada, que é a “programação de suas vidas “vazias” e cotidianas”...
Mas aqueles que seguem um Caminho, uma Escola, uma Religião, um Ideal, uma Meta, um Objetivo, um Alvo, esses não morrerão totalmente quando seu corpo parar de funcionar, quando seu coração parar de bater e o sangue não circular mais em suas veias e artérias... Ficará algo! Ficará uma consciência! Ficará uma Alma, e ao redor dessa alma poderá surgir aquilo que é chamado nas Escolas de “Segundo Corpo”. Com esse segundo corpo o homem se torna imortal! Vence a morte totalmente! E esse segundo corpo é construído debaixo de algumas das mesmas leis que regem o primeiro corpo, o corpo físico... Ele é formado com a energia sexual! E não são todas as pessoas que conseguirão construir o segundo corpo assim como não são todos os espermatozóides que alcançarão o óvulo! No meio de milhões, apenas um, dois, três quatro ou cinco (quando há gêmeos) conseguirão! Imaginem! Milhões de espermatozóides, e somente um consegue chegar ao óvulo e gerar um corpo no útero da mãe! Assim também somente uns poucos conseguirão atravessar as nove camadas da Terra e chegarem até o Centro para receberem de Hiran Habiff, o morador do centro da Terra, o iniciado mais próximo do Cristo Solar, o Grande Mestre dos Mestres, a “palavra perdida” num disco de ouro e um martelo de ferro e prata, que simboliza o seu “Traje de Bodas”, o seu corpo astral, o seu sósia, o seu segundo corpo! (continua)