NOTÁVEIS CASOS DE DESDOBRAMENTO
Cita o Sr. Oliver Lodge um típico episódio de desdobramento consciente, relatado pelo seu próprio protagonista, por ocasião da primeira grande guerra mundial. Narra-o assim a pessoa que o experimentou:
Deixamos Monchiet à tarde e, depois de horrível marcha por uma estrada em que se escorregava continuamente, pois não havia um palmo de terreno que não fosse lama misturada à neve derretida, chegamos a Baumetz já noite. Brevíssima parada e de novo em marcha para Wailly, na linha de fogo. Aí penetramos numa trincheira de comunicação, patinando na água lodosa. Era comprida de uma milha aquela trincheira e nos pareceu interminável, O lodo líquido nos chegava ao joelho, ao mesmo tempo em que um chuvisco gelado nos flagelava implacavelmente o rosto, enregelando-nos até aos ossos. Chegamos, afinal, à linha de fogo, onde substituímos um batalhão francês. Encontramo-nos na pior das trincheiras. Desde há muitos meses, nenhuma reparação fora feita. Em vários pontos estava desmoronada e não oferecia proteção ao fogo inimigo que passava sobre as nossas cabeças; achava-se por toda parte transformada numa gamela de estrume líquido. Eu e H. fomos imediatamente mandados a montar guarda. Estávamos tão extenuados que nem para maldizer da sorte tínhamos força. O corpo estava exausto, encharcada, regelado até à medula pelo chuvisco implacável que nos flagelava; morríamos de fome, sem qualquer espécie de alimento. Não tínhamos meio de acender fogo, nem marmitas para nos realentarmos, ao menos com água quente. Nem uma polegada de terreno onde pudéssemos nos sentar, nem um palmo quadrado de parapeito atrás do qual fizéssemos calar a fome com uma cachimbada.
Ele e eu concordamos em reconhecer que jamais houvéramos crido possível que a tal extremo pudessem concentrar-se os sofrimentos infligíveis a uma criatura humana. Entretanto, já tínhamos conhecido não poucas noites de inaudito martírio.
Muitas horas transcorreram naquela horrenda situação, quando, de súbito, tudo mudou para mim. Tornei-me consciente, certissimamente consciente de achar-me fora do meu corpo. Comprovei que o meu «Eu» real, consciente, o espírito, — pouco importa o nome — se havia libertado totalmente do organismo corpóreo. E, de fora deste, eu contemplava aquele mísero corpo vestido de cinza-verde, que era o meu, mas olhava-o com absoluta indiferença, pois embora estivesse cônscio de que o aludido corpo me pertencia, já não havia laços que me prendessem ao seu martírio e o considerava como se fosse de outrem. Sabia que ele devia estar sofrendo de maneira horrível; porém, eu, isto é, o espírito, não sentia coisa alguma.
Enquanto estive naquela condição de ser, o fato me parecia natural; só quando entrei de novo no corpo me convenci de que passara pela mais maravilhosa experiência da minha vida... Nada poderá nunca abalar a minha convicção íntima e profunda de que naquela noite de inferno o meu espírito se separou temporariamente do meu corpo...
Extraido do Boletim da Fraternidade Rosacruciana São Paulo de janeiro de 1962
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
terça-feira, 25 de novembro de 2008
CARTAS AO PROF. LOURIVAL...
Durante o tempo em que freqüentei a Fraternidade Rosacruciana São Paulo eu era um estudante bem esforçado. Escrevi muitas cartas nessa época ao prof. Lourival Camargo Pereira, fundador e instrutor dessa grande Escola Espiritualista e Esotérica situada na capital paulista, e todas essas cartas reunidas formam um livro chamado “CARTAS DE UM ESTUDANTE ROSACRUCIANO - ao Prof. Lourival Camargo Pereira, um Instrutor.”, que será publicado futuramente. No Boletim Rosacruciano de março/abril de 1966 o professor Lourival publicou algumas, e depois em 1982 ele publicou outras, as quais vão aqui transcritas fielmente tais como foram publicadas na época, para leitura e estudo dos estudantes novos.
Boletim Rosacruciano de Março/abril de 1966, págs. 29, 30 e 31
UM BOM AMIGO NOS ESCREVE
Querido Professor Lourival C. Pereira:
Há muito que estou querendo escrever-lhe, e aproveito o dia de hoje, tão bom e tão fecundo, para fazê-lo. Tenho diversos assuntos em vista e vou explaná-los da maneira mais simples e clara. Faz algum tempo consegui, com grande sorte, comprar de um livreiro a coleção quase completa das INSTRUÇÕES RESERVADAS, e delas tenho me valido para estudo.
Depois que comecei a dedicar-me de corpo e alma ao estudo e à prática dos Ensinos dos Estudos Rosacruzes transmitidos por Max Heindel, minha vida mudou completamente. Adquiri mais força de vontade mais confiança em mim mesmo, mais equilíbrio, mais entendimento; deixei de fumar, de ler desregradamente, de alimentar desejos inferiores, de pensar no mal, de falar sem necessidade. O ambiente tornou-se melhor e minha saúde fortificou-se. Consegui compreender definitivamente o valor extraordinário da Oração Científica, e o que é mais importante, tenho sentido algo excepcional, inenarrável, compenetrando-me e impelindo-me para o Alto, para Cristo.
Quero aproveitar a oportunidade para agradecer-lhe de todo o coração, de toda minha alma, por tudo o que o Sr. tem feito pela Fraternidade; pelos seus escritos, pelos seus ensinos, pelos seus estímulos, e principalmente pela sua extraordinária obra “O EVANGELHO REDIVIVO”, a mais completa e perfeita interpretação dos Evangelhos que já vi. Tudo ali é lógico, profundo, prático. Tudo se nos apresenta com uma clareza e simplicidade incomparáveis. Não estou querendo elogiá-lo, porque sei que o Sr. está muito longe de pretender elogios. Quero apenas trazer-lhe mais uma demonstração de que o Sr. está, de fato, oferecendo algo excepcional, realmente divino, à Humanidade. Mesmo as suas críticas contra o Espiritismo, e contra todas as religiões interesseiras, são de inestimável importância pela sua forma realística.
Mas. . . quem sou eu para emitir opiniões diante de tão elevada obra! Desejo profundamente, e de todo o coração que Deus o ilumine e o esclareça cada vez mais, porque realmente a Humanidade precisa do seu trabalho e do seu esforço.
Faz relativamente pouco tempo que comecei a praticar com assiduidade (três semanas, mais ou menos), e o que tem causado mais espanto são os efeitos que surgiram, de uma maneira tão inesperada. No inicio lia apenas as preces, com o pensamento, porém, depois que comecei a pronunciá-las em voz alta, algo estranhamente espiritual e novo aconteceu. Adquiri um conhecimento verdadeiro de que a PALAVRA, quando pronunciada com plena firmeza e confiança, transforma-se numa “entidade viva”, que fará tudo para realizar-se no plano físico. Através da nossa sensibilidade sentimos a presença desses seres que nos rodeiam e nos impelem sempre à prática do bem. São semelhantes a anjos (pelo que tenho percebido) e se revestem com cores azuis leves, e quando caímos em silêncio eles tentam transmitir-nos vibrações de paz, de amor e confiança. Talvez eu esteja confundindo as coisas, porém, se assim for, peço-lhe desculpas, pois estou apenas expondo sinceramente o que senti. E agora, eis como pratico:
Sento-me muito comodamente, relaxo todos os músculos, e procuro estabelecer em mim uma paz e uma tranqüilidade profunda de espírito, não deixando penetrar em mim nenhum pensamento ou imagem. Após isso, começo a visualizar o Símbolo da Cruz e das Rosas. Vejo-a com a haste inferior muito verde, de um verde vivo, tranqüilizador, e depois vou subindo, de maneira que o verde vai se atenuando, suavizando-se, até encontrar-me com o madeiro horizontal, que é muito vermelho, de um vermelho escarlate, representando o sangue e as espécies animais. Após isto, subo para a parte superior da Cruz, a qual é amarela, de um amarelo mais vivo do que o ouro, mais refulgente do que o Sol, e pleno de vitalidade. Após isso, vou descendo, de maneira que o amarelo vai se mesclando aos poucos com as cores inferiores. Esse amarelo representa a inteligência. A Cruz é semelhante a que aparece na capa dos Boletins, isto é, com os três semicírculos em cada ponta. Depois de a Cruz estar perfeitamente nítida (pelo menos é o que estou tentando alcançar), coloco-lhe a coroa de sete Rosas, das mais belas e suaves, tentando sentir o próprio aroma emitido por elas.
Feito isso medito sobre o significado das Sete Rosas, que são os sete centros de percepção do corpo de desejos, os quais, devidamente desenvolvidos, nos permitirão caminhar conscientemente nos planos internos. Após isso vou colocando o coração, rubro, palpitante de vida; o Triângulo com o Olho, o qual pintei de azul, para representar o Pai. As quatro letras são colocadas, e por fim a Estrela Flamígera, a qual vejo de um azul muito suave, quase sagrado, espiritualizado, com a periferia amarela, semelhante a do Sol. À medida que vou colocando esses símbolos vou meditando sobre os seus significados. O Coração representa o Templo místico, o vaso sagrado, no qual habita o Espírito Santo, O triângulo com o Olho representa o PAI, que tudo vê, tudo registra, e a Quem nada passa despercebido. Atrás do Mistério que as Rosas ocultam está o CRISTO, o Sol Espiritual, a mais refulgente Luz, sob a qual se ergue, majestosa e sempre magnífica, a Cruz do nosso corpo físico. As quatro letras são os Quatro Éteres, e a Estrela Flamígera é a aura do homem que alcançou um grau mais ou menos elevado na Evolução.
Depois disto, após conservar o símbolo por um momento na mente, pronuncio com toda a firmeza as seguintes palavras, extraídas do Ritual: “No símbolo sagrado da Cruz e das Rosas se ocultam os mais augustos Mistérios da Redenção e da Ressurreição Espiritual do gênero humano!”.
Logo que termino o exercício de visualização, começo a pronunciar as Orações que, comumente, são em número de sete. A primeira é a Prece do Estudante Rosacruz. Esta prece, segundo o que tenho notado, possui em si um poder extraordinário para compelir-nos ao Bem, e aumenta o nosso amor a Deus e ao nosso próximo, assim como fortifica a nossa Fé, nossa confiança e nossa força de vontade.
Depois, passo para a Oração Fraternal. Ela possui o poder de despertar em nós o Entendimento Espiritual, e quanto mais fé e confiança depositamos nessa Oração, mais se torna evidente em nós essas capacidades. Ela nos oferece qualidades essenciais, indispensáveis, e nos impele com uma força realmente dinâmica para tudo o que é bom, nobre e fraternal.
A terceira é a Oração Coletiva. Ao pronunciá-la, faço-o com todo o meu amor, com toda a confiança, e vou divisando os rostos alegres e sorridentes dos Irmãos, assim como a parte interior do Templo, com seus bancos, suas paredes, a mesa, e procuro ver todas estas coisas de uma maneira especial, isto é, tudo compenetrado por uma atmosfera de Paz, de Amor, de Harmonia. Às vezes tento divisar a própria Corrente se formando na hora do Ritual.
Após uma pequena pausa, passo para a Oração Rosacruz, que é de uma beleza celestial. Para mim ela se assemelha a um poema mágico, cujo efeito é o de despertar em nós as faculdades espirituais, oferecendo-nos um meio real e bom de ensinar aos nossos semelhantes as Verdades que conhecemos.
Depois, passo para a Súplica do Espírito. que é em si um poema da mais profunda beleza. Lembra-nos o Espírito Virginal, passando pelos diversos reinos da Natureza; sua paz, sua libertação, sua ressurreição. São suas angústias, seus sofrimentos, é por fim uma prece que todo o praticante deveria procurar “entender” no que ela possui de mais profundo e verdadeiro, pois seus efeitos são realmente extraordinários.
Depois passo para a Oração Científica do Signo Ascendente Gemini, que inclui justamente aquilo de que mais necessito. É como um bálsamo para as minhas fraquezas. Por último pronuncio a Invocação com o qual encerro o meu ritual.
Costumo também, após essas preces, emitir vibrações de Saúde e Felicidade para algum amigo ou parente.
As orações mais simples pronuncio-as três vezes cada uma, e a Súplica do Espírito e a Invocação uma só vez. Tento viver a oração, compenetrar-me de sua essência, vibrar com suas palavras. Pronuncio-as como se estivesse declamando um poema de profunda beleza. A oração pronunciada desta maneira age sobre nós como um verdadeiro manto de luz, balsamizando todas as fibras do nosso ser. Até o nosso corpo sente-se compenetrado pela Vida que brota dessas preces. Oh! Se todos compreendessem quão grande é a Fé. É necessário depositar nossa alma em tudo o que fazemos, para que construamos algo verdadeiramente sublime.
Prezado Professor!
Antes de mais nada quero dizer-lhe que estou me sentindo admiràvelmente bem. Contudo, coisas estranhas tem-me acontecido. Emprego aqui a palavra “estranhas” por não encontrar outra melhor, porém, bem sei que as coisas que me acontecem são tão normais como o sono, ou a fome, ou qualquer outro fenômeno puramente físico. O primeiro fato digno de nota que me aconteceu passou-se numa noite, após o jantar. Acabada a refeição, sentei-me à mesa para escrever um artigo para minha própria meditação. Estava nesse dia mais ou menos “exaltado”, e em dado momento senti que escrevia febrilmente. Não cheguei a escrever cinqüenta linhas e tive de parar, pois a exaltação era demasiada, e os meus braços se arrepiavam estranhamente.
Levantei-me da mesa, fui até a cozinha fazer um chá para acalmar-me. Depois voltei ao artigo, e tratei de terminá-lo. Li algumas preces e fui deitar-me. Comecei a fazer o exercício de Retrospecção, quando em dado momento, sem que eu percebesse “como”, surgiu-me à mente um rosto. Porém, era um rosto deformado, e como ele não se afastasse, como devia ser normal, senti um pouco de receio. Tentei trocá-lo por outra imagem, e senti minha aparente impotência, devido ao receio, contudo não perdi a calma, e fiz tudo para conservá-la, pensando em Deus, até que adormeci, para levantar-me plenamente normal no outro dia. Desse dia em diante nunca mais vi o tal rosto.
Há dias atrás, outro fenômeno semelhante ao primeiro teve lugar em minha mente. Acabara de iniciar um artigo sobre o Mundo de Desejos, baseando-me no “Conceito”; e como já estava mais ou menos cansado, fui deitar-me. Na cama comecei a meditar sobre o Mestre, que haveria de aparecer-me tão logo estivesse preparado para recebê-lo, e, de repente, vi, com uma nitidez extraordinária, um rosto. O rosto sobressaia de um fundo violeta, e era de um amarelo bronzeado e ardente. Estava com um capuz semelhante aos rajás, e tinha os lábios secos, como os daqueles que vivem nos desertos. Tentei afastá-lo, para ver se não passava de um fenômeno puramente mental, e vi que não era, e senti que devia aproximar-me mais dele para observá-lo melhor. Confesso que ainda assim me impressionei um pouquinho, porém conservei toda a minha capacidade de controle. Depois que o rosto sumiu fiquei a ver seres estranhos, fantásticos, porém com menos nitidez, os quais pareciam sombras em meio às trevas. Não senti nenhum receio, e continuei absolutamente despreocupado, até adormecer-me.
O último dos fenômenos da mesma natureza se passou há poucos dias, também à noite. O interessante nestes fenômenos é a rapidez com que êles surgem na mente. Desta vez não foi um rosto, mas um cachorro de aspecto fantástico, olhos amarelos, garras agudas, que pareceu mergulhar sobre mim e fundir-se em meu ser. Também não senti nenhum receio, e logo consegui adormecer, sem que nada de anormal me sucedesse.
Outro fato interessante que me tem acontecido é o de às vezes me sentir balançando de um lado para outro no corpo; sinto-me girando, rodopiando. É algo tão esquisito que não consigo compreender, pois, embora me sinta balançando ou rodopiando, o meu foco de visão das coisas não se afeta.
Tenho dedicado estes dias ao estudo e à prática das Orações, e por isso estou mais ou menos compenetrado por esta Luz sublime e harmoniosa que é a CORRENTE ESPIRITUAL da nossa Fraternidade. Faz algumas semanas apenas que iniciei a prática das orações e tenho realmente sentido suas benéficas influências. Sinto-me compenetrado por um ambiente de Amor, de Paz, como se tivesse sido banhada por uma intensa Luz Regeneradora; é nesses momentos que sinto uma vontade suprema de continuar caminhando, sempre, rumo a tão elevado Objetivo, que é o Cristo Interno, Certa manhã, ao estar lendo um dos artigos do Iluminado Irmão Rosacruz Sr. Max Heindel, — “As Asas e a Força” — senti-me como que compenetrado por uma inspiração sublime e ao sair à rua para ir à casa de um amigo, no caminho, implorei com toda a fé que o Cristo me iluminasse, e viesse habitar em meu peito. Nesse momento senti como que se tudo ao meu redor se abrisse numa luz muito branca, e senti uma felicidade profunda, algo semelhante a um sentimento de Confiança, de extrema intensidade, em Algo absolutamente Verdadeiro.
Querido Professor! Agora que estou chegando ao fim, queria perguntar-lhe algo que diz respeito a minha faculdade. -. etc. etc. Fico à espera da sua resposta, e irei enviando todos os frutos da minha experiência no campo do Esoterismo. Até muito breve, e que “As Rosas floresçam sobre a sua Cruz”.
A. A. F.
OUTRAS CARTAS... Estas publicadas no Boletim Rosacruciano de julho/agosto de 1982, pgs. 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, e 15.
UMA EXPERIÊNCIA NOTÁVEL
Para conhecimento e apreciação dos nossos Amigos Estudantes temos o prazer de transcrever parte de uma notável carta recebida já a algum tempo de um dos nossos mais dedicados Irmãos que nos autorizou utilizá-la como fosse mais conveniente. Como ela expõe um exemplo admirável das possibilidades que os nossos Estudantes estão alcançando com a ajuda da nossa Corrente Espiritual, esperamos que sirva de estímulo a todos aqueles que se encontram no seu primeiro estagio de provações e de lutas, em busca do Entendimento e da Paz interior.
“Querido Irmão e Amigo Professor Lourival Camargo Pereira. Há muitos anos que alimento o desejo de relatar todas as experiências pelas quais passei desde que entrei na Fraternidade. Atualmente encontro-me numa condição muito favorável. Sinto-me feliz, cheio de vida, de amor, de entusiasmo. Estou em condições muito satisfatórias, tanto social como profissionalmente, familiar, psicologicamente, e grande parte dos motivos que me levaram a alcançar esse estado tão positivo devo Fraternidade. E sinto-me no dever de retribuir da melhor forma possível. É meu desejo dar a Fraternidade aquilo que possuo em mim de mais precioso, mais legítimo, mais verdadeiro e mais útil. Considero minhas experiências algo tão valioso, tão real, pois elas têm me valido muito, ajudando-me em todos os sentidos, principalmente nas horas difíceis, nos momentos de maior dificuldade. Pode parecer até que eu esteja me superestimando, valorizando-me demasiado, envaidecendo-me, porém não é nada disso. Encaro a Fraternidade não como um nome apenas, não como uma organização social. Não como um ambiente, ou um lugar no tempo e no espaço, mas como UM CONJUNTO de FORCAS ESTIMULANTES, de EXEMPLOS VIVOS DE AMOR, de desprendimento, de dedicação, de entusiasmo, de sacrifícios. Enfim, a Fraternidade é constituída de tudo aquilo que cada estudante doou, que ofereceu de si mesmo, dando o que havia de melhor, de mais valioso, de mais legitimo e verdadeiro em sua alma.
O que pretendo oferecer nestas linhas não são meras palavras, nem conselhos, ou opiniões próprias e pessoais, nem fantasias literárias, mas sim FATOS REAIS, com provas e testemunhos de acontecimentos que fogem do comum e que realmente podem servir para comprovar os efeitos benéficos da CORRENTE ESPIRITUAL da Fraternidade.
Primeiramente tenho a dizer que ofereço tudo isto ao senhor como presente de gratidão - e o senhor pode fazer destas folhas o que quiser - até queimá-las, se desejar. De qualquer forma ficarei satisfeito. Sei que elas lhe levarão felicidade e estímulo, e isto já é o suficiente. Mas, se acaso o senhor quiser publicar estas linhas no Boletim - peço-lhe apenas que omita o meu nome, pois assim será melhor para mim.
Depois de muito meditar resolvi contar tudo o que passei desde o primeiro dia, quando entrei na Fraternidade, tudo o que consegui realizar em mim com a ajuda da Fraternidade.
Mas, antes devo fazer uma descrição bem sincera e justa de como encaro, vejo e sinto a Fraternidade. Qual o valor que atribuo a ela. Para mim a Fraternidade é uma ESCOLA ESOTÉRICA, no sentido mais puro e legítimo da palavra. Uma Escola praticamente completa em si, contendo TUDO o que necessário para um homem tornar-se realmente um ILUMINADO.
Antes de tudo ela possui um INSTRUTOR de uma firmeza, de uma coragem, de uma dedicação, de um AMOR - inigualáveis. (não digo isto com a intenção de elogiá-lo, pois sei que o senhor não necessita disso. Com elogios, ou sem elogios, o senhor continuaria o mesmo, e não são os elogios de fora que o tocam, mas sim os que o senhor recebe de DENTRO, e mesmo que o mundo inteiro estivesse contra, o senhor continuaria a falar e a fazer as mesmas coisas, simplesmente). Além das qualidades acima descritas o senhor possui algo que é de um valor incalculável - o que o torna uma pessoa rara no mundo - ou seja: ORIGINALIDADE. O senhor não copia, não imita; é original, e isso já é o suficiente para colocá-lo numa posição realmente vantajosa.
Além disso a Fraternidade encaminha o Estudante para o que há de melhor, mais atual, mais moderno, mais eficiente, mais completo, claro e objetivo que existe no campo do OCULTISMO TRADICIONAL, ou seja, - as obras de Max Heindel, de Eliphas Levi, Ouspensky, e principalmente o CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS, que é proveniente dos IRMÃOS MAIORES, contando ainda com a influência direta de CRISTO, através dos Evangelhos e das Cartas do apóstolo Paulo.
Que mais se poderia desejar?
“Outra coisa que coloca a Fraternidade numa posição realmente excepcional, segura, legitima e eficiente é que ela não aceita a “fantasia”, o “sonho”, a “ilusão”, largamente disseminados nos chamados “romances ocultistas”, que só encantam e exaltam o personalismo dos estudantes desprevenidos e incautos. Também não propaga ou exalta idéias, opiniões e correntes de ensinos provenientes das antigas “escolas ocultas” orientais, que já cumpriram sua finalidade no mundo, e atualmente já não têm mais razão de ser para nós ocidentais.
Já faz vinte anos que estou ligado Fraternidade, e embora dela me tenha afastado e voltado diversas vezes, posso afirmar, com plena convicção, e sem a menor intenção de mentir, que mesmo nos anos em que me conservei afastado dos ensinos, das práticas e do convívio, e mergulhei na “vida mundana” de corpo e alma, - os efeitos da CORRENTE ESPIRITUAL sempre se faziam sentir em mim e se expressavam em minha vida, às vezes em meio aos meus pensamentos cotidianos, às vezes durante o sono, à noite, outras vezes em momentos de tristeza, dificuldades, nas horas duras da minha vida, diante dos perigos, nas ocasiões de doenças, nas horas alegres e felizes; - enfim, sempre o calor da Corrente Espiritual esteve presente em minha vida, sempre me animando, me encorajando, me fortalecendo interiormente, mas nunca se impondo à força. Sempre a senti de forma suave, benéfica, amorosa, e por esta razão que hoje estou aqui , de volta, animado, entusiasmado, feliz e cheio de vida.
No inicio houve época em que encarava a Fraternidade apenas como um lugar agradável de se ir. Não lhe dava VALOR, no sentido de uma Escola Esotérica. Não a levava muito a sério Isso devido a minha imaturidade. Considerava a Fraternidade como um lugar em que se ia para RECEBER ALGO; um lugar que continha um “poder mágico” de restauração, de cura, de incentivo para uma vida mais equilibrada. O mundo de fora, ou seja, a vida mundana me desequilibrava, roubava minhas energias, trazia-me desarmonias aborrecimentos e decepções. A - Fraternidade - ao contrario, me reequilibrava, me reharmonizava, me fortalecia. Não a via como Escola Esotérica, mas sim como uma FONTE DE ENERGIAS, de SAÚDE. Isso porque bastava que eu freqüentasse e praticasse seus ensinos por alguns meses, e minha vida MELHORAVA RADICALMENTE, em todos os sentidos. Por esta razão ia as aulas, mais para obter FORÇAS, ENERGIAS, mais SAÚDE, mais HARMONIA INTERIOR. Uma vez satisfeita minha necessidade, voltava de novo à vida mundana de sempre, ate sentir-me novamente exaurido, enfraquecido, desequilibrado; então de novo voltava, afim de REAJUSTAR-ME. E devo confessar e declarar com toda a sinceridade que nunca me decepcionei quanto aos resultados. Nunca me foi negado aquilo que buscava. Até nisto se nota o valor extraordinário e o imenso PODER ESPIRITUAL da Fraternidade.
Depois de muitos anos, depois de haver lido e relido livros e mais livros de outras Escolas, algumas extintas, depois de inclusive haver participado ativamente durante quase 5 (cinco) anos de outra organização esotérica que estuda e pratica os ensinos de GIJRDJIEFF e de OUSPENSKY, orientada por instrutores que estiveram em contacto direto com eles quando vivos, pude avaliar realmente a legitimidade e a genuinidade da Escola Esotérica que é a Fraternidade Rosacruciana São Paulo. Por tanto, este depoimento não é o produto de uma expressão de entusiasmo momentâneo e passageiro, mas sim o parecer sincero de alguém que estudou e pesquisou muito, durante anos, em outras fontes de ensino de distintas linhas que divergiam da Fraternidade.
Inclusive, houve época em que cheguei a entrar em atrito com o Professor. Cheguei a mostrar-lhe visivelmente minha hostilidade - época em que abandonei totalmente as aulas, chegando quase a cortar toda e qualquer ligação material com a Fraternidade. (Um aparte: Isto aconteceu porque eu não aceitava as críticas do prof. Lourival contra os “Filhos da Água”, a Igreja Católica, o Espiritismo, a Teosofia e as organizações rosacruzes que não são provenientes de Max Heindel, em especial a Amorc, que era alvo de críticas contundentes do prof. Lourival.) Posteriormente farei um relato minucioso de tudo o que aconteceu comigo nessa época, e o que produziu em mim tamanha revolta interior, a ponto de declarar-me inimigo do Professor. Mas devo esclarecer que ele sempre me tratou da maneira mais humana, mais justa e amorosa, sempre perdoando-me, abrindo-me seu coração, como Amigo e irmão, nunca me impondo suas idéias, nunca me ameaçando ou dificultando minha presença na Fraternidade, ou causando-me qualquer tipo de aborrecimento. Sempre se mostrou disposto a acolher-me em sua presença, embora nem sempre concordasse com minhas idéias pessoais.
Meu primeiro contacto com a Fraternidade deu-se por volta do ano de 1961. Quem me aconselhou a procurar essa Escola foi um grande Amigo, o qual ainda está vivo e continua ligado Fraternidade, embora quase não freqüente as aulas. (O Kioshi - Benedito Nelson Augusto dos Santos) Nessa época eu estava numa situação realmente perigosa. Tinha aproximadamente dezesseis anos de idade. Sofria de bronquite asmática crônica, fortes resfriados, sinusite, um problema no nariz que impossibilitava-me sentir qualquer espécie de cheiro, surdez num dos ouvidos, problemas nos olhos que causavam-me violentas dores de cabeça, úlceras gástricas, problemas nos intestinos, e certo desajuste sexual que me impedia de relacionar-me harmoniosamente com qualquer mulher. Havia sofrido alguns traumas na infância, e toda a minha atividade sexual se escoava através de manifestações solitárias, de sorte que vivia amedrontado, pensando que nunca seria capaz de solucionar esse problema e tornar-me um homem normal. Era, enfim, uma pessoa totalmente desajustada na vida. Sem cultura (apenas com o primário completo), sem profissão, sem ideal, sem rumo, sem meta na vida. Tinha apenas toda espécie de vícios, dos mais perniciosos. Durante minha infância havia ingerido muitas drogas tóxicas e fumei maconha durante mais de dois anos seguidos. Sem nenhuma educação, sem o menor preparo para enfrentar o mundo, e ainda por cima tendo como companheiros perigosos ladrões e assaltantes, e devido ao convívio com tais elementos só sabia falar na gíria, por não conhecer outra linguagem, de modo que tinha até medo de conversar com pessoas cultas e bem educadas.
Esse é o retrato nada agradável do que eu era antes de entrar na Fraternidade. Contudo, apesar disso, sentia um desejo intenso, muito forte, de regenerar-me, porém não sabia como.
Somente um milagre poderia ajudar-me, e foram tantos os “milagres” que me aconteceram depois que entrei na Fraternidade que, com o tempo, acabei habituando-me a eles. Contarei alguns destes “milagres” a fim de demonstrar por FATOS o poder “milagroso”, regenerativo e curador, de uma VERDADEIRA CORRENTE ESPIRITUAL.
Devo confessar que “amei a Fraternidade” desde a primeira vez que entrei no seu salão de aulas. Foi um “amor à primeira vista”. Sinceramente, apaixonei -me pela Fraternidade, tal como um homem se apaixona por uma mulher bonita. Tudo na Fraternidade me deslumbrava.
Eu havia sido criado no seio de uma família muito pobre e inculta. Em casa tudo era desordem; a sujeira proliferava. Havia me acostumado a viver nos ambientes mais degradantes e infectos. Meus colegas eram quase todos marginais e párias da sociedade.
Em minha infância e juventude havia presenciado cenas das mais grotescas; pessoas bêbadas, viciadas, doentes; gente perversa e completamente maluca havia convivido comigo na intimidade, e o mundo para mim era o “horror dos horrores”. Nem siquer suspeitava que houvesse outra coisa diferente daquilo que eu estava acostumado a presenciar.
De repente, eis que surge diante de mim a FRATERNIDE! Tudo limpo, claro, iluminado, harmonioso, em ordem... Pessoas ajustadas, bem educadas, irradiando saúde e felicidade... Tudo, na Fraternidade, era o oposto do que eu era. Ali estava o remédio para curar todas as minhas doenças; a chave-mestra para abrir todas as portas da felicidade; o mapa de todos os tesouros; o segredo para todas as realizações; a receita para todos os sucessos. Porém, tudo isso se mostrava para mim “apenas como uma possibilidade”, tão remota, tão distante como uma estrela!
De que modo eu, tal como era, com todas as minhas imperfeições, com todos os meus vícios, defeitos e aparentes “impossibilidades”, poderia ser capaz de atingir o nível daquelas pessoas? Mas, a nota-chave das palestras do Professor; as conversas entre os estudantes, os escritos, livros, instruções, TUDO, enfim, expressava a filosofia do “EU QUERO”, portanto, “EU POSSO’’ “QUERER É PODER”! Nada é impossível para o homem que “sabe querer”. E se havia alguém ali que realmente - QUERIA, esse alguém era eu!
Para mim o caso era de “vida ou morte”. Se eu continuasse no caminho em que ia, meu fim estaria próximo. Havia presenciado amigos meus morrerem de forma violenta, baleados pelos próprios colegas e pela polícia.. . E mesmo que continuasse vivendo do jeito em que estava minha vida seria um inferno! Meu final seria muito triste. Portanto, ou eu me regenerava e conquistava a felicidade, ou fracassava e perdia todas as possibilidades de uma vida próspera e feliz. Portanto, no meu caso, não havia escolha. Ao mesmo tempo em que a Fraternidade me fascinava, me encantava, me atraia com uma paixão incontrolável, ela se mostrava para mim como um verdadeiro DESAFIO. Seria eu capaz de atingir aquelas alturas? Esse foi realmente, sem exagero, o primeiro impacto que a Fraternidade produziu em mim. Daí para frente minha vida começou a girar em torno dos ideais da Fraternidade.
Eu estava sentado naquele banco, ouvindo o professor falar.
Minha atenção divagava; quase não entendia o que ele dizia, pois minha mente estava confusa. Eu era incapaz de prestar atenção a uma palestra. Minha imaginação funcionava num caos total. Eu era muito inquieto, descontrolado. Meus olhos moviam-se de um lado para o outro. Ora olhava uma pessoa, ora outra, ora lia uma frase escrita num cartaz na parede, ora observava um dos símbolos do salão. De repente terminou a palestra. As luzes se apagaram. Tudo mergulhou no silêncio profundo. Uma música quebrou o silêncio; uma música muito bela, como nunca ouvira antes. Depois, alguém começou a declamar com voz melodiosa e calma uma espécie de oração de beleza indescritível. Senti um nó na garganta e lagrimas brotaram dos meus olhos. Minha alma foi tocada por algo maravilhoso. Meu coração começou a bater descompassado, e de repente comecei a orar como nunca havia orado antes. Naquele instante minha alma entrou em verdadeira “comunhão com Deus”. Senti-me leve, fluido, e mergulhei numa espécie de embevecimento, de êxtase. O Professor pediu para orarmos em silêncio “pelos doentes nos hospitais e pelos infelizes recolhidos nas prisões”. Isso me tocou em cheio. Eu já havia sido preso uma vez. Havia sido encarcerado e sabia dos sofrimentos daqueles que estavam “atrás das grades”. E todas aquelas pessoas oravam pelos doentes, pelos presos. Eu era também um “doente de alma e de corpo”. Senti-me bem naquele momento. Quando tudo terminou, sentia-me leve, feliz, como se um peso houvesse sido tirado do meu destino. Fui para casa em paz, e no caminho ainda ouvia o eco daquelas palavras.
Naquela semana orei diversas vezes; muitas vezes lembrei-me da Fraternidade. Não via a hora de chegar novamente a quarta-feira, para poder voltar a sentar-me naquele banco e ouvir aquelas músicas e aquelas palavras...
Para mim a Fraternidade tornou-se como um DEUS. Algo sagrado, santo, e a ela eu tinha de dedicar meus melhores momentos.
Logo comecei a mudar meu comportamento. Minha mãe ficou maravilhada. Meu pai chegou até a olhar-me com certa desconfiança... Sentia, cada vez com mais intensidade, os efeitos benéficos da Fraternidade. Parecia que uma Luz estranha inundava todo o meu ser. E esse meu novo estado parecia contagiar os outros. Muitas vezes, quando me sentava a mesa para responder as perguntas do Curso de Filosofia, ou para estudar o “Conceito”, em meu redor reinava a maior confusão. Crianças correndo, falando, gritando, brigando. Rádios ligados, visinhos discutindo. E em meio a toda essa algazarra, eu tinha de estudar. Foi custa de muitos esforços que eu aprendi a concentrar-me em meio ao barulho reinante. Mesmo porque não havia outra alternativa. Se eu fosse esperar que o mundo silenciasse para realizar meus estudos, até hoje estaria esperando... Hoje vivo com minha mulher e três filhos, numa casa ampla, tendo um quarto no qual POSSO recolher-me e fechar-me nele a qualquer hora que eu queira estudar e praticar os exercícios, porém naqueles tempos não tinha esse privilégio.
Dentro de mim eu pensava: o Caminho que eu havia escolhido era um caminho diferente dos outros. Era o do Esoterismo, da Magia. Portanto, exigia de mim não somente um esforço comum, normal, mas sim um esforço incomum, acima do normal, um super-esforço. Estudar em meio ao silêncio, num lugar tranqüilo, calmo, harmonioso, seria a coisa mais fácil do mundo. Qualquer um poderia fazer isso. Mas, estudar num lugar barulhento, em meio confusão, algazarra, seria muito difícil, e portanto, no meu entender, “esse seria o lugar ideal”. De modo que foi preciso que eu aprendesse a “concentrar-me em meio ao barulho”. Eu era jovem; tinha a vida inteira pela frente. várias lições que respondi foram preparadas em meio a maior confusão.
Nessa época fazia já uns três anos que eu estava metido num círculo de “malandros, batedores de carteiras, ladrões, assaltantes, viciados, e embora já houvesse me decidido a “regenerar-me”, não podia tomar nenhuma atitude precipitada. Tinha de agir com calma. Quem participou dessa vida criminosa sabe que não fácil sair dela... Mas, eu tinha de sair daquele mundo! A Fraternidade havia me aberto os olhos.
Então, o primeiro “milagre” aconteceu. Aquelas palavras do Professor Lourival , aquele Ritual , a Corrente, enfim, deu-me tanta confiança, tanta fé, que já não temia nada mais. Eu queria sair do ambiente criminoso, mas não podia deixar transparecer o meu desejo. E o que mais dificultava minha saída é que os amigos marginais vinham procurar-me em casa. Quando vinham procurar-me eu tinha de sair com eles. Mas, eu confiava em Deus. Pedia a Ele para proteger-me. E realmente, a Corrente Espiritual da Fraternidade me protegia! Eu andava com eles, fumava maconha, e nada de mal me acontecia...
Mesmo depois de ter entrado na Fraternidade e começado as práticas, tive de sair com eles. Vinham me chamar; todos armados de revólveres. Não titubeavam em matar. Quase todos eles eram menores. Contudo, lembro-me claramente de tudo, como se fosse hoje: - quando estava com eles pareciam tornar-se mais calmos. Eu sentia que uma “luz se irradiava de mim” e contagiava-os. Interiormente, eu orava; pedia a Deus para olhar por mim e por eles, para proteger-nos. Eram todos eles meninos pobres e sofridos. Eram levados ao crime pela força das circunstâncias. A maioria deles já havia sofrido horrores. Seus pais bebiam; viviam na miséria, na maior pobreza, e sempre num estado de revolta. Apanhávamos dos nossos pais, e nos sentíamos cada vez mais revoltados. No mundo, não éramos nada; não tínhamos nada; nem futuro, nem estudo, nem nome, nem educação; - nada! O crime dava-nos a sensação de “poder”. Naquele mundo de misérias éramos temidos, respeitados, tratados “como gente importante”... Vi muitos homens humilharem-se diante de nós e fazerem tudo o que queríamos. Realmente, infundíamos terror nas pessoas. Andávamos armados; revólveres de todos os tamanhos e marcas andavam em nossas mãos, como brinquedos. Já lá se vão mais de vinte anos que tudo isso aconteceu. Não gosto nem mesmo de lembrar-me desses acontecimentos. Porém, há um motivo que me leva a relembrar-me dessas passagens: Devo demonstrar, por FATOS, como uma Corrente Espiritual Verdadeira, positiva, apoiada em bases legítimas, realmente Cristãs, pode produzir “verdadeiros milagres”. Pode erguer e regenerar uma Alma. Eu estava praticamente perdido antes de entrar na Fraternidade. Depois que entrei MINHA VIDA MUDOU RADICALMENTE. Toda a minha família sente hoje grande respeito e admiração pela Fraternidade... Claro que tudo o que me aconteceu foram experiências pessoais, e toda a ajuda que recebi, todas as estratégias que empreguei, todos os exercícios que pratiquei, tudo, enfim, foi adequado ao meu caso individual. Cada estudante é um caso especial; tem seus problemas próprios, e, portanto há de ser ajudado de uma forma diferente e apropriada, de acordo com o seu caso.
A Fraternidade dá a mesma ajuda a todos; trata a todos com igualdade; ninguém tem privilégios. A todos oferece o mesmo Ensino, o mesmo apoio, a mesma atenção. Porém, a CORRENTE ESPIRITUAL, com sua Inteligência extraordinária, com seu Poder enorme, - AJUDA a cada estudante conforme a condição que lhe e própria. O estudante também - “há de fazer a sua parte”. A Corrente só pode realmente ajudar a aqueles “que se ajudam a si mesmos”.
Dando estes meus escritos à Fraternidade, dou o que amo e a única coisa que possuo de valor real, pois meu dinheiro só da para sustentar minha família. Só posso dar o que me sobra, e como me sobra pouco, dou pouco. Mas, o que dou, dou com amor. Espero ainda poder economizar alguma coisa, para poder dar mais. Portanto, o Professor tem plena autorização para fazer o que achar mais conveniente com estes escritos. Desta vez remeto-lhe um pouco. Depois irei lhe remetendo mais. Se não quiser receber mais nada, é só dizer. Não quero roubar seu tempo tão precioso, nem dar-lhe qualquer motivo de preocupação. Só quero aproveitar-me da sua grande generosidade, pela qual tenho a maior consideração e respeito. Quero apenas - colaborar, e não atrapalhar. O que realmente quero é estar em paz comigo mesmo, com o senhor, e com minha consciência. Tudo o que escrevi foi com amor, espontaneamente, não fui forçado a nada; fiz o que quis fazer. O que escrevi foi o resultado das minhas meditações, apenas com o intuito de aprimorar-me cada vez mais nesta arte; não andei copiando nada, nem procurei imitar a alguém.
Espero que o senhor receba isto com benevolência, e se achar que estou agindo erradamente espero que me diga com franqueza, pois o que mais desejo é colaborar, fraternalmente.
Desejo-lhe muitas felicidades, muita paz, muita iluminação, muito progresso. Espero que possamos nos entender harmoniosamente, como amigos e irmãos. Que a Paz de Deus e de Cristo esteja conosco, para sempre.
Que as Rosas floresçam sobre a vossa Cruz!
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Boletim Rosacruciano de Março/abril de 1966, págs. 29, 30 e 31
UM BOM AMIGO NOS ESCREVE
Querido Professor Lourival C. Pereira:
Há muito que estou querendo escrever-lhe, e aproveito o dia de hoje, tão bom e tão fecundo, para fazê-lo. Tenho diversos assuntos em vista e vou explaná-los da maneira mais simples e clara. Faz algum tempo consegui, com grande sorte, comprar de um livreiro a coleção quase completa das INSTRUÇÕES RESERVADAS, e delas tenho me valido para estudo.
Depois que comecei a dedicar-me de corpo e alma ao estudo e à prática dos Ensinos dos Estudos Rosacruzes transmitidos por Max Heindel, minha vida mudou completamente. Adquiri mais força de vontade mais confiança em mim mesmo, mais equilíbrio, mais entendimento; deixei de fumar, de ler desregradamente, de alimentar desejos inferiores, de pensar no mal, de falar sem necessidade. O ambiente tornou-se melhor e minha saúde fortificou-se. Consegui compreender definitivamente o valor extraordinário da Oração Científica, e o que é mais importante, tenho sentido algo excepcional, inenarrável, compenetrando-me e impelindo-me para o Alto, para Cristo.
Quero aproveitar a oportunidade para agradecer-lhe de todo o coração, de toda minha alma, por tudo o que o Sr. tem feito pela Fraternidade; pelos seus escritos, pelos seus ensinos, pelos seus estímulos, e principalmente pela sua extraordinária obra “O EVANGELHO REDIVIVO”, a mais completa e perfeita interpretação dos Evangelhos que já vi. Tudo ali é lógico, profundo, prático. Tudo se nos apresenta com uma clareza e simplicidade incomparáveis. Não estou querendo elogiá-lo, porque sei que o Sr. está muito longe de pretender elogios. Quero apenas trazer-lhe mais uma demonstração de que o Sr. está, de fato, oferecendo algo excepcional, realmente divino, à Humanidade. Mesmo as suas críticas contra o Espiritismo, e contra todas as religiões interesseiras, são de inestimável importância pela sua forma realística.
Mas. . . quem sou eu para emitir opiniões diante de tão elevada obra! Desejo profundamente, e de todo o coração que Deus o ilumine e o esclareça cada vez mais, porque realmente a Humanidade precisa do seu trabalho e do seu esforço.
Faz relativamente pouco tempo que comecei a praticar com assiduidade (três semanas, mais ou menos), e o que tem causado mais espanto são os efeitos que surgiram, de uma maneira tão inesperada. No inicio lia apenas as preces, com o pensamento, porém, depois que comecei a pronunciá-las em voz alta, algo estranhamente espiritual e novo aconteceu. Adquiri um conhecimento verdadeiro de que a PALAVRA, quando pronunciada com plena firmeza e confiança, transforma-se numa “entidade viva”, que fará tudo para realizar-se no plano físico. Através da nossa sensibilidade sentimos a presença desses seres que nos rodeiam e nos impelem sempre à prática do bem. São semelhantes a anjos (pelo que tenho percebido) e se revestem com cores azuis leves, e quando caímos em silêncio eles tentam transmitir-nos vibrações de paz, de amor e confiança. Talvez eu esteja confundindo as coisas, porém, se assim for, peço-lhe desculpas, pois estou apenas expondo sinceramente o que senti. E agora, eis como pratico:
Sento-me muito comodamente, relaxo todos os músculos, e procuro estabelecer em mim uma paz e uma tranqüilidade profunda de espírito, não deixando penetrar em mim nenhum pensamento ou imagem. Após isso, começo a visualizar o Símbolo da Cruz e das Rosas. Vejo-a com a haste inferior muito verde, de um verde vivo, tranqüilizador, e depois vou subindo, de maneira que o verde vai se atenuando, suavizando-se, até encontrar-me com o madeiro horizontal, que é muito vermelho, de um vermelho escarlate, representando o sangue e as espécies animais. Após isto, subo para a parte superior da Cruz, a qual é amarela, de um amarelo mais vivo do que o ouro, mais refulgente do que o Sol, e pleno de vitalidade. Após isso, vou descendo, de maneira que o amarelo vai se mesclando aos poucos com as cores inferiores. Esse amarelo representa a inteligência. A Cruz é semelhante a que aparece na capa dos Boletins, isto é, com os três semicírculos em cada ponta. Depois de a Cruz estar perfeitamente nítida (pelo menos é o que estou tentando alcançar), coloco-lhe a coroa de sete Rosas, das mais belas e suaves, tentando sentir o próprio aroma emitido por elas.
Feito isso medito sobre o significado das Sete Rosas, que são os sete centros de percepção do corpo de desejos, os quais, devidamente desenvolvidos, nos permitirão caminhar conscientemente nos planos internos. Após isso vou colocando o coração, rubro, palpitante de vida; o Triângulo com o Olho, o qual pintei de azul, para representar o Pai. As quatro letras são colocadas, e por fim a Estrela Flamígera, a qual vejo de um azul muito suave, quase sagrado, espiritualizado, com a periferia amarela, semelhante a do Sol. À medida que vou colocando esses símbolos vou meditando sobre os seus significados. O Coração representa o Templo místico, o vaso sagrado, no qual habita o Espírito Santo, O triângulo com o Olho representa o PAI, que tudo vê, tudo registra, e a Quem nada passa despercebido. Atrás do Mistério que as Rosas ocultam está o CRISTO, o Sol Espiritual, a mais refulgente Luz, sob a qual se ergue, majestosa e sempre magnífica, a Cruz do nosso corpo físico. As quatro letras são os Quatro Éteres, e a Estrela Flamígera é a aura do homem que alcançou um grau mais ou menos elevado na Evolução.
Depois disto, após conservar o símbolo por um momento na mente, pronuncio com toda a firmeza as seguintes palavras, extraídas do Ritual: “No símbolo sagrado da Cruz e das Rosas se ocultam os mais augustos Mistérios da Redenção e da Ressurreição Espiritual do gênero humano!”.
Logo que termino o exercício de visualização, começo a pronunciar as Orações que, comumente, são em número de sete. A primeira é a Prece do Estudante Rosacruz. Esta prece, segundo o que tenho notado, possui em si um poder extraordinário para compelir-nos ao Bem, e aumenta o nosso amor a Deus e ao nosso próximo, assim como fortifica a nossa Fé, nossa confiança e nossa força de vontade.
Depois, passo para a Oração Fraternal. Ela possui o poder de despertar em nós o Entendimento Espiritual, e quanto mais fé e confiança depositamos nessa Oração, mais se torna evidente em nós essas capacidades. Ela nos oferece qualidades essenciais, indispensáveis, e nos impele com uma força realmente dinâmica para tudo o que é bom, nobre e fraternal.
A terceira é a Oração Coletiva. Ao pronunciá-la, faço-o com todo o meu amor, com toda a confiança, e vou divisando os rostos alegres e sorridentes dos Irmãos, assim como a parte interior do Templo, com seus bancos, suas paredes, a mesa, e procuro ver todas estas coisas de uma maneira especial, isto é, tudo compenetrado por uma atmosfera de Paz, de Amor, de Harmonia. Às vezes tento divisar a própria Corrente se formando na hora do Ritual.
Após uma pequena pausa, passo para a Oração Rosacruz, que é de uma beleza celestial. Para mim ela se assemelha a um poema mágico, cujo efeito é o de despertar em nós as faculdades espirituais, oferecendo-nos um meio real e bom de ensinar aos nossos semelhantes as Verdades que conhecemos.
Depois, passo para a Súplica do Espírito. que é em si um poema da mais profunda beleza. Lembra-nos o Espírito Virginal, passando pelos diversos reinos da Natureza; sua paz, sua libertação, sua ressurreição. São suas angústias, seus sofrimentos, é por fim uma prece que todo o praticante deveria procurar “entender” no que ela possui de mais profundo e verdadeiro, pois seus efeitos são realmente extraordinários.
Depois passo para a Oração Científica do Signo Ascendente Gemini, que inclui justamente aquilo de que mais necessito. É como um bálsamo para as minhas fraquezas. Por último pronuncio a Invocação com o qual encerro o meu ritual.
Costumo também, após essas preces, emitir vibrações de Saúde e Felicidade para algum amigo ou parente.
As orações mais simples pronuncio-as três vezes cada uma, e a Súplica do Espírito e a Invocação uma só vez. Tento viver a oração, compenetrar-me de sua essência, vibrar com suas palavras. Pronuncio-as como se estivesse declamando um poema de profunda beleza. A oração pronunciada desta maneira age sobre nós como um verdadeiro manto de luz, balsamizando todas as fibras do nosso ser. Até o nosso corpo sente-se compenetrado pela Vida que brota dessas preces. Oh! Se todos compreendessem quão grande é a Fé. É necessário depositar nossa alma em tudo o que fazemos, para que construamos algo verdadeiramente sublime.
Prezado Professor!
Antes de mais nada quero dizer-lhe que estou me sentindo admiràvelmente bem. Contudo, coisas estranhas tem-me acontecido. Emprego aqui a palavra “estranhas” por não encontrar outra melhor, porém, bem sei que as coisas que me acontecem são tão normais como o sono, ou a fome, ou qualquer outro fenômeno puramente físico. O primeiro fato digno de nota que me aconteceu passou-se numa noite, após o jantar. Acabada a refeição, sentei-me à mesa para escrever um artigo para minha própria meditação. Estava nesse dia mais ou menos “exaltado”, e em dado momento senti que escrevia febrilmente. Não cheguei a escrever cinqüenta linhas e tive de parar, pois a exaltação era demasiada, e os meus braços se arrepiavam estranhamente.
Levantei-me da mesa, fui até a cozinha fazer um chá para acalmar-me. Depois voltei ao artigo, e tratei de terminá-lo. Li algumas preces e fui deitar-me. Comecei a fazer o exercício de Retrospecção, quando em dado momento, sem que eu percebesse “como”, surgiu-me à mente um rosto. Porém, era um rosto deformado, e como ele não se afastasse, como devia ser normal, senti um pouco de receio. Tentei trocá-lo por outra imagem, e senti minha aparente impotência, devido ao receio, contudo não perdi a calma, e fiz tudo para conservá-la, pensando em Deus, até que adormeci, para levantar-me plenamente normal no outro dia. Desse dia em diante nunca mais vi o tal rosto.
Há dias atrás, outro fenômeno semelhante ao primeiro teve lugar em minha mente. Acabara de iniciar um artigo sobre o Mundo de Desejos, baseando-me no “Conceito”; e como já estava mais ou menos cansado, fui deitar-me. Na cama comecei a meditar sobre o Mestre, que haveria de aparecer-me tão logo estivesse preparado para recebê-lo, e, de repente, vi, com uma nitidez extraordinária, um rosto. O rosto sobressaia de um fundo violeta, e era de um amarelo bronzeado e ardente. Estava com um capuz semelhante aos rajás, e tinha os lábios secos, como os daqueles que vivem nos desertos. Tentei afastá-lo, para ver se não passava de um fenômeno puramente mental, e vi que não era, e senti que devia aproximar-me mais dele para observá-lo melhor. Confesso que ainda assim me impressionei um pouquinho, porém conservei toda a minha capacidade de controle. Depois que o rosto sumiu fiquei a ver seres estranhos, fantásticos, porém com menos nitidez, os quais pareciam sombras em meio às trevas. Não senti nenhum receio, e continuei absolutamente despreocupado, até adormecer-me.
O último dos fenômenos da mesma natureza se passou há poucos dias, também à noite. O interessante nestes fenômenos é a rapidez com que êles surgem na mente. Desta vez não foi um rosto, mas um cachorro de aspecto fantástico, olhos amarelos, garras agudas, que pareceu mergulhar sobre mim e fundir-se em meu ser. Também não senti nenhum receio, e logo consegui adormecer, sem que nada de anormal me sucedesse.
Outro fato interessante que me tem acontecido é o de às vezes me sentir balançando de um lado para outro no corpo; sinto-me girando, rodopiando. É algo tão esquisito que não consigo compreender, pois, embora me sinta balançando ou rodopiando, o meu foco de visão das coisas não se afeta.
Tenho dedicado estes dias ao estudo e à prática das Orações, e por isso estou mais ou menos compenetrado por esta Luz sublime e harmoniosa que é a CORRENTE ESPIRITUAL da nossa Fraternidade. Faz algumas semanas apenas que iniciei a prática das orações e tenho realmente sentido suas benéficas influências. Sinto-me compenetrado por um ambiente de Amor, de Paz, como se tivesse sido banhada por uma intensa Luz Regeneradora; é nesses momentos que sinto uma vontade suprema de continuar caminhando, sempre, rumo a tão elevado Objetivo, que é o Cristo Interno, Certa manhã, ao estar lendo um dos artigos do Iluminado Irmão Rosacruz Sr. Max Heindel, — “As Asas e a Força” — senti-me como que compenetrado por uma inspiração sublime e ao sair à rua para ir à casa de um amigo, no caminho, implorei com toda a fé que o Cristo me iluminasse, e viesse habitar em meu peito. Nesse momento senti como que se tudo ao meu redor se abrisse numa luz muito branca, e senti uma felicidade profunda, algo semelhante a um sentimento de Confiança, de extrema intensidade, em Algo absolutamente Verdadeiro.
Querido Professor! Agora que estou chegando ao fim, queria perguntar-lhe algo que diz respeito a minha faculdade. -. etc. etc. Fico à espera da sua resposta, e irei enviando todos os frutos da minha experiência no campo do Esoterismo. Até muito breve, e que “As Rosas floresçam sobre a sua Cruz”.
A. A. F.
OUTRAS CARTAS... Estas publicadas no Boletim Rosacruciano de julho/agosto de 1982, pgs. 6, 7, 8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, e 15.
UMA EXPERIÊNCIA NOTÁVEL
Para conhecimento e apreciação dos nossos Amigos Estudantes temos o prazer de transcrever parte de uma notável carta recebida já a algum tempo de um dos nossos mais dedicados Irmãos que nos autorizou utilizá-la como fosse mais conveniente. Como ela expõe um exemplo admirável das possibilidades que os nossos Estudantes estão alcançando com a ajuda da nossa Corrente Espiritual, esperamos que sirva de estímulo a todos aqueles que se encontram no seu primeiro estagio de provações e de lutas, em busca do Entendimento e da Paz interior.
“Querido Irmão e Amigo Professor Lourival Camargo Pereira. Há muitos anos que alimento o desejo de relatar todas as experiências pelas quais passei desde que entrei na Fraternidade. Atualmente encontro-me numa condição muito favorável. Sinto-me feliz, cheio de vida, de amor, de entusiasmo. Estou em condições muito satisfatórias, tanto social como profissionalmente, familiar, psicologicamente, e grande parte dos motivos que me levaram a alcançar esse estado tão positivo devo Fraternidade. E sinto-me no dever de retribuir da melhor forma possível. É meu desejo dar a Fraternidade aquilo que possuo em mim de mais precioso, mais legítimo, mais verdadeiro e mais útil. Considero minhas experiências algo tão valioso, tão real, pois elas têm me valido muito, ajudando-me em todos os sentidos, principalmente nas horas difíceis, nos momentos de maior dificuldade. Pode parecer até que eu esteja me superestimando, valorizando-me demasiado, envaidecendo-me, porém não é nada disso. Encaro a Fraternidade não como um nome apenas, não como uma organização social. Não como um ambiente, ou um lugar no tempo e no espaço, mas como UM CONJUNTO de FORCAS ESTIMULANTES, de EXEMPLOS VIVOS DE AMOR, de desprendimento, de dedicação, de entusiasmo, de sacrifícios. Enfim, a Fraternidade é constituída de tudo aquilo que cada estudante doou, que ofereceu de si mesmo, dando o que havia de melhor, de mais valioso, de mais legitimo e verdadeiro em sua alma.
O que pretendo oferecer nestas linhas não são meras palavras, nem conselhos, ou opiniões próprias e pessoais, nem fantasias literárias, mas sim FATOS REAIS, com provas e testemunhos de acontecimentos que fogem do comum e que realmente podem servir para comprovar os efeitos benéficos da CORRENTE ESPIRITUAL da Fraternidade.
Primeiramente tenho a dizer que ofereço tudo isto ao senhor como presente de gratidão - e o senhor pode fazer destas folhas o que quiser - até queimá-las, se desejar. De qualquer forma ficarei satisfeito. Sei que elas lhe levarão felicidade e estímulo, e isto já é o suficiente. Mas, se acaso o senhor quiser publicar estas linhas no Boletim - peço-lhe apenas que omita o meu nome, pois assim será melhor para mim.
Depois de muito meditar resolvi contar tudo o que passei desde o primeiro dia, quando entrei na Fraternidade, tudo o que consegui realizar em mim com a ajuda da Fraternidade.
Mas, antes devo fazer uma descrição bem sincera e justa de como encaro, vejo e sinto a Fraternidade. Qual o valor que atribuo a ela. Para mim a Fraternidade é uma ESCOLA ESOTÉRICA, no sentido mais puro e legítimo da palavra. Uma Escola praticamente completa em si, contendo TUDO o que necessário para um homem tornar-se realmente um ILUMINADO.
Antes de tudo ela possui um INSTRUTOR de uma firmeza, de uma coragem, de uma dedicação, de um AMOR - inigualáveis. (não digo isto com a intenção de elogiá-lo, pois sei que o senhor não necessita disso. Com elogios, ou sem elogios, o senhor continuaria o mesmo, e não são os elogios de fora que o tocam, mas sim os que o senhor recebe de DENTRO, e mesmo que o mundo inteiro estivesse contra, o senhor continuaria a falar e a fazer as mesmas coisas, simplesmente). Além das qualidades acima descritas o senhor possui algo que é de um valor incalculável - o que o torna uma pessoa rara no mundo - ou seja: ORIGINALIDADE. O senhor não copia, não imita; é original, e isso já é o suficiente para colocá-lo numa posição realmente vantajosa.
Além disso a Fraternidade encaminha o Estudante para o que há de melhor, mais atual, mais moderno, mais eficiente, mais completo, claro e objetivo que existe no campo do OCULTISMO TRADICIONAL, ou seja, - as obras de Max Heindel, de Eliphas Levi, Ouspensky, e principalmente o CONCEITO ROSACRUZ DO COSMOS, que é proveniente dos IRMÃOS MAIORES, contando ainda com a influência direta de CRISTO, através dos Evangelhos e das Cartas do apóstolo Paulo.
Que mais se poderia desejar?
“Outra coisa que coloca a Fraternidade numa posição realmente excepcional, segura, legitima e eficiente é que ela não aceita a “fantasia”, o “sonho”, a “ilusão”, largamente disseminados nos chamados “romances ocultistas”, que só encantam e exaltam o personalismo dos estudantes desprevenidos e incautos. Também não propaga ou exalta idéias, opiniões e correntes de ensinos provenientes das antigas “escolas ocultas” orientais, que já cumpriram sua finalidade no mundo, e atualmente já não têm mais razão de ser para nós ocidentais.
Já faz vinte anos que estou ligado Fraternidade, e embora dela me tenha afastado e voltado diversas vezes, posso afirmar, com plena convicção, e sem a menor intenção de mentir, que mesmo nos anos em que me conservei afastado dos ensinos, das práticas e do convívio, e mergulhei na “vida mundana” de corpo e alma, - os efeitos da CORRENTE ESPIRITUAL sempre se faziam sentir em mim e se expressavam em minha vida, às vezes em meio aos meus pensamentos cotidianos, às vezes durante o sono, à noite, outras vezes em momentos de tristeza, dificuldades, nas horas duras da minha vida, diante dos perigos, nas ocasiões de doenças, nas horas alegres e felizes; - enfim, sempre o calor da Corrente Espiritual esteve presente em minha vida, sempre me animando, me encorajando, me fortalecendo interiormente, mas nunca se impondo à força. Sempre a senti de forma suave, benéfica, amorosa, e por esta razão que hoje estou aqui , de volta, animado, entusiasmado, feliz e cheio de vida.
No inicio houve época em que encarava a Fraternidade apenas como um lugar agradável de se ir. Não lhe dava VALOR, no sentido de uma Escola Esotérica. Não a levava muito a sério Isso devido a minha imaturidade. Considerava a Fraternidade como um lugar em que se ia para RECEBER ALGO; um lugar que continha um “poder mágico” de restauração, de cura, de incentivo para uma vida mais equilibrada. O mundo de fora, ou seja, a vida mundana me desequilibrava, roubava minhas energias, trazia-me desarmonias aborrecimentos e decepções. A - Fraternidade - ao contrario, me reequilibrava, me reharmonizava, me fortalecia. Não a via como Escola Esotérica, mas sim como uma FONTE DE ENERGIAS, de SAÚDE. Isso porque bastava que eu freqüentasse e praticasse seus ensinos por alguns meses, e minha vida MELHORAVA RADICALMENTE, em todos os sentidos. Por esta razão ia as aulas, mais para obter FORÇAS, ENERGIAS, mais SAÚDE, mais HARMONIA INTERIOR. Uma vez satisfeita minha necessidade, voltava de novo à vida mundana de sempre, ate sentir-me novamente exaurido, enfraquecido, desequilibrado; então de novo voltava, afim de REAJUSTAR-ME. E devo confessar e declarar com toda a sinceridade que nunca me decepcionei quanto aos resultados. Nunca me foi negado aquilo que buscava. Até nisto se nota o valor extraordinário e o imenso PODER ESPIRITUAL da Fraternidade.
Depois de muitos anos, depois de haver lido e relido livros e mais livros de outras Escolas, algumas extintas, depois de inclusive haver participado ativamente durante quase 5 (cinco) anos de outra organização esotérica que estuda e pratica os ensinos de GIJRDJIEFF e de OUSPENSKY, orientada por instrutores que estiveram em contacto direto com eles quando vivos, pude avaliar realmente a legitimidade e a genuinidade da Escola Esotérica que é a Fraternidade Rosacruciana São Paulo. Por tanto, este depoimento não é o produto de uma expressão de entusiasmo momentâneo e passageiro, mas sim o parecer sincero de alguém que estudou e pesquisou muito, durante anos, em outras fontes de ensino de distintas linhas que divergiam da Fraternidade.
Inclusive, houve época em que cheguei a entrar em atrito com o Professor. Cheguei a mostrar-lhe visivelmente minha hostilidade - época em que abandonei totalmente as aulas, chegando quase a cortar toda e qualquer ligação material com a Fraternidade. (Um aparte: Isto aconteceu porque eu não aceitava as críticas do prof. Lourival contra os “Filhos da Água”, a Igreja Católica, o Espiritismo, a Teosofia e as organizações rosacruzes que não são provenientes de Max Heindel, em especial a Amorc, que era alvo de críticas contundentes do prof. Lourival.) Posteriormente farei um relato minucioso de tudo o que aconteceu comigo nessa época, e o que produziu em mim tamanha revolta interior, a ponto de declarar-me inimigo do Professor. Mas devo esclarecer que ele sempre me tratou da maneira mais humana, mais justa e amorosa, sempre perdoando-me, abrindo-me seu coração, como Amigo e irmão, nunca me impondo suas idéias, nunca me ameaçando ou dificultando minha presença na Fraternidade, ou causando-me qualquer tipo de aborrecimento. Sempre se mostrou disposto a acolher-me em sua presença, embora nem sempre concordasse com minhas idéias pessoais.
Meu primeiro contacto com a Fraternidade deu-se por volta do ano de 1961. Quem me aconselhou a procurar essa Escola foi um grande Amigo, o qual ainda está vivo e continua ligado Fraternidade, embora quase não freqüente as aulas. (O Kioshi - Benedito Nelson Augusto dos Santos) Nessa época eu estava numa situação realmente perigosa. Tinha aproximadamente dezesseis anos de idade. Sofria de bronquite asmática crônica, fortes resfriados, sinusite, um problema no nariz que impossibilitava-me sentir qualquer espécie de cheiro, surdez num dos ouvidos, problemas nos olhos que causavam-me violentas dores de cabeça, úlceras gástricas, problemas nos intestinos, e certo desajuste sexual que me impedia de relacionar-me harmoniosamente com qualquer mulher. Havia sofrido alguns traumas na infância, e toda a minha atividade sexual se escoava através de manifestações solitárias, de sorte que vivia amedrontado, pensando que nunca seria capaz de solucionar esse problema e tornar-me um homem normal. Era, enfim, uma pessoa totalmente desajustada na vida. Sem cultura (apenas com o primário completo), sem profissão, sem ideal, sem rumo, sem meta na vida. Tinha apenas toda espécie de vícios, dos mais perniciosos. Durante minha infância havia ingerido muitas drogas tóxicas e fumei maconha durante mais de dois anos seguidos. Sem nenhuma educação, sem o menor preparo para enfrentar o mundo, e ainda por cima tendo como companheiros perigosos ladrões e assaltantes, e devido ao convívio com tais elementos só sabia falar na gíria, por não conhecer outra linguagem, de modo que tinha até medo de conversar com pessoas cultas e bem educadas.
Esse é o retrato nada agradável do que eu era antes de entrar na Fraternidade. Contudo, apesar disso, sentia um desejo intenso, muito forte, de regenerar-me, porém não sabia como.
Somente um milagre poderia ajudar-me, e foram tantos os “milagres” que me aconteceram depois que entrei na Fraternidade que, com o tempo, acabei habituando-me a eles. Contarei alguns destes “milagres” a fim de demonstrar por FATOS o poder “milagroso”, regenerativo e curador, de uma VERDADEIRA CORRENTE ESPIRITUAL.
Devo confessar que “amei a Fraternidade” desde a primeira vez que entrei no seu salão de aulas. Foi um “amor à primeira vista”. Sinceramente, apaixonei -me pela Fraternidade, tal como um homem se apaixona por uma mulher bonita. Tudo na Fraternidade me deslumbrava.
Eu havia sido criado no seio de uma família muito pobre e inculta. Em casa tudo era desordem; a sujeira proliferava. Havia me acostumado a viver nos ambientes mais degradantes e infectos. Meus colegas eram quase todos marginais e párias da sociedade.
Em minha infância e juventude havia presenciado cenas das mais grotescas; pessoas bêbadas, viciadas, doentes; gente perversa e completamente maluca havia convivido comigo na intimidade, e o mundo para mim era o “horror dos horrores”. Nem siquer suspeitava que houvesse outra coisa diferente daquilo que eu estava acostumado a presenciar.
De repente, eis que surge diante de mim a FRATERNIDE! Tudo limpo, claro, iluminado, harmonioso, em ordem... Pessoas ajustadas, bem educadas, irradiando saúde e felicidade... Tudo, na Fraternidade, era o oposto do que eu era. Ali estava o remédio para curar todas as minhas doenças; a chave-mestra para abrir todas as portas da felicidade; o mapa de todos os tesouros; o segredo para todas as realizações; a receita para todos os sucessos. Porém, tudo isso se mostrava para mim “apenas como uma possibilidade”, tão remota, tão distante como uma estrela!
De que modo eu, tal como era, com todas as minhas imperfeições, com todos os meus vícios, defeitos e aparentes “impossibilidades”, poderia ser capaz de atingir o nível daquelas pessoas? Mas, a nota-chave das palestras do Professor; as conversas entre os estudantes, os escritos, livros, instruções, TUDO, enfim, expressava a filosofia do “EU QUERO”, portanto, “EU POSSO’’ “QUERER É PODER”! Nada é impossível para o homem que “sabe querer”. E se havia alguém ali que realmente - QUERIA, esse alguém era eu!
Para mim o caso era de “vida ou morte”. Se eu continuasse no caminho em que ia, meu fim estaria próximo. Havia presenciado amigos meus morrerem de forma violenta, baleados pelos próprios colegas e pela polícia.. . E mesmo que continuasse vivendo do jeito em que estava minha vida seria um inferno! Meu final seria muito triste. Portanto, ou eu me regenerava e conquistava a felicidade, ou fracassava e perdia todas as possibilidades de uma vida próspera e feliz. Portanto, no meu caso, não havia escolha. Ao mesmo tempo em que a Fraternidade me fascinava, me encantava, me atraia com uma paixão incontrolável, ela se mostrava para mim como um verdadeiro DESAFIO. Seria eu capaz de atingir aquelas alturas? Esse foi realmente, sem exagero, o primeiro impacto que a Fraternidade produziu em mim. Daí para frente minha vida começou a girar em torno dos ideais da Fraternidade.
Eu estava sentado naquele banco, ouvindo o professor falar.
Minha atenção divagava; quase não entendia o que ele dizia, pois minha mente estava confusa. Eu era incapaz de prestar atenção a uma palestra. Minha imaginação funcionava num caos total. Eu era muito inquieto, descontrolado. Meus olhos moviam-se de um lado para o outro. Ora olhava uma pessoa, ora outra, ora lia uma frase escrita num cartaz na parede, ora observava um dos símbolos do salão. De repente terminou a palestra. As luzes se apagaram. Tudo mergulhou no silêncio profundo. Uma música quebrou o silêncio; uma música muito bela, como nunca ouvira antes. Depois, alguém começou a declamar com voz melodiosa e calma uma espécie de oração de beleza indescritível. Senti um nó na garganta e lagrimas brotaram dos meus olhos. Minha alma foi tocada por algo maravilhoso. Meu coração começou a bater descompassado, e de repente comecei a orar como nunca havia orado antes. Naquele instante minha alma entrou em verdadeira “comunhão com Deus”. Senti-me leve, fluido, e mergulhei numa espécie de embevecimento, de êxtase. O Professor pediu para orarmos em silêncio “pelos doentes nos hospitais e pelos infelizes recolhidos nas prisões”. Isso me tocou em cheio. Eu já havia sido preso uma vez. Havia sido encarcerado e sabia dos sofrimentos daqueles que estavam “atrás das grades”. E todas aquelas pessoas oravam pelos doentes, pelos presos. Eu era também um “doente de alma e de corpo”. Senti-me bem naquele momento. Quando tudo terminou, sentia-me leve, feliz, como se um peso houvesse sido tirado do meu destino. Fui para casa em paz, e no caminho ainda ouvia o eco daquelas palavras.
Naquela semana orei diversas vezes; muitas vezes lembrei-me da Fraternidade. Não via a hora de chegar novamente a quarta-feira, para poder voltar a sentar-me naquele banco e ouvir aquelas músicas e aquelas palavras...
Para mim a Fraternidade tornou-se como um DEUS. Algo sagrado, santo, e a ela eu tinha de dedicar meus melhores momentos.
Logo comecei a mudar meu comportamento. Minha mãe ficou maravilhada. Meu pai chegou até a olhar-me com certa desconfiança... Sentia, cada vez com mais intensidade, os efeitos benéficos da Fraternidade. Parecia que uma Luz estranha inundava todo o meu ser. E esse meu novo estado parecia contagiar os outros. Muitas vezes, quando me sentava a mesa para responder as perguntas do Curso de Filosofia, ou para estudar o “Conceito”, em meu redor reinava a maior confusão. Crianças correndo, falando, gritando, brigando. Rádios ligados, visinhos discutindo. E em meio a toda essa algazarra, eu tinha de estudar. Foi custa de muitos esforços que eu aprendi a concentrar-me em meio ao barulho reinante. Mesmo porque não havia outra alternativa. Se eu fosse esperar que o mundo silenciasse para realizar meus estudos, até hoje estaria esperando... Hoje vivo com minha mulher e três filhos, numa casa ampla, tendo um quarto no qual POSSO recolher-me e fechar-me nele a qualquer hora que eu queira estudar e praticar os exercícios, porém naqueles tempos não tinha esse privilégio.
Dentro de mim eu pensava: o Caminho que eu havia escolhido era um caminho diferente dos outros. Era o do Esoterismo, da Magia. Portanto, exigia de mim não somente um esforço comum, normal, mas sim um esforço incomum, acima do normal, um super-esforço. Estudar em meio ao silêncio, num lugar tranqüilo, calmo, harmonioso, seria a coisa mais fácil do mundo. Qualquer um poderia fazer isso. Mas, estudar num lugar barulhento, em meio confusão, algazarra, seria muito difícil, e portanto, no meu entender, “esse seria o lugar ideal”. De modo que foi preciso que eu aprendesse a “concentrar-me em meio ao barulho”. Eu era jovem; tinha a vida inteira pela frente. várias lições que respondi foram preparadas em meio a maior confusão.
Nessa época fazia já uns três anos que eu estava metido num círculo de “malandros, batedores de carteiras, ladrões, assaltantes, viciados, e embora já houvesse me decidido a “regenerar-me”, não podia tomar nenhuma atitude precipitada. Tinha de agir com calma. Quem participou dessa vida criminosa sabe que não fácil sair dela... Mas, eu tinha de sair daquele mundo! A Fraternidade havia me aberto os olhos.
Então, o primeiro “milagre” aconteceu. Aquelas palavras do Professor Lourival , aquele Ritual , a Corrente, enfim, deu-me tanta confiança, tanta fé, que já não temia nada mais. Eu queria sair do ambiente criminoso, mas não podia deixar transparecer o meu desejo. E o que mais dificultava minha saída é que os amigos marginais vinham procurar-me em casa. Quando vinham procurar-me eu tinha de sair com eles. Mas, eu confiava em Deus. Pedia a Ele para proteger-me. E realmente, a Corrente Espiritual da Fraternidade me protegia! Eu andava com eles, fumava maconha, e nada de mal me acontecia...
Mesmo depois de ter entrado na Fraternidade e começado as práticas, tive de sair com eles. Vinham me chamar; todos armados de revólveres. Não titubeavam em matar. Quase todos eles eram menores. Contudo, lembro-me claramente de tudo, como se fosse hoje: - quando estava com eles pareciam tornar-se mais calmos. Eu sentia que uma “luz se irradiava de mim” e contagiava-os. Interiormente, eu orava; pedia a Deus para olhar por mim e por eles, para proteger-nos. Eram todos eles meninos pobres e sofridos. Eram levados ao crime pela força das circunstâncias. A maioria deles já havia sofrido horrores. Seus pais bebiam; viviam na miséria, na maior pobreza, e sempre num estado de revolta. Apanhávamos dos nossos pais, e nos sentíamos cada vez mais revoltados. No mundo, não éramos nada; não tínhamos nada; nem futuro, nem estudo, nem nome, nem educação; - nada! O crime dava-nos a sensação de “poder”. Naquele mundo de misérias éramos temidos, respeitados, tratados “como gente importante”... Vi muitos homens humilharem-se diante de nós e fazerem tudo o que queríamos. Realmente, infundíamos terror nas pessoas. Andávamos armados; revólveres de todos os tamanhos e marcas andavam em nossas mãos, como brinquedos. Já lá se vão mais de vinte anos que tudo isso aconteceu. Não gosto nem mesmo de lembrar-me desses acontecimentos. Porém, há um motivo que me leva a relembrar-me dessas passagens: Devo demonstrar, por FATOS, como uma Corrente Espiritual Verdadeira, positiva, apoiada em bases legítimas, realmente Cristãs, pode produzir “verdadeiros milagres”. Pode erguer e regenerar uma Alma. Eu estava praticamente perdido antes de entrar na Fraternidade. Depois que entrei MINHA VIDA MUDOU RADICALMENTE. Toda a minha família sente hoje grande respeito e admiração pela Fraternidade... Claro que tudo o que me aconteceu foram experiências pessoais, e toda a ajuda que recebi, todas as estratégias que empreguei, todos os exercícios que pratiquei, tudo, enfim, foi adequado ao meu caso individual. Cada estudante é um caso especial; tem seus problemas próprios, e, portanto há de ser ajudado de uma forma diferente e apropriada, de acordo com o seu caso.
A Fraternidade dá a mesma ajuda a todos; trata a todos com igualdade; ninguém tem privilégios. A todos oferece o mesmo Ensino, o mesmo apoio, a mesma atenção. Porém, a CORRENTE ESPIRITUAL, com sua Inteligência extraordinária, com seu Poder enorme, - AJUDA a cada estudante conforme a condição que lhe e própria. O estudante também - “há de fazer a sua parte”. A Corrente só pode realmente ajudar a aqueles “que se ajudam a si mesmos”.
Dando estes meus escritos à Fraternidade, dou o que amo e a única coisa que possuo de valor real, pois meu dinheiro só da para sustentar minha família. Só posso dar o que me sobra, e como me sobra pouco, dou pouco. Mas, o que dou, dou com amor. Espero ainda poder economizar alguma coisa, para poder dar mais. Portanto, o Professor tem plena autorização para fazer o que achar mais conveniente com estes escritos. Desta vez remeto-lhe um pouco. Depois irei lhe remetendo mais. Se não quiser receber mais nada, é só dizer. Não quero roubar seu tempo tão precioso, nem dar-lhe qualquer motivo de preocupação. Só quero aproveitar-me da sua grande generosidade, pela qual tenho a maior consideração e respeito. Quero apenas - colaborar, e não atrapalhar. O que realmente quero é estar em paz comigo mesmo, com o senhor, e com minha consciência. Tudo o que escrevi foi com amor, espontaneamente, não fui forçado a nada; fiz o que quis fazer. O que escrevi foi o resultado das minhas meditações, apenas com o intuito de aprimorar-me cada vez mais nesta arte; não andei copiando nada, nem procurei imitar a alguém.
Espero que o senhor receba isto com benevolência, e se achar que estou agindo erradamente espero que me diga com franqueza, pois o que mais desejo é colaborar, fraternalmente.
Desejo-lhe muitas felicidades, muita paz, muita iluminação, muito progresso. Espero que possamos nos entender harmoniosamente, como amigos e irmãos. Que a Paz de Deus e de Cristo esteja conosco, para sempre.
Que as Rosas floresçam sobre a vossa Cruz!
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quinta-feira, 20 de novembro de 2008
OS MISTÉRIOS DO ESQUECER E DO LEMBRAR
ESQUECER E LEMBRAR
Como todos sabem, esquecer é o oposto de lembrar... Lembrar é positivo, esquecer é negativo. (mas em certas situações, esquecer pode tornar-se positivo, e lembrar, negativo, isso veremos mais adiante).Essas duas funções do nosso ser são extremamentes importantes na nossa vida, e nelas encontram-se a chave do sucesso em qualquer empreendimento, seja espiritual, artístico, social, familiar, amoroso, religioso, filosófico, científico, literário, psicológico, físico ou relacionado ao mundo em geral!
Se observarmos a vida e o mundo com atenção, veremos que tudo é duplo. Temos dois olhos, dois ouvidos, dois pulmões, dois braços, duas pernas... Enfim, a duplicidade é um fato incontestável, tanto em nosso corpo como no Universo. Se há momentos de tristeza, há também os de alegria. Se há noite, também há dia... Se há descida, há subida. Se há falta, também há abundância. E o Equilíbrio é o resultado do bom funcionamento de todas essas duplicidades em nós e no nosso mundo. Para que a nossa vida seja plena, completa, boa, proveitosa, há de haver os dois lados, as duas faces da moeda, as duas possibilidades, e quando temos os dois (2), pode nascer o três, (3) que é o EQUILÍBRIO! O equilíbrio é o resultado da união de duas forças contrárias com a mesma intensidade, e é a través do equilíbrio que a vida pode funcionar e se expandir! Precisamos de duas pernas para poder andar bem e sem problemas, e elas têm que ser do mesmo tamanho! Se uma for mais comprida que a outra, há o desequilíbrio, e o andar não pode ser feito de forma perfeita... Qualquer coisa, portanto, em nós que seja exagerada, ou diminuída, causa transtorno em nossa vida, porque gera o desequilíbrio, e o desequilíbrio é a causa de todos os males psíquicos, orgânicos, sociais e familiares. Todas as doenças são produtos do desequilíbrio em nosso organismo. Por exemplo, o stres, que é uma doença psicológica, que depois se transforma em mal orgânico, é o resultado do excesso de movimentação, de trabalho, de atividades, seguidos de pouco descanso, pouco lazer, poucas horas de sono... E o oposto, que é o sedentarismo, gera a gordura em excesso, que também causa doenças e mortes... Para que haja saúde, portanto, há de haver as duas coisas na mesma proporção. Trabalho, atividade e lazer e descanso na mesma medida. Quando se come demais, quando se bebe demais, quando se faz sexo com exagero, ou o contrário, se come de menos, se bebe poucos líquidos, e se estrangula ou se bloqueia a energia sexual, essa serpente poderosa que mora em nosso organismo, e a ela tem que ser dada a devida atenção, pois é graças a ela que é possível a vida orgânica sobre a Terra, se não há equilíbrio, portanto, aí se pode esperar coisas desagradáveis, dores, mal-estares, insônia e outros males que só atrapalham nossa existência neste mundo! Onde há desequilíbrio, portanto, a coisa descamba para o pior... Mas onde há o equilíbrio, tudo funciona bem e a felicidade, o bem-estar, a alegria, a paz e a harmonia estão presentes. Daí, é necessário, para termos uma vida saudável em todos os sentidos, buscarmos sempre o equilíbrio em tudo. Nem oito, nem oitenta. Nem tanto ao mar, nem tanto a terra.
Voltando a falar das funções LEMBRAR e ESQUECER, essas duas capacidades tão importantes em nossa vida, devemos analisá-las, estudá-las e compreendê-las da maneira correta e justa para podermos utilizá-las para o nosso bem e desse uso adequado conseguirmos conquistar uma vida próspera, feliz e bem sucedida.
Há, sem dúvida alguma, um desequilíbrio no homem de hoje porque ele exagerou o ESQUECER, em detrimento do LEMBRAR. O homem mundano está a todo o momento buscando o ESQUECER... Para isso ele usa todos os subterfúgios possíveis... A bebida, a droga, o sexo, as diversões em geral... A maioria das coisas que o homem faz em sua vida é para “esquecer”... Esquecer o que passou, esquecer promessas que fez e agora não pode cumpri-las, esquecer dívidas que agora está impossibilitado de pagá-las, esquecer responsabilidades... Esquecer Deus... E esquecer principalmente que vai morrer um dia! O homem “comum”, adormecido, (aquele que não segue um caminho, uma Escola, uma Religião séria, aquele que não trabalha sobre si), esse homem não quer nem ouvir falar na palavra “morte”! Morrer é o último assunto que passa pela sua cabeça... Tudo o que faz é pensando na vida de prazeres e diversões, como se ele fosse viver aqui eternamente... Ou então que ele fosse viver somente aqui... Que a vida material é a única... E que não existe nada mais além da morte... Portanto ESQUECER é algo que toma conta da vida do homem durante as vinte e quatro horas existentes em cada dia... O que está faltando nele (no homem) para equilibrá-lo é o LEMBRAR! Que é o assunto principal deste ensaio, desse estudo. Mas para se saber exatamente o que é o LEMBRAR, QUAL A SUA IMPORTÂNCIA EM NOSSAS VIDAS, COMO FAZER PARA FORTALECÊ-LO, ATIVÁ-LO E AUMENTÁ-LO, temos que, em primeiro lugar estudar o ESQUECER. Que é o contrário de lembrar... O ESQUECER seria o inimigo a ser enfraquecido, vencido e conquistado para fazê-lo trabalhar a nosso favor. Quando aprendermos a dominar o ESQUECER e fazê-lo trabalhar a favor de nossa evolução, então a vida será muito melhor do que é agora!
Podemos observar que o ESQUECIMENTO é algo que tem trazido muitos aborrecimentos, muitos transtornos, muitas tragédias a humanidade e particularmente a cada um de nós... (mas às vezes, o ESQUECER torna-se imprescindível e se for bem utilizado pode fazer tão bem quanto o LEMBRAR, como veremos mais adiante). Quantas vezes esquecemos o celular em casa e deixamos de receber um aviso ou recado valioso! Quantas vezes esquecemos uma reunião importante, ou uma visita preciosa! Vou citar diversos exemplos de tipos de ESQUECIMENTOS que são prejudiciais, mas acontecem diariamente a muitos...
Uma mulher vai ao mercado para comprar sal, que está faltando em sua casa, e resolve aproveitar a viagem para comprar outras coisas... Dentro do mercado há tantos produtos, tantas prateleiras cheias de alimentos diferentes, que ela acaba se distraindo e comprando um monte de pacotes, latas de doces variados, mas ao chegar em casa percebe que comprou de quase tudo mas não comprou o essencial, que é o sal. Isso acontece muito nas vidas das pessoas. A maioria veio a este mundo com um objetivo, com uma “missão”, e no mundo há tantas atrações, tantas ilusões que a maioria esquece totalmente o que veio fazer aqui... Se envolve com mil coisas, gasta seus anos de vida e seu tempo em centenas de atividades das mais diversas e variadas, e quando volta para onde veio dá-se conta que fez de tudo, menos o essencial! (esse essencial é o que mais importa e dele falaremos mais adiante).
O dono de uma empresa vai viajar por uns meses e deixa o seu empregado de confiança para cuidar dela em sua ausência. Dá-lhe um monte de ordens, conselhos, porém, com o tempo, o empregado vai esquecendo algumas dessas ordens e conselhos, e começa a executar outras coisas diversificadas, estranhas, provenientes de sua própria cabeça... Quando o patrão chega, encontra tudo diferente do que esperava, porque o empregado esqueceu a maioria de suas ordens, não só esqueceu, mas mudou-as totalmente! E daí que o empregado é despedido por não ter cumprido criteriosamente as ordens do patrão e ter mudado a diretriz da empresa!
Gurdjieff, em seus ensinamentos aos seus alunos, narra um acontecimento que afetou toda a humanidade numa certa época muito remota a qual se perde na noite dos tempos.
Num passado distante, quando uma criança nascia, logo que ela atingia uma certa idade capaz de ouvir com atenção e compreender bem o que se lhe diziam, os pais e os avós ensinavam-lhe a VERDADE, ou seja, quem eram, de onde vieram e o que vieram fazer aqui neste mundo. Ensinavam-lhe a não mentir, a só falar a verdade, a não entregar-se à preguiça, a não desrespeitar ou desobedecer aos mais velhos, que são sempre os mais experientes, ensinavam a honrar o pai, a mãe, os avós, a amar a Deus em primeiro lugar, e ao próximo como a si mesmo. Ensinavam tudo isso e ainda contavam-lhes lindas histórias, contos, fábulas, e quando essas crianças cresciam, faziam o mesmo com seus filhos, e assim o mundo era, nesse tempo, muito diferente do que é agora! As pessoas eram mais conscientes, verdadeiras, reais, mais positivas e mais acordadas! Porém, com o tempo, um dia um pai esqueceu-se de ensinar algo ao seu filho e os avós também... Este por sua vez também se esqueceu de ministrar os tradicionais ensinamentos aos seus descendentes, e assim, aos poucos todos foram esquecendo, esquecendo, esquecendo, até que chegou-se aos dias de hoje... E nesta época triste e tenebrosa em que vivemos, apenas alguns ensinam e educam seus filhos da maneira correta e adequada... E em conseqüência, a maioria está aqui sem saber porque, sem saber de onde veio, sem saber da VERDADE, e por este motivo vive na mentira, uma vida sem meta, sem objetivo, sem ideal, acreditando que não existe nada após a morte, e que tudo termina com a falecimento do corpo! Toda essa tragédia humana na qual vivemos hoje, em que os homens parecem mais bichos do que gente, onde se mata por um nada, a mentira fala mais alto que a verdade, a ilusão é o que comanda a vida das pessoas, tudo isso se deve ao ESQUECIMENTO! O maior de todos os males do mundo! O esquecimento pode levar o homem a mais completa decadência, a paralisar sua evolução, e o LEMBRAR, ou seja, A MEMÓRIA, essa é a maravilhosa qualidade que pode erguer e levar o homem ao seu estado real, a um nível superior e divino! Por este motivo estudar e combater o ESQUECIMENTO são os atos mais sublimes que um homem pode praticar em sua vida! E o LEMBRAR é das melhores qualidades a ser dinamizada e praticada, a qual poderá salvá-lo de uma situação extremamente perigosa e ruim...
Um caso de esquecimento muito grave que foi notícias de jornais e de televisão, e que deu o que falar, é o do homem que esqueceu o bebê dentro do carro ao ir para o trabalho... Ele tinha que deixar o mesmo na creche, mas esqueceu. O bebê ficou cerca de dez horas fechado dentro do carro ao sol, sem beber leite materno ou alimentar-se... E morreu, para tristeza dos pais e de todos os familiares e amigos, e o pai foi preso por crime doloso e provavelmente, até hoje, sente-se culpado... Na verdade ele não é totalmente culpado! Isso aconteceu devido a esse grande defeito humano atual, ou desgraça que assola a humanidade: o ESQUECIMENTO... Se tivesse ativado dentro de si o LEMBRAR, que é o antídoto contra essa grave doença, com certeza não teria esquecido a criança dentro do carro.
Um piloto de avião esquece de apertar um botão qualquer do painel de vôo e pronto, acontece um desastre! Um controlador de vôos esquece de dar uma ordem de forma adequada a um piloto, e pimba! Outra tragédia... Uma dona de casa esquece um assado no forno e este vira carvão, estragando o almoço... Alguém esquece o nome de alguém e provoca emoções desagradáveis em ambos. Um aluno vai fazer a prova e esquece o que aprendeu e leva bomba. Enfim, pelo que se pode deduzir o “esquecimento” é um problema sério na vida dos seres-humanos e tem provocado mortes, tragédias, ferimentos, perdas, prejuízos financeiros (alguém esquece de pagar uma conta e depois tem que pagá-la com multas, juros e correção monetária). Outro esquece de dar os parabéns de aniversário a sua esposa e provoca uma mágoa nela, ao invés de deixá-la feliz... E assim os diversos tipos de esquecimentos vão provocando inúmeros contratempos, transtornos e aborrecimentos na vida das pessoas.
Agora vêm as perguntas: Porque se esquece? E o que se deve fazer para diminuir ou eliminar de vez os esquecimentos?
Na verdade, o que provoca o esquecimento é a falta de atenção.Se uma pessoa está atenta, não esquece... Atenção é o indivíduo manter-se concentrado em seus objetivos principais, em suas metas, em seus alvos. Quando o indivíduo está disperso, sem concentração, ele não tem meta, não tem objetivo na vida, aí pode seguir qualquer rumo incerto, como uma folha morta levada pelos ventos do acaso... E ir parar em qualquer buraco ou abismo! Mas quando ele está atento, centrado em si, que é o mesmo que estar concentrado, aí ele não esquece e faz tudo do jeito certo e com certeza atinge sua meta, seu alvo e seu objetivo!
A atenção, portanto, é a chave do segredo que ativará nossa capacidade de lembrar-se! Tudo o que se fizer para aumentar a atenção, é válido, bom, útil e fundamental!
Atenção, como a própria palavra diz, é estar “sem tensão”. É estar solto, descontraído, relaxado...
E uma das coisas que mais nos auxilia a LEMBRAR, é escrever!
“Quem escreve, não esquece”, diz um velho ditado, e é verdade. As pessoas mais bem dotadas de memória, sem dúvida algum, são os escritores! Há escritores que têm uma memória admirável, extraordinária... São capazes de lembrar detalhes de acontecimentos que outros não são. Isso porque treinaram muito. Devido a ter que escrever contos, histórias, narrar fatos, acontecimentos, tiveram que exercitar bastante suas memórias... E quem quiser ir pelo mesmo caminho deve praticar a escrita! Escrever! Mesmo que seja um simples diário! E escrever lembretes a si mesmo. Escrever bilhetinhos e colá-los em lugares estratégicos, nos espelhos da casa, por exemplo. Nas portas, próximo a maçaneta. No visor do computador. Na direção do carro... Tudo o que se deve lembrar para não esquecer de fazer, deve ser escrito!
A memória, que é o produto do LEMBRAR, o corpo por assim dizer da capacidade de lembrar, o veículo por onde o LEMBRAR pode fluir com fluidez, a memória é algo que melhora com a atenção e piora com a desatenção. Portanto MEMÓRIA e LEMBRAR são duas qualidades que andam sempre juntas. Quanto mais uma cresce e se fortalece, a outra também acompanha. Se um homem se lembra, tem memória. Se não se lembra, tem pouca memória. E a ATENÇÃO é o segredo para se melhorar tanto a memória como a capacidade de lembrar.
A Atenção aumenta e se fortalece com treino, com práticas e exercícios.
Sem esforço, sem trabalho, não se aumenta nem se fortalece a atenção.
A atenção é onde mora o “EU” superior do homem. Podemos dizer que a atenção é o veículo por onde o “EU” superior do homem, o Eu Verdadeiro pode dirigir sua vida, seu corpo e seu destino. Quando um homem está desatento não é seu “EU” que está dirigindo seu corpo e sua vida, mas o mundo, os outros, e os diversos eus que não são o “EU”, outras forças, outras entidades fora dele que o está dirigindo, e portanto não é sua vontade que está comandando, mas outras vontades estranhas, diferentes da sua... E o resultado é, sem dúvida, catastrófico e prejudicial!
Como a atenção se manifesta em nossa vida?
Ela se manifesta pela nossa VONTADE. Eu digo: QUERO ESTAR ATENTO! E então a atenção se faz presente. Agora se pergunta: Atento a que? Resposta: Atento ao momento presente, ao que está acontecendo aqui e agora. Se tem uma pessoa falando, estar atento ao que ela está dizendo. Se estamos andando numa rua, estar atento ao que está acontecendo na rua, quem está próximo à nós, o que está acontecendo em nossa volta, se há algum perigo... Há algo que possa ser bom para nós, na rua? De repente pode estar passando ao nosso lado um amigo... De repente podemos ver numa loja algo, um objeto que estamos precisando muito... Enfim, andar na rua atento a tudo o que está se passando á nossa volta... Na rua há coisas, pessoas, animais, há árvores, flores, jardins... Há paisagens... Há ruídos, cheiros, aromas, perfumes... Há todo um mundo acontecendo na rua, e será que estamos atentos a esse mundo? Ou estamos perdidos em fantasias, sonhos, pensamentos dispersos e descontrolados?...
Essa capacidade de estar atento não nasce conosco... Ela precisa ser treinada, cultivada, lapidada e trabalhada durante muitos anos para se tornar um instrumento útil, prático e precioso... Se observarmos uma criança, no início da vida, quando ainda é bem nova, ela tem atenção... Sua atenção é límpida e cristalina como seus olhos... Mas a medida que vai crescendo, vai perdendo essa capacidade de atenção... Vai sendo contagiada pela falta de atenção dos adultos que a rodeia. São muitas coisas em sua volta, muita movimentação acontecendo ao mesmo tempo, muitas pessoas desatentas falando, muitos brinquedos, muitas atrações... Ela se absorve em tudo, mas de forma descontrolada, movida pelo prazer, pelo lúdico, pela diversão... Porém, a medida que cresce o mundo vai exigindo dela um controle maior de sua atenção. Aí ela entra para o colégio, para as escolas diversas, de música, de artes, etc. Se é uma criança desatenta, que fica sonhando, divagando no meio das aulas, os professores chamam-lhe a atenção. E com o tempo ela vai melhorando, mas ainda assim é uma atenção um tanto fraca. Aqueles que têm um espírito mais evoluído, mais afinado com o Superior logo cedo mostram sua capacidade de atenção e aprendem tudo com rapidez e eficiência, destacando-se na sociedade e logo alcançando graus elevados tornado-se mestres e exemplos a serem seguidos. São músicos, artistas, esportistas, cientistas, grandes escritores, gênios... Porém aqueles que são mais atrasados, mais relapsos e preguiçosos desistem logo cedo dos estudos e passam a vida no anonimato, vivendo de forma desordenada e descontrolada, tornando-se as vezes parias da sociedade, pessoas viciadas, dependentes, que só dão trabalho as autoridades em geral. Esses não cultivam sua atenção. Os primeiros trabalham arduamente sobre ela. Existem inúmeros exercícios para se treinar e cultivar a atenção. Mais adiante falaremos deles.
Portanto a atenção é a chave para o desenvolvimento da memória. E memória, como todos sabem, é a capacidade de se lembrar. Quanto mais uma pessoa se lembra, mais tem memória! Quem tem pouca memória e não se lembra direito das coisas, ou até se lembra, mas com o tempo vai esquecendo, esquecendo, e acaba misturando as coisas, trocando nomes, colocando o que devia estar na frente, atrás, e o que devia estar atrás, na frente, etc., esses acabam prejudicando a si mesmos e aos outros. Se forem mestres ou professores, começam a ensinar tudo errado! E acabam caindo no descrédito e perdendo seus alunos. E qual o segredo para se manter vivo um conhecimento, para se mantê-lo perfeito, completo, íntegro? O segredo é vivificá-lo sempre! É colocar a atenção nele de vez em quando. É rememorá-lo à cada época... É conversar sobre ele, discorrer, discutir, expô-lo de vez em quando! Escrevê-lo! Se uma coisa deixa de ser usada, com o tempo atrofia... Se um conhecimento deixa de fazer parte de nossa vida ele vai caindo no esquecimento, como algo vivo que deixou de ser alimentado, e vai morrendo aos poucos. A vida do nosso conhecimento, a fluidez de nossa memória, está na atenção. A atenção é uma fonte de energia que vivifica tudo o que toca! A tudo o que não é dado a devida atenção mingua, morre e desaparece de nossas vidas. A tudo o que é dado a devida atenção, cresce, se fortalece e tem continuidade!
A ATENÇÃ, portanto, é o segredo mágico para se conquistar uma boa memória.
Diz Ouspensky “Nós nos lembramos somente dos momentos de consciência”. Isto significa que se uma pessoa está inconsciente, adormecida, sonhando, desatenta, no mundo da “Lua”, para ela tudo o que está acontecendo em seu redor, o momento presente, não existe... Não a penetra, não chega até ela, e, portanto, é perdido.... Ela nunca se lembrará desse momento.. Embora fique uma gravação em seu subconsciente, uma gravação feita pela Natureza, essa gravação não é dela... É algo puramente mecânico que está nela, mas não é dela! É da própria Natureza...
Só é nosso, de verdade, aquilo que foi apreendido pela nossa consciência, aquilo que foi agarrado pela nossa atenção! E esse momento de consciência que foi agarrado pela nossa atenção nunca mais será esquecido... É nosso para sempre. Abel Fernandes (continua)
Como todos sabem, esquecer é o oposto de lembrar... Lembrar é positivo, esquecer é negativo. (mas em certas situações, esquecer pode tornar-se positivo, e lembrar, negativo, isso veremos mais adiante).Essas duas funções do nosso ser são extremamentes importantes na nossa vida, e nelas encontram-se a chave do sucesso em qualquer empreendimento, seja espiritual, artístico, social, familiar, amoroso, religioso, filosófico, científico, literário, psicológico, físico ou relacionado ao mundo em geral!
Se observarmos a vida e o mundo com atenção, veremos que tudo é duplo. Temos dois olhos, dois ouvidos, dois pulmões, dois braços, duas pernas... Enfim, a duplicidade é um fato incontestável, tanto em nosso corpo como no Universo. Se há momentos de tristeza, há também os de alegria. Se há noite, também há dia... Se há descida, há subida. Se há falta, também há abundância. E o Equilíbrio é o resultado do bom funcionamento de todas essas duplicidades em nós e no nosso mundo. Para que a nossa vida seja plena, completa, boa, proveitosa, há de haver os dois lados, as duas faces da moeda, as duas possibilidades, e quando temos os dois (2), pode nascer o três, (3) que é o EQUILÍBRIO! O equilíbrio é o resultado da união de duas forças contrárias com a mesma intensidade, e é a través do equilíbrio que a vida pode funcionar e se expandir! Precisamos de duas pernas para poder andar bem e sem problemas, e elas têm que ser do mesmo tamanho! Se uma for mais comprida que a outra, há o desequilíbrio, e o andar não pode ser feito de forma perfeita... Qualquer coisa, portanto, em nós que seja exagerada, ou diminuída, causa transtorno em nossa vida, porque gera o desequilíbrio, e o desequilíbrio é a causa de todos os males psíquicos, orgânicos, sociais e familiares. Todas as doenças são produtos do desequilíbrio em nosso organismo. Por exemplo, o stres, que é uma doença psicológica, que depois se transforma em mal orgânico, é o resultado do excesso de movimentação, de trabalho, de atividades, seguidos de pouco descanso, pouco lazer, poucas horas de sono... E o oposto, que é o sedentarismo, gera a gordura em excesso, que também causa doenças e mortes... Para que haja saúde, portanto, há de haver as duas coisas na mesma proporção. Trabalho, atividade e lazer e descanso na mesma medida. Quando se come demais, quando se bebe demais, quando se faz sexo com exagero, ou o contrário, se come de menos, se bebe poucos líquidos, e se estrangula ou se bloqueia a energia sexual, essa serpente poderosa que mora em nosso organismo, e a ela tem que ser dada a devida atenção, pois é graças a ela que é possível a vida orgânica sobre a Terra, se não há equilíbrio, portanto, aí se pode esperar coisas desagradáveis, dores, mal-estares, insônia e outros males que só atrapalham nossa existência neste mundo! Onde há desequilíbrio, portanto, a coisa descamba para o pior... Mas onde há o equilíbrio, tudo funciona bem e a felicidade, o bem-estar, a alegria, a paz e a harmonia estão presentes. Daí, é necessário, para termos uma vida saudável em todos os sentidos, buscarmos sempre o equilíbrio em tudo. Nem oito, nem oitenta. Nem tanto ao mar, nem tanto a terra.
Voltando a falar das funções LEMBRAR e ESQUECER, essas duas capacidades tão importantes em nossa vida, devemos analisá-las, estudá-las e compreendê-las da maneira correta e justa para podermos utilizá-las para o nosso bem e desse uso adequado conseguirmos conquistar uma vida próspera, feliz e bem sucedida.
Há, sem dúvida alguma, um desequilíbrio no homem de hoje porque ele exagerou o ESQUECER, em detrimento do LEMBRAR. O homem mundano está a todo o momento buscando o ESQUECER... Para isso ele usa todos os subterfúgios possíveis... A bebida, a droga, o sexo, as diversões em geral... A maioria das coisas que o homem faz em sua vida é para “esquecer”... Esquecer o que passou, esquecer promessas que fez e agora não pode cumpri-las, esquecer dívidas que agora está impossibilitado de pagá-las, esquecer responsabilidades... Esquecer Deus... E esquecer principalmente que vai morrer um dia! O homem “comum”, adormecido, (aquele que não segue um caminho, uma Escola, uma Religião séria, aquele que não trabalha sobre si), esse homem não quer nem ouvir falar na palavra “morte”! Morrer é o último assunto que passa pela sua cabeça... Tudo o que faz é pensando na vida de prazeres e diversões, como se ele fosse viver aqui eternamente... Ou então que ele fosse viver somente aqui... Que a vida material é a única... E que não existe nada mais além da morte... Portanto ESQUECER é algo que toma conta da vida do homem durante as vinte e quatro horas existentes em cada dia... O que está faltando nele (no homem) para equilibrá-lo é o LEMBRAR! Que é o assunto principal deste ensaio, desse estudo. Mas para se saber exatamente o que é o LEMBRAR, QUAL A SUA IMPORTÂNCIA EM NOSSAS VIDAS, COMO FAZER PARA FORTALECÊ-LO, ATIVÁ-LO E AUMENTÁ-LO, temos que, em primeiro lugar estudar o ESQUECER. Que é o contrário de lembrar... O ESQUECER seria o inimigo a ser enfraquecido, vencido e conquistado para fazê-lo trabalhar a nosso favor. Quando aprendermos a dominar o ESQUECER e fazê-lo trabalhar a favor de nossa evolução, então a vida será muito melhor do que é agora!
Podemos observar que o ESQUECIMENTO é algo que tem trazido muitos aborrecimentos, muitos transtornos, muitas tragédias a humanidade e particularmente a cada um de nós... (mas às vezes, o ESQUECER torna-se imprescindível e se for bem utilizado pode fazer tão bem quanto o LEMBRAR, como veremos mais adiante). Quantas vezes esquecemos o celular em casa e deixamos de receber um aviso ou recado valioso! Quantas vezes esquecemos uma reunião importante, ou uma visita preciosa! Vou citar diversos exemplos de tipos de ESQUECIMENTOS que são prejudiciais, mas acontecem diariamente a muitos...
Uma mulher vai ao mercado para comprar sal, que está faltando em sua casa, e resolve aproveitar a viagem para comprar outras coisas... Dentro do mercado há tantos produtos, tantas prateleiras cheias de alimentos diferentes, que ela acaba se distraindo e comprando um monte de pacotes, latas de doces variados, mas ao chegar em casa percebe que comprou de quase tudo mas não comprou o essencial, que é o sal. Isso acontece muito nas vidas das pessoas. A maioria veio a este mundo com um objetivo, com uma “missão”, e no mundo há tantas atrações, tantas ilusões que a maioria esquece totalmente o que veio fazer aqui... Se envolve com mil coisas, gasta seus anos de vida e seu tempo em centenas de atividades das mais diversas e variadas, e quando volta para onde veio dá-se conta que fez de tudo, menos o essencial! (esse essencial é o que mais importa e dele falaremos mais adiante).
O dono de uma empresa vai viajar por uns meses e deixa o seu empregado de confiança para cuidar dela em sua ausência. Dá-lhe um monte de ordens, conselhos, porém, com o tempo, o empregado vai esquecendo algumas dessas ordens e conselhos, e começa a executar outras coisas diversificadas, estranhas, provenientes de sua própria cabeça... Quando o patrão chega, encontra tudo diferente do que esperava, porque o empregado esqueceu a maioria de suas ordens, não só esqueceu, mas mudou-as totalmente! E daí que o empregado é despedido por não ter cumprido criteriosamente as ordens do patrão e ter mudado a diretriz da empresa!
Gurdjieff, em seus ensinamentos aos seus alunos, narra um acontecimento que afetou toda a humanidade numa certa época muito remota a qual se perde na noite dos tempos.
Num passado distante, quando uma criança nascia, logo que ela atingia uma certa idade capaz de ouvir com atenção e compreender bem o que se lhe diziam, os pais e os avós ensinavam-lhe a VERDADE, ou seja, quem eram, de onde vieram e o que vieram fazer aqui neste mundo. Ensinavam-lhe a não mentir, a só falar a verdade, a não entregar-se à preguiça, a não desrespeitar ou desobedecer aos mais velhos, que são sempre os mais experientes, ensinavam a honrar o pai, a mãe, os avós, a amar a Deus em primeiro lugar, e ao próximo como a si mesmo. Ensinavam tudo isso e ainda contavam-lhes lindas histórias, contos, fábulas, e quando essas crianças cresciam, faziam o mesmo com seus filhos, e assim o mundo era, nesse tempo, muito diferente do que é agora! As pessoas eram mais conscientes, verdadeiras, reais, mais positivas e mais acordadas! Porém, com o tempo, um dia um pai esqueceu-se de ensinar algo ao seu filho e os avós também... Este por sua vez também se esqueceu de ministrar os tradicionais ensinamentos aos seus descendentes, e assim, aos poucos todos foram esquecendo, esquecendo, esquecendo, até que chegou-se aos dias de hoje... E nesta época triste e tenebrosa em que vivemos, apenas alguns ensinam e educam seus filhos da maneira correta e adequada... E em conseqüência, a maioria está aqui sem saber porque, sem saber de onde veio, sem saber da VERDADE, e por este motivo vive na mentira, uma vida sem meta, sem objetivo, sem ideal, acreditando que não existe nada após a morte, e que tudo termina com a falecimento do corpo! Toda essa tragédia humana na qual vivemos hoje, em que os homens parecem mais bichos do que gente, onde se mata por um nada, a mentira fala mais alto que a verdade, a ilusão é o que comanda a vida das pessoas, tudo isso se deve ao ESQUECIMENTO! O maior de todos os males do mundo! O esquecimento pode levar o homem a mais completa decadência, a paralisar sua evolução, e o LEMBRAR, ou seja, A MEMÓRIA, essa é a maravilhosa qualidade que pode erguer e levar o homem ao seu estado real, a um nível superior e divino! Por este motivo estudar e combater o ESQUECIMENTO são os atos mais sublimes que um homem pode praticar em sua vida! E o LEMBRAR é das melhores qualidades a ser dinamizada e praticada, a qual poderá salvá-lo de uma situação extremamente perigosa e ruim...
Um caso de esquecimento muito grave que foi notícias de jornais e de televisão, e que deu o que falar, é o do homem que esqueceu o bebê dentro do carro ao ir para o trabalho... Ele tinha que deixar o mesmo na creche, mas esqueceu. O bebê ficou cerca de dez horas fechado dentro do carro ao sol, sem beber leite materno ou alimentar-se... E morreu, para tristeza dos pais e de todos os familiares e amigos, e o pai foi preso por crime doloso e provavelmente, até hoje, sente-se culpado... Na verdade ele não é totalmente culpado! Isso aconteceu devido a esse grande defeito humano atual, ou desgraça que assola a humanidade: o ESQUECIMENTO... Se tivesse ativado dentro de si o LEMBRAR, que é o antídoto contra essa grave doença, com certeza não teria esquecido a criança dentro do carro.
Um piloto de avião esquece de apertar um botão qualquer do painel de vôo e pronto, acontece um desastre! Um controlador de vôos esquece de dar uma ordem de forma adequada a um piloto, e pimba! Outra tragédia... Uma dona de casa esquece um assado no forno e este vira carvão, estragando o almoço... Alguém esquece o nome de alguém e provoca emoções desagradáveis em ambos. Um aluno vai fazer a prova e esquece o que aprendeu e leva bomba. Enfim, pelo que se pode deduzir o “esquecimento” é um problema sério na vida dos seres-humanos e tem provocado mortes, tragédias, ferimentos, perdas, prejuízos financeiros (alguém esquece de pagar uma conta e depois tem que pagá-la com multas, juros e correção monetária). Outro esquece de dar os parabéns de aniversário a sua esposa e provoca uma mágoa nela, ao invés de deixá-la feliz... E assim os diversos tipos de esquecimentos vão provocando inúmeros contratempos, transtornos e aborrecimentos na vida das pessoas.
Agora vêm as perguntas: Porque se esquece? E o que se deve fazer para diminuir ou eliminar de vez os esquecimentos?
Na verdade, o que provoca o esquecimento é a falta de atenção.Se uma pessoa está atenta, não esquece... Atenção é o indivíduo manter-se concentrado em seus objetivos principais, em suas metas, em seus alvos. Quando o indivíduo está disperso, sem concentração, ele não tem meta, não tem objetivo na vida, aí pode seguir qualquer rumo incerto, como uma folha morta levada pelos ventos do acaso... E ir parar em qualquer buraco ou abismo! Mas quando ele está atento, centrado em si, que é o mesmo que estar concentrado, aí ele não esquece e faz tudo do jeito certo e com certeza atinge sua meta, seu alvo e seu objetivo!
A atenção, portanto, é a chave do segredo que ativará nossa capacidade de lembrar-se! Tudo o que se fizer para aumentar a atenção, é válido, bom, útil e fundamental!
Atenção, como a própria palavra diz, é estar “sem tensão”. É estar solto, descontraído, relaxado...
E uma das coisas que mais nos auxilia a LEMBRAR, é escrever!
“Quem escreve, não esquece”, diz um velho ditado, e é verdade. As pessoas mais bem dotadas de memória, sem dúvida algum, são os escritores! Há escritores que têm uma memória admirável, extraordinária... São capazes de lembrar detalhes de acontecimentos que outros não são. Isso porque treinaram muito. Devido a ter que escrever contos, histórias, narrar fatos, acontecimentos, tiveram que exercitar bastante suas memórias... E quem quiser ir pelo mesmo caminho deve praticar a escrita! Escrever! Mesmo que seja um simples diário! E escrever lembretes a si mesmo. Escrever bilhetinhos e colá-los em lugares estratégicos, nos espelhos da casa, por exemplo. Nas portas, próximo a maçaneta. No visor do computador. Na direção do carro... Tudo o que se deve lembrar para não esquecer de fazer, deve ser escrito!
A memória, que é o produto do LEMBRAR, o corpo por assim dizer da capacidade de lembrar, o veículo por onde o LEMBRAR pode fluir com fluidez, a memória é algo que melhora com a atenção e piora com a desatenção. Portanto MEMÓRIA e LEMBRAR são duas qualidades que andam sempre juntas. Quanto mais uma cresce e se fortalece, a outra também acompanha. Se um homem se lembra, tem memória. Se não se lembra, tem pouca memória. E a ATENÇÃO é o segredo para se melhorar tanto a memória como a capacidade de lembrar.
A Atenção aumenta e se fortalece com treino, com práticas e exercícios.
Sem esforço, sem trabalho, não se aumenta nem se fortalece a atenção.
A atenção é onde mora o “EU” superior do homem. Podemos dizer que a atenção é o veículo por onde o “EU” superior do homem, o Eu Verdadeiro pode dirigir sua vida, seu corpo e seu destino. Quando um homem está desatento não é seu “EU” que está dirigindo seu corpo e sua vida, mas o mundo, os outros, e os diversos eus que não são o “EU”, outras forças, outras entidades fora dele que o está dirigindo, e portanto não é sua vontade que está comandando, mas outras vontades estranhas, diferentes da sua... E o resultado é, sem dúvida, catastrófico e prejudicial!
Como a atenção se manifesta em nossa vida?
Ela se manifesta pela nossa VONTADE. Eu digo: QUERO ESTAR ATENTO! E então a atenção se faz presente. Agora se pergunta: Atento a que? Resposta: Atento ao momento presente, ao que está acontecendo aqui e agora. Se tem uma pessoa falando, estar atento ao que ela está dizendo. Se estamos andando numa rua, estar atento ao que está acontecendo na rua, quem está próximo à nós, o que está acontecendo em nossa volta, se há algum perigo... Há algo que possa ser bom para nós, na rua? De repente pode estar passando ao nosso lado um amigo... De repente podemos ver numa loja algo, um objeto que estamos precisando muito... Enfim, andar na rua atento a tudo o que está se passando á nossa volta... Na rua há coisas, pessoas, animais, há árvores, flores, jardins... Há paisagens... Há ruídos, cheiros, aromas, perfumes... Há todo um mundo acontecendo na rua, e será que estamos atentos a esse mundo? Ou estamos perdidos em fantasias, sonhos, pensamentos dispersos e descontrolados?...
Essa capacidade de estar atento não nasce conosco... Ela precisa ser treinada, cultivada, lapidada e trabalhada durante muitos anos para se tornar um instrumento útil, prático e precioso... Se observarmos uma criança, no início da vida, quando ainda é bem nova, ela tem atenção... Sua atenção é límpida e cristalina como seus olhos... Mas a medida que vai crescendo, vai perdendo essa capacidade de atenção... Vai sendo contagiada pela falta de atenção dos adultos que a rodeia. São muitas coisas em sua volta, muita movimentação acontecendo ao mesmo tempo, muitas pessoas desatentas falando, muitos brinquedos, muitas atrações... Ela se absorve em tudo, mas de forma descontrolada, movida pelo prazer, pelo lúdico, pela diversão... Porém, a medida que cresce o mundo vai exigindo dela um controle maior de sua atenção. Aí ela entra para o colégio, para as escolas diversas, de música, de artes, etc. Se é uma criança desatenta, que fica sonhando, divagando no meio das aulas, os professores chamam-lhe a atenção. E com o tempo ela vai melhorando, mas ainda assim é uma atenção um tanto fraca. Aqueles que têm um espírito mais evoluído, mais afinado com o Superior logo cedo mostram sua capacidade de atenção e aprendem tudo com rapidez e eficiência, destacando-se na sociedade e logo alcançando graus elevados tornado-se mestres e exemplos a serem seguidos. São músicos, artistas, esportistas, cientistas, grandes escritores, gênios... Porém aqueles que são mais atrasados, mais relapsos e preguiçosos desistem logo cedo dos estudos e passam a vida no anonimato, vivendo de forma desordenada e descontrolada, tornando-se as vezes parias da sociedade, pessoas viciadas, dependentes, que só dão trabalho as autoridades em geral. Esses não cultivam sua atenção. Os primeiros trabalham arduamente sobre ela. Existem inúmeros exercícios para se treinar e cultivar a atenção. Mais adiante falaremos deles.
Portanto a atenção é a chave para o desenvolvimento da memória. E memória, como todos sabem, é a capacidade de se lembrar. Quanto mais uma pessoa se lembra, mais tem memória! Quem tem pouca memória e não se lembra direito das coisas, ou até se lembra, mas com o tempo vai esquecendo, esquecendo, e acaba misturando as coisas, trocando nomes, colocando o que devia estar na frente, atrás, e o que devia estar atrás, na frente, etc., esses acabam prejudicando a si mesmos e aos outros. Se forem mestres ou professores, começam a ensinar tudo errado! E acabam caindo no descrédito e perdendo seus alunos. E qual o segredo para se manter vivo um conhecimento, para se mantê-lo perfeito, completo, íntegro? O segredo é vivificá-lo sempre! É colocar a atenção nele de vez em quando. É rememorá-lo à cada época... É conversar sobre ele, discorrer, discutir, expô-lo de vez em quando! Escrevê-lo! Se uma coisa deixa de ser usada, com o tempo atrofia... Se um conhecimento deixa de fazer parte de nossa vida ele vai caindo no esquecimento, como algo vivo que deixou de ser alimentado, e vai morrendo aos poucos. A vida do nosso conhecimento, a fluidez de nossa memória, está na atenção. A atenção é uma fonte de energia que vivifica tudo o que toca! A tudo o que não é dado a devida atenção mingua, morre e desaparece de nossas vidas. A tudo o que é dado a devida atenção, cresce, se fortalece e tem continuidade!
A ATENÇÃ, portanto, é o segredo mágico para se conquistar uma boa memória.
Diz Ouspensky “Nós nos lembramos somente dos momentos de consciência”. Isto significa que se uma pessoa está inconsciente, adormecida, sonhando, desatenta, no mundo da “Lua”, para ela tudo o que está acontecendo em seu redor, o momento presente, não existe... Não a penetra, não chega até ela, e, portanto, é perdido.... Ela nunca se lembrará desse momento.. Embora fique uma gravação em seu subconsciente, uma gravação feita pela Natureza, essa gravação não é dela... É algo puramente mecânico que está nela, mas não é dela! É da própria Natureza...
Só é nosso, de verdade, aquilo que foi apreendido pela nossa consciência, aquilo que foi agarrado pela nossa atenção! E esse momento de consciência que foi agarrado pela nossa atenção nunca mais será esquecido... É nosso para sempre. Abel Fernandes (continua)
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
AXIOMAS HERMÉTICOS DE ELIPHAS LEVI
1 - Nada resiste à Vontade do Homem, quando ele sabe a verdade e quer o Bem!
II - Querer o mal é querer a morte. Uma vontade perversa é um começo de suicídio!
III - Querer o Bem com violência é querer o mal, porque a violência produz a desordem, e a desordem produzo mal!
IV - Pode-se admitir o mal como meio de se chegar ao bem; porém nunca se deve querê-lo ou fazê-lo; aliás, assim se destruiria com uma das mãos o que se edifica com a outra. A Boa Fé nunca justifica os maus meios; ela os corrige quando a gente é vítima deles, e os condena quando a gente os emprega.
V - Para ter-se o direito de possuir sempre é preciso querer pacientemente, e por muito tempo.
VI - Passar a Vida a querer o que é impossível possuir sempre é renunciar à Vida e aceitar a eternidade da morte!
VII - Quanto mais a Vontade vence obstáculos, mais ela é forte. Foi por isso que Cristo glorificou a Pobreza e a Dor.
VIII - Quando a Vontade é voltada ao absurdo, ela é reprovada pela eterna Razão!
IX - A Vontade do Homem Justo é a própria Vontade de Deus, e a Lei da Natureza.
X - É pela Vontade que a inteligência vê. Se a Vontade é sã, a visão é Justa! Deus disse: “FAÇA-SE A LUZ!” - e a Luz existiu. A Vontade diz: “SEJA O MUNDO COMO QUERO VÊ-LO!”- E a inteligência o vê assim como a vontade quis. É o que significam as palavras — “ASSIM SEJA!” - que confirmam os atos de Fé.
XI - Quando a gente cria fantasmas, dá a existência a vampiros, e será necessário alimentar esses filhos de um pesadelo voluntário, com seu sangue, sua Vida, sua Inteligência e sua Razão, sem saciá-los nunca!
XII - Afirmar e querer aquilo que deve ser é criar; - afirmar o que não deve ser é destruir!
XIII - A Luz é um fogo elétrico posto a serviço da Vontade; ela alumia os que sabem empregá-la, e queima os que abusam dela.
XIV - O Império do mundo é o Império da “Luz” (do Entendimento).
XV - As grandes Inteligências, cujas Vontades se equilibram mal, assemelham-se aos Cometas, que são como Sóis abortados.
XVI - Nada fazer é tão funesto como fazer o mal, porém é mais covarde. O mais imperdoável dos pecados é a inércia, ou a preguiça.
XVII - Sofrer é realizar algo. Uma grande dor é um progresso realizado. Os que sofrem muito vivem mais do que aqueles que não sofrem!
XVIII - A Morte voluntária, por devotamento, não é um suicídio; é a apoteose da Vontade!
XIX - O Medo é apenas uma preguiça da Vontade; por isso é que a opinião pública abate os covardes.
XX - Chegai a não temer o leão, e o leão vos temerá. Dizei à dor: “quero que sejas um prazer, mais até do que prazer — uma Felicidade.
XXI - Uma cadeia de ferro é mais fácil de romper do que uma cadeia de flores!
XXII - Antes de declarar-se se um Homem é feliz ou infeliz, procure saber o que fez na direção da sua Vontade. Tibério morria todos os dias em Capréia; ao passo que Jesus provou sua imortalidade e até sua Divindade no Calvário e na Cruz!
Eliphas Levi
terça-feira, 18 de novembro de 2008
MEU MAIS ESTRANHO SONHO CONSCIENTE
UM SONHO EXTRAORDINÁRIO
São Paulo, 21 de janeiro de 1995
Caro Amigo Nelson.
Agora são 5, 35 da manhã.
Acabo de ter um sonho extraordinário e vim correndo escrevê-lo para não esquecer os detalhes.
Eu estava sonhado um sonho comum.
O lugar era Colatina, estado do Espírito Santo.
Várias pessoas faziam uma macumba. Entre essas pessoas algumas eram conhecidas. Genésio, (meu padrinho de casamento) Américo, Raul, Lala, (cunhados) Sr. Mauro, (meu sogro) etc.
Começou uma briga feia, de faca. Alguém esfaqueou alguém. De repente o defunto virou “zumbi”, levantou-se e começou a perseguir-nos. Uma pessoa disse. Ele é perigoso!... Temos que fugir porque ninguém pode com ele!... Não há como matá-lo porque já é um defunto! Tem a força de muitos homens... Nada pode segurá-lo. Vai nos perseguir até os confins do mundo, porque não precisa comer, nem beber, nem descansar e tem força descomunal!
O Genésio era o pai de santo e liderava a fuga.
Meu medo era tão grande que acordei suado e ofegante.
Imediatamente vieram-me muitas “imaginações”, porém eu afirmava e repetia a mim mesmo “Calma... Não é nada. Apenas um pesadelo...”
No sonho havia uma mulher (LALA, irmã da Kiza, primeira mulher do Kioshi, mãe do Sidi) que entoava uma melodia de terreiro, e essa melodia nos hipnotizava e enfeitiçava a todos...
Já acordado, continuei ouvindo a tal melodia; vinha de longe, mas era bem audível. Talvez proviesse de algum terreiro de macumba próximo de casa.
Tapei os ouvidos com o travesseiro e voltei a dormir.
Comecei a sonhar outro sonho.
O lugar do sonho era Colatina novamente, porém, cenas da minha infância em São Paulo, Vila Santa Isabel (onde passei a infância com o Kioshi), também se misturavam no sonho.
Eu brincava de voar. Agarrado a uma enorme pipa colorida presa por uma linha grossa eu voava muito alto. Da altura de um avião. Via o mundo lá em baixo pequeno, o cabo (ou linha) sumia nas profundezas e eu estava tão alto, mas tão alto que (não sei como) eu ouvia o seu Mauro (meu sogro) comentando com meu pai e outras pessoas que estavam lá em baixo olhando para cima: “Nossa, desta vez ele foi alto mesmo! Meu Deus, que perigo!”
Comecei a ficar preocupado e com medo de a linha arrebentar. Se isso acontecesse, onde eu iria parar?
E não é que a linha arrebentou mesmo!
Comecei a ser arrastado pelo vento para lugares estranhos e desconhecidos...
Caia lentamente, e à medida que caia, paisagens estranhas passavam por mim.
Vales, montanhas, fazendas. Pensei: Nessas alturas devo estar passando pelos Estados Unidos. Estou perdido! Devo ter ficado desesperado e comecei a falar a mim mesmo: “Não precisa ter medo que isso é apenas um sonho. Daqui a pouco acordo em casa e esqueço tudo... Isto é um sonho! É um sonho! É um sonh... Foi aí que acordei no sonho. Disse-me a mim: “Ora, se isto é um sonho eu posso voar. Como o Super-homem. E ZAZ! Comecei a voar livremente”. Estava eu, no alto de uma cidade e fui abaixando para ver os detalhes. Via ruas, casas, quintais, tudo com nitidez e clareza. Tudo era muito limpo e cristalino... Mas cada vez que eu fixava-me demasiado num detalhe qualquer, a cena começava a virar sonho comum. Já era Vila Santa Isabel de novo, com pessoas do Rio e Espírito Santo andando por lá...
Então eu tornava a lembrar-me que estava sonhando e voltava a despertar no sonho.
Ao voar no sonho eu sentia uma alegria indescritível.
Era como se eu tivesse recuperado algo perdido à muito, muito tempo...
Voava livre, como uma libélula, como um pássaro, ora para cima, ora para baixo; ia para a esquerda, direita, com uma leveza impossível de relatar. E tudo era magnífico! O azul do céu, as paisagens, os campos, os prados, os rios, as casas...
Tudo maravilhoso. Parecia que eu fazia parte de um filme colorido e musical de Walt Disney onde eu era o Peter Pã.
Eu sentia cada fibra do meu corpo, e junto, a sensação gostosa de voar... Voar livre! O vento batia em mim e eu estava ali, totalmente desperto, fora do corpo... Com todo o tempo disponível para estudar a situação e fazer qualquer tipo de experiência. Mas o que me atrapalhava é que a todo o momento vinham-me preocupações que prejudicavam tudo, tais como: “Será que eu morri? Será que não tem nenhum monstro por aqui? E se eu não acordar mais? Preciso acordar e escrever tudo isto!”.
Lembro-me claramente que no lugar em que eu voava havia lugares com muita luz do sol, e outros lugares sombrios, noturnos, frios... Era como se eu estivesse bem na fronteira do mundo onde a noite se encontra com o dia. Meio
metro de um lado era noite. Meio metro do outro, era dia.
O fato é que, ao sol eu me sentia bem, cheio de energias, de ânimo, de coragem, de prazer. Mas nos lugares noturnos eu sentia frio, desânimo, fraqueza. Então eu me esforçava para manter-me só nos lugares de sol. Porém, a todo o momento, eu era puxado para os lugares sombrios...
Creio que cada vez que uma preocupação, ou um receio qualquer me vinha à mente, eu caia para os lugares sombrios.
Parecia que “lembrar e esquecer” era a chave, o segredo para manter-me nos lugares do sol.
Se eu me lembrasse a todo o momento de mim mesmo, que estava sonhando, e mantivesse a sensação do corpo, eu permanecia nos lugares de sol.
Se eu me esquecesse de mim mesmo, e começasse divagar, a preocupar-me; “será que morri? Será que vou voltar a acordar?” ia para os lugares sombrios.
De repente, ao conseguir permanecer por muito tempo ao sol, veio-me aquela sensação maravilhosa de que eu sabia tudo! Sei tudo em espírito, porém, quando volto ao corpo no “dia a dia” comum, esqueço tudo novamente! “EU SEI TUDO, POREM, QUANDO ESTOU NO MUNDO COTIDIANO, BATALHANDO PARA GANHAR O PÃO DE CADA DIA, IDENTIFICADO COM O CORPO, ESQUEÇO TUDO O QUE SEI DE MIM MESMO! Esqueço quem sou, de onde vim, etc... Parece que um véu escuro cobre meu rosto e meus olhos... Fica tudo embaçado, difuso, confuso... Resta apenas uma lembrança, uma saudade...
Mas aí comecei a perceber que eu estava prestes a descobrir uma VERDADE EXTRAORDINÁRIA! A qualquer momento, algo que está sempre oculto ia ser-me revelado!
Enfim, durante o prosseguimento do sonho acompanhava-me a estranha sensação que algo misterioso, uma verdade terrível estava para ser-me revelada a qualquer momento!
De repente, quase explodi de felicidade ao vir-me à mente, como num turbilhão, uma enorme quantidade de cenas da minha infância, que eu havia esquecido totalmente.
Quando eu era pequeno, talvez aos três ou quatro anos, seres do mundo invisível me ensinavam a sair do corpo, a voar, a subir, descer, etc. Havia vários seres que me ensinavam de tudo!
Vinham brincar comigo na forma de amigos. (mas só eu os via).
Um deles me “empinava” como se eu fosse uma pipa viva. A linha era o meu cordão prateado (um fio brilhante que liga o Espírito ao corpo.). Outro me ensinava a voar. Ele me dava dois pequenos discos mágicos. Um era de ouro. O outro de prata. Eu segurava os dois discos, um em cada mão, esticava-os acima da minha cabeça e, como se fossem pequenos discos voadores, eles me puxavam. Levavam-me para onde eu quisesse ir. Eles me suspendiam do chão e puxavam-me. Obedeciam minha vontade.
Havia um ser mais velho, de barba branca, sempre sorridente, que me ensinava muitas coisas... (Todas as pessoas, principalmente os espiritualistas, os ocultistas, os religiosos e aqueles que acreditam no Espírito, passam por essas experiências durante a infância, mas depois, a medida que vão crescendo, ficando adultos, vão esquecendo totalmente desses acontecimentos...)
Dizia ele que o segredo de tudo está na vontade e na imaginação.
O disco dourado era o representante da vontade, e o de prata, o
da imaginação.
Nisto me veio à mente: Sol e Lua. E todo o segredo do Universo está contido nesses dois discos!
O homem pode ter, ser e ir para onde quiser. Onde desejar. É só usar sua vontade, que vem do Sol. E pode criar o que quiser. Pode, inclusive criar um mundo só para si e viver dentro dele! É só usar sua imaginação, que vem da Lua.
Porém, essa vontade e imaginação não são aquelas que pensamos que conhecemos, ou seja, as que aprendemos na escola, ou lemos nos dicionários, nos livros.
Trata-se de algo muito diferente!
Sobre a vontade é quase impossível descrevê-la. E um impulso que vem do meio do corpo, das profundezas do ser. Só quando a experimentarmos um dia, poderemos saber o que é. Quanto a imaginação é possível ter-se uma vaga idéia: ela é feita de mil cores vivas e cambiantes. (Quando se toma chá vêem-se imagens multicoloridas. É desse material que é feita a verdadeira imaginação.)
De repente, aquela verdade, aquele conhecimento que estava prestes a ser-me revelado, veio-me num estalo.
“Um Ser imenso, gigantesco, quase do tamanho do Mundo, é que nos imagina e comanda-nos com sua vontade! Ele usa-nos como se fôssemos brinquedos, ou melhor, peões, fantoches dele...”
“Toda a humanidade é escrava dele!”
“Mas se criarmos em nós um Eu individual, um “EU SOU” separado, nosso, criado por nós mesmos conforme as leis do Trabalho, algo que seja permanente, nós nos libertamos dele!”
“Toda a humanidade serve a esse Ser inconscientemente. (Ele é consciente! Criou-nos para servirmos a Ele!) Porém, a alguns poucos foi dada a possibilidade de libertar-se dele!” Esses poucos estão sendo treinados duramente no mundo!... Alguns estão em situação muito difícil. Em extrema pobreza, miséria, outros são confinados em prisões escuras, são torturados e passam por terríveis provações. Isso vem acontecendo há milhares de anos... Muitos estão paralíticos, impossibilitados de movimentos físicos! Seus corpos sofrem tanto que eles são praticamente obrigados a “saírem dele” de vez em quando. Só assim podem “desprender-se da matéria”. (Estes são os rebeldes, os que se rebelaram em servir o Grande Ser do Mundo! Quanto mais estão “mortos” para a vida mundana, privados de prazeres, confortos, riquezas, mais estão vivos para a vida espiritual... Alguns escolheram a vida difícil de privações por sua livre e espontânea vontade; (são os santos, os ascetas e eremitas...) Outros foram “obrigados a viver a vida difícil” para “acordarem para a vida espiritual”. Contudo; uma vez despertos, podem livrar-se de suas privações e sofrimentos e tornarem cidadãos normais, alguns até bastante ricos e poderosos no mundo, mas cuja riqueza é adquirida sempre honestamente, a custa do próprio trabalho e esforços conscientes... Alguns ganham muito dinheiro escrevendo suas histórias e livros, que tornam-se de grande interesse ao público estudioso desses assuntos, outros se dão bem fundando uma Escola, uma Religião... Mas a maioria daqueles que são os “poderosos desse mundo”, cercados de riquezas adquiridas na maioria das vezes desonestamente, como os políticos, os mafiosos, sempre cercados de luxo e prazeres, de confortos, etc., na verdade, estão dormindo e não passam de “escravos inconscientes” desse Ser gigantesco do Mundo... Pensam que tem um EU e que tudo o que possuem vêem deles. Mas estão totalmente enganados! Quando descobrirem isto, já será muito tarde...”
Essas verdades (que não sei se são verdades ou produtos do meu sonho estranho e singular) me fizeram lembrar, naquele momento, de vários iniciados que conseguiram sair do corpo devido a uma vida extremamente dura e penosa, tais como PAPILLON, (que era capaz de sair do corpo conscientemente) como o homem da máscara de ferro, de Vitor Hugo, como o “Conde de Monte Cristo”, como o francês do livro “Andarilho das Estrelas” de Jack London que era amarrado por duas camisas de força e torturado à noite inteira numa prisão da França, mais seu espírito saia do corpo e ia correr pelos campos, livre como uma borboleta; lembrei-me dos santos que foram torturados, queimados vivos em outros tempos, e de Don Juan que afirma que alguns dos feiticeiros antigos entregaram-se às práticas mais bizarras e tortuosas tais como ficarem sem comer durante meses, ou privarem-se da luz, dos movimentos do corpo, ou até enterrarem-se durante anos, só para criarem seus sósias, seus “segundos-corpos! E também há os faquires do Oriente, alguns até citados por Gurdjieff...
O interessante é que naqueles momentos de sonho consciente, minha mente era tão “límpida e cristalina” que as verdades vinham em borbotões e em quantidades inacreditáveis...
O que me veio naqueles poucos instantes de consciência daria para escrever vários livros...
Algo que me marcou profundamente era uma voz que me dizia que devemos estudar muito e longamente os livros de Max Heindel, Eliphas Levi, Castaneda, Ouspensky, Gurdjieff, porque todos eles são
verdadeiros repositórios das mais puras verdades... Principalmente os de Castaneda! O que me veio à mente naqueles instantes são as mesmas verdades contidas nesses livros...
Por hora é só o que tenho a dizer.
Um abraço.
Toninho.
São Paulo, 21 de janeiro de 1995
Caro Amigo Nelson.
Agora são 5, 35 da manhã.
Acabo de ter um sonho extraordinário e vim correndo escrevê-lo para não esquecer os detalhes.
Eu estava sonhado um sonho comum.
O lugar era Colatina, estado do Espírito Santo.
Várias pessoas faziam uma macumba. Entre essas pessoas algumas eram conhecidas. Genésio, (meu padrinho de casamento) Américo, Raul, Lala, (cunhados) Sr. Mauro, (meu sogro) etc.
Começou uma briga feia, de faca. Alguém esfaqueou alguém. De repente o defunto virou “zumbi”, levantou-se e começou a perseguir-nos. Uma pessoa disse. Ele é perigoso!... Temos que fugir porque ninguém pode com ele!... Não há como matá-lo porque já é um defunto! Tem a força de muitos homens... Nada pode segurá-lo. Vai nos perseguir até os confins do mundo, porque não precisa comer, nem beber, nem descansar e tem força descomunal!
O Genésio era o pai de santo e liderava a fuga.
Meu medo era tão grande que acordei suado e ofegante.
Imediatamente vieram-me muitas “imaginações”, porém eu afirmava e repetia a mim mesmo “Calma... Não é nada. Apenas um pesadelo...”
No sonho havia uma mulher (LALA, irmã da Kiza, primeira mulher do Kioshi, mãe do Sidi) que entoava uma melodia de terreiro, e essa melodia nos hipnotizava e enfeitiçava a todos...
Já acordado, continuei ouvindo a tal melodia; vinha de longe, mas era bem audível. Talvez proviesse de algum terreiro de macumba próximo de casa.
Tapei os ouvidos com o travesseiro e voltei a dormir.
Comecei a sonhar outro sonho.
O lugar do sonho era Colatina novamente, porém, cenas da minha infância em São Paulo, Vila Santa Isabel (onde passei a infância com o Kioshi), também se misturavam no sonho.
Eu brincava de voar. Agarrado a uma enorme pipa colorida presa por uma linha grossa eu voava muito alto. Da altura de um avião. Via o mundo lá em baixo pequeno, o cabo (ou linha) sumia nas profundezas e eu estava tão alto, mas tão alto que (não sei como) eu ouvia o seu Mauro (meu sogro) comentando com meu pai e outras pessoas que estavam lá em baixo olhando para cima: “Nossa, desta vez ele foi alto mesmo! Meu Deus, que perigo!”
Comecei a ficar preocupado e com medo de a linha arrebentar. Se isso acontecesse, onde eu iria parar?
E não é que a linha arrebentou mesmo!
Comecei a ser arrastado pelo vento para lugares estranhos e desconhecidos...
Caia lentamente, e à medida que caia, paisagens estranhas passavam por mim.
Vales, montanhas, fazendas. Pensei: Nessas alturas devo estar passando pelos Estados Unidos. Estou perdido! Devo ter ficado desesperado e comecei a falar a mim mesmo: “Não precisa ter medo que isso é apenas um sonho. Daqui a pouco acordo em casa e esqueço tudo... Isto é um sonho! É um sonho! É um sonh... Foi aí que acordei no sonho. Disse-me a mim: “Ora, se isto é um sonho eu posso voar. Como o Super-homem. E ZAZ! Comecei a voar livremente”. Estava eu, no alto de uma cidade e fui abaixando para ver os detalhes. Via ruas, casas, quintais, tudo com nitidez e clareza. Tudo era muito limpo e cristalino... Mas cada vez que eu fixava-me demasiado num detalhe qualquer, a cena começava a virar sonho comum. Já era Vila Santa Isabel de novo, com pessoas do Rio e Espírito Santo andando por lá...
Então eu tornava a lembrar-me que estava sonhando e voltava a despertar no sonho.
Ao voar no sonho eu sentia uma alegria indescritível.
Era como se eu tivesse recuperado algo perdido à muito, muito tempo...
Voava livre, como uma libélula, como um pássaro, ora para cima, ora para baixo; ia para a esquerda, direita, com uma leveza impossível de relatar. E tudo era magnífico! O azul do céu, as paisagens, os campos, os prados, os rios, as casas...
Tudo maravilhoso. Parecia que eu fazia parte de um filme colorido e musical de Walt Disney onde eu era o Peter Pã.
Eu sentia cada fibra do meu corpo, e junto, a sensação gostosa de voar... Voar livre! O vento batia em mim e eu estava ali, totalmente desperto, fora do corpo... Com todo o tempo disponível para estudar a situação e fazer qualquer tipo de experiência. Mas o que me atrapalhava é que a todo o momento vinham-me preocupações que prejudicavam tudo, tais como: “Será que eu morri? Será que não tem nenhum monstro por aqui? E se eu não acordar mais? Preciso acordar e escrever tudo isto!”.
Lembro-me claramente que no lugar em que eu voava havia lugares com muita luz do sol, e outros lugares sombrios, noturnos, frios... Era como se eu estivesse bem na fronteira do mundo onde a noite se encontra com o dia. Meio
metro de um lado era noite. Meio metro do outro, era dia.
O fato é que, ao sol eu me sentia bem, cheio de energias, de ânimo, de coragem, de prazer. Mas nos lugares noturnos eu sentia frio, desânimo, fraqueza. Então eu me esforçava para manter-me só nos lugares de sol. Porém, a todo o momento, eu era puxado para os lugares sombrios...
Creio que cada vez que uma preocupação, ou um receio qualquer me vinha à mente, eu caia para os lugares sombrios.
Parecia que “lembrar e esquecer” era a chave, o segredo para manter-me nos lugares do sol.
Se eu me lembrasse a todo o momento de mim mesmo, que estava sonhando, e mantivesse a sensação do corpo, eu permanecia nos lugares de sol.
Se eu me esquecesse de mim mesmo, e começasse divagar, a preocupar-me; “será que morri? Será que vou voltar a acordar?” ia para os lugares sombrios.
De repente, ao conseguir permanecer por muito tempo ao sol, veio-me aquela sensação maravilhosa de que eu sabia tudo! Sei tudo em espírito, porém, quando volto ao corpo no “dia a dia” comum, esqueço tudo novamente! “EU SEI TUDO, POREM, QUANDO ESTOU NO MUNDO COTIDIANO, BATALHANDO PARA GANHAR O PÃO DE CADA DIA, IDENTIFICADO COM O CORPO, ESQUEÇO TUDO O QUE SEI DE MIM MESMO! Esqueço quem sou, de onde vim, etc... Parece que um véu escuro cobre meu rosto e meus olhos... Fica tudo embaçado, difuso, confuso... Resta apenas uma lembrança, uma saudade...
Mas aí comecei a perceber que eu estava prestes a descobrir uma VERDADE EXTRAORDINÁRIA! A qualquer momento, algo que está sempre oculto ia ser-me revelado!
Enfim, durante o prosseguimento do sonho acompanhava-me a estranha sensação que algo misterioso, uma verdade terrível estava para ser-me revelada a qualquer momento!
De repente, quase explodi de felicidade ao vir-me à mente, como num turbilhão, uma enorme quantidade de cenas da minha infância, que eu havia esquecido totalmente.
Quando eu era pequeno, talvez aos três ou quatro anos, seres do mundo invisível me ensinavam a sair do corpo, a voar, a subir, descer, etc. Havia vários seres que me ensinavam de tudo!
Vinham brincar comigo na forma de amigos. (mas só eu os via).
Um deles me “empinava” como se eu fosse uma pipa viva. A linha era o meu cordão prateado (um fio brilhante que liga o Espírito ao corpo.). Outro me ensinava a voar. Ele me dava dois pequenos discos mágicos. Um era de ouro. O outro de prata. Eu segurava os dois discos, um em cada mão, esticava-os acima da minha cabeça e, como se fossem pequenos discos voadores, eles me puxavam. Levavam-me para onde eu quisesse ir. Eles me suspendiam do chão e puxavam-me. Obedeciam minha vontade.
Havia um ser mais velho, de barba branca, sempre sorridente, que me ensinava muitas coisas... (Todas as pessoas, principalmente os espiritualistas, os ocultistas, os religiosos e aqueles que acreditam no Espírito, passam por essas experiências durante a infância, mas depois, a medida que vão crescendo, ficando adultos, vão esquecendo totalmente desses acontecimentos...)
Dizia ele que o segredo de tudo está na vontade e na imaginação.
O disco dourado era o representante da vontade, e o de prata, o
da imaginação.
Nisto me veio à mente: Sol e Lua. E todo o segredo do Universo está contido nesses dois discos!
O homem pode ter, ser e ir para onde quiser. Onde desejar. É só usar sua vontade, que vem do Sol. E pode criar o que quiser. Pode, inclusive criar um mundo só para si e viver dentro dele! É só usar sua imaginação, que vem da Lua.
Porém, essa vontade e imaginação não são aquelas que pensamos que conhecemos, ou seja, as que aprendemos na escola, ou lemos nos dicionários, nos livros.
Trata-se de algo muito diferente!
Sobre a vontade é quase impossível descrevê-la. E um impulso que vem do meio do corpo, das profundezas do ser. Só quando a experimentarmos um dia, poderemos saber o que é. Quanto a imaginação é possível ter-se uma vaga idéia: ela é feita de mil cores vivas e cambiantes. (Quando se toma chá vêem-se imagens multicoloridas. É desse material que é feita a verdadeira imaginação.)
De repente, aquela verdade, aquele conhecimento que estava prestes a ser-me revelado, veio-me num estalo.
“Um Ser imenso, gigantesco, quase do tamanho do Mundo, é que nos imagina e comanda-nos com sua vontade! Ele usa-nos como se fôssemos brinquedos, ou melhor, peões, fantoches dele...”
“Toda a humanidade é escrava dele!”
“Mas se criarmos em nós um Eu individual, um “EU SOU” separado, nosso, criado por nós mesmos conforme as leis do Trabalho, algo que seja permanente, nós nos libertamos dele!”
“Toda a humanidade serve a esse Ser inconscientemente. (Ele é consciente! Criou-nos para servirmos a Ele!) Porém, a alguns poucos foi dada a possibilidade de libertar-se dele!” Esses poucos estão sendo treinados duramente no mundo!... Alguns estão em situação muito difícil. Em extrema pobreza, miséria, outros são confinados em prisões escuras, são torturados e passam por terríveis provações. Isso vem acontecendo há milhares de anos... Muitos estão paralíticos, impossibilitados de movimentos físicos! Seus corpos sofrem tanto que eles são praticamente obrigados a “saírem dele” de vez em quando. Só assim podem “desprender-se da matéria”. (Estes são os rebeldes, os que se rebelaram em servir o Grande Ser do Mundo! Quanto mais estão “mortos” para a vida mundana, privados de prazeres, confortos, riquezas, mais estão vivos para a vida espiritual... Alguns escolheram a vida difícil de privações por sua livre e espontânea vontade; (são os santos, os ascetas e eremitas...) Outros foram “obrigados a viver a vida difícil” para “acordarem para a vida espiritual”. Contudo; uma vez despertos, podem livrar-se de suas privações e sofrimentos e tornarem cidadãos normais, alguns até bastante ricos e poderosos no mundo, mas cuja riqueza é adquirida sempre honestamente, a custa do próprio trabalho e esforços conscientes... Alguns ganham muito dinheiro escrevendo suas histórias e livros, que tornam-se de grande interesse ao público estudioso desses assuntos, outros se dão bem fundando uma Escola, uma Religião... Mas a maioria daqueles que são os “poderosos desse mundo”, cercados de riquezas adquiridas na maioria das vezes desonestamente, como os políticos, os mafiosos, sempre cercados de luxo e prazeres, de confortos, etc., na verdade, estão dormindo e não passam de “escravos inconscientes” desse Ser gigantesco do Mundo... Pensam que tem um EU e que tudo o que possuem vêem deles. Mas estão totalmente enganados! Quando descobrirem isto, já será muito tarde...”
Essas verdades (que não sei se são verdades ou produtos do meu sonho estranho e singular) me fizeram lembrar, naquele momento, de vários iniciados que conseguiram sair do corpo devido a uma vida extremamente dura e penosa, tais como PAPILLON, (que era capaz de sair do corpo conscientemente) como o homem da máscara de ferro, de Vitor Hugo, como o “Conde de Monte Cristo”, como o francês do livro “Andarilho das Estrelas” de Jack London que era amarrado por duas camisas de força e torturado à noite inteira numa prisão da França, mais seu espírito saia do corpo e ia correr pelos campos, livre como uma borboleta; lembrei-me dos santos que foram torturados, queimados vivos em outros tempos, e de Don Juan que afirma que alguns dos feiticeiros antigos entregaram-se às práticas mais bizarras e tortuosas tais como ficarem sem comer durante meses, ou privarem-se da luz, dos movimentos do corpo, ou até enterrarem-se durante anos, só para criarem seus sósias, seus “segundos-corpos! E também há os faquires do Oriente, alguns até citados por Gurdjieff...
O interessante é que naqueles momentos de sonho consciente, minha mente era tão “límpida e cristalina” que as verdades vinham em borbotões e em quantidades inacreditáveis...
O que me veio naqueles poucos instantes de consciência daria para escrever vários livros...
Algo que me marcou profundamente era uma voz que me dizia que devemos estudar muito e longamente os livros de Max Heindel, Eliphas Levi, Castaneda, Ouspensky, Gurdjieff, porque todos eles são
verdadeiros repositórios das mais puras verdades... Principalmente os de Castaneda! O que me veio à mente naqueles instantes são as mesmas verdades contidas nesses livros...
Por hora é só o que tenho a dizer.
Um abraço.
Toninho.
domingo, 16 de novembro de 2008
SEU FUTURO ESTÁ DENTRO E FORA DE VOCÊ...
NO QUE VOCÊ SE TRANSFORMARÁ
NOS PRÓXIMOS SETE ANOS
DEPENDE DE DOZE (12) COISAS ATUAIS:
1-Do que você quer agora no íntimo do seu Espírito.
O que você quer no íntimo do seu espírito? Melhorar, agir, ser alguém, construir um mundo melhor e um futuro feliz? Expandir seus conhecimentos? Ou estacionar, acomodar-se, descansar, dormir, e deixar tudo do jeito que está para ver como tudo fica? Se você não quiser nada, não vai acontecer absolutamente nada, não vai mudar nada, tudo será uma repetição do hoje e a tendência geral é a coisa piorar, porque o tempo é implacável... Ele passa, queira você ou não, e se você não quiser acompanhar a passagem do tempo e com ele a transformação e evolução de tudo o que há em sua volta, você estacionará e ficará para trás! Portanto, é preciso QUERER! Se não existir em você um QUERER REAL, nada acontecerá, nada mudará, nada se desenvolverá, nada melhorará, nada crescerá, nada se expandirá e nada evoluirá em você! O primeiro passo, portanto, é QUERER, e o QUERER é um sentimento forte que vem do íntimo do ser, de dentro do seu coração! É um sentimento às vezes até doloroso que incomoda e deixa você inquieto, atento, alerta mas muito ATIVO interiormente! Pronto para agarrar as oportunidades que forem passando em diante de você, nem que seja até pelos cabelos!
2-Do que você está pensando ou imaginando agora.
Sim, o que você está pensando ou imaginando agora é muito importante na sua vida! Observe como sua cabeça não para um minuto de pensar, e sua mente não para um minuto de imaginar... Pensamentos e imaginações povoam seu mundo interior, e são eles que dinamizam seus desejos, sentimentos, emoções, sensações, estados de alma, impulsos, anelos, anseios, enfim, todo o seu mundo psíquico e interior e é através desse MUNDO INTERIOR que você se expressa e vive no mundo exterior! Se ele está bem, tudo também está bem! E se ele está mal, tudo também estará mal! Cuide, portanto, com muita atenção do seu mundo interior e cuidado com as coisas que passam pela sua cabeça, porque é daí que vem quase tudo para você!
3-Do que você deseja, sente, ou se emociona agora.
Seus sentimentos, desejos e emoções é que dão colorido ao seu universo pessoal... Ao seu mundo. De seus sentimentos, desejos e emoções dependem sua aparência, suas atividades na vida, sua maneira de se expressar dentro da sociedade, no seu meio-ambiente, na sua família, na sua religião, no seu trabalho e no seu clube... Se um infivíduo alimenta maus sentimentos, maus desejos, emoções negativas, seu rosto, seus gestos, seu aspecto, suas roupas, seus objetos pessoais demonstrarão isso, e todos notarão que ele não está nada bem, mesmo que ele faça tudo para mostrar o contrário... Não há como esconder uma mágoa, uma raiva, uma preocupação, um mau sentimento, uma emoção negativa! Tudo isso transtorna a fisionomia e cria em torno do indivíduo uma aura escura, pesada, sinistra, que só atrairá o pior e afastará os amigos e parentes do círculo de amizades, atraindo solidão e depressão num mundo interior tenebroso! Mas se você alimenta e mantêm sentimentos, desejos e emoções alegres, positivos, felizes, saudáveis e harmoniosos, todos os seus atos, gestos, expressões faciais e formas de comportamento expressarão em torno de você uma aura brilhante e luminosa que todos perceberão e com isso adorarão a sua presença!
4-Do que você lê ou ouve atualmente.
Ler e ouvir são formas de alimentar nosso mundo mental e psicológico, e assim como há alimentos ruins, estragados, malfeitos, envenenados, deteriorados, falsos, enganosos, mal-intencionados, que causam grande prejuízo ao organismo, assim também há livros, músicas, programas de televisão, filmes, palestras e pessoas de baixo nível que só expressam ou falam coisas negativas e prejudiciais, às vezes até usando palavras aparentemente bonitas e coloridas... Essas influências são altamente perniciosas e decadentes. Fofocas, intrigas e más notícias estão impregnadas de vibrações inferiores e infelizes que só prejudicam os incautos ouvintes, telespectadores ou leitores... Mas o oposto também é verdadeiro. Há músicas, hinos e livros maravilhosos, a Bíblia, por exemplo, os clássicos, alguns de psicologia ou filosofia positiva, histórias reais de sucesso e liberdade, contos modernos ou populares das tradições mais antigas, fábulas, mitologias, alguns livros de poesia, bons romances, os de pensamentos, provérbios, e também há professores, mestres, líderes religiosos, instrutores que têm o dom da palavra construtiva e positiva, e há ótimos programas e filmes na televisão assim como boas músicas que só fazem bem a alma, e maravilhosos filmes de cinema... É sempre uma questão de saber procurar e escolher o melhor!
5-Do que você olha e observa no mundo hoje.
O mundo, sem dúvida, é um manancial de formas, cores, imagens, paisagens, objetos que podem enriquecer nossa memória e nossos arquivos subconscientes de material de primeira mão! As melhores coisas que só fazem bem a nossa alma são aquelas de origem divina, como as estrelas da noite, o azul do céu, as nuvens brancas, os oceanos, os horizontes, a Natureza, com seus verdes, suas paisagens, suas cores, flores, os animais, os pássaros, as borboletas, enfim tantas e tantas maravilhas! E também as crianças, seus rostos inocentes, seus cabelos, olhos, gestos, sorrisos! E as pessoas elegantes, que se vestem bem, com roupas alegres, vistosas, coloridas... Devemos evitar prender nossa atenção em lugares imundos, onde há muito lixo, sujeira, em pessoas desajustadas, desleixadas, perversas, viciadas e más... Devemos tratá-las com respeito e consideração, sem condená-las ou julgá-las, mas sem se deixar afetar pelas influências degradantes que se irradiam delas.
6-Do que você põe para dentro do seu corpo, ar puro, ou fumaça e poluição... Quais os tipos de comidas e bebidas que você ingere atualmente?
Há todo momento estão entrando coisas em nosso corpo. Respiramos o tempo todo, e o que será que estamos respirando agora? Ar impuro, poluído, enfumaçado, sujo, empoeirado, viciado? Fumos de cigarros, cachimbos, charutos, etc.? Ou estamos respirando o ar puro da Natureza! Quantos dias ou meses da nossa vida passamos em lugares onde há muita vegetação? Em sítios, chácaras do interior onde há poucas fábricas e produtos poluentes na atmosfera? Esse é um cuidado especial que devemos tomar... O ar que respiramos vai direto ao nosso sangue, e do nosso sangue depende toda nossa saúde e bem estar! E da água que bebemos e os líquidos que ingerimos! Será que somos viciados em refrigerantes? Será que andamos bebendo água poluída de caixas-dágua mal cuidadas onde os morcegos e ratos soltam suas urinas e fezes constantemente? Não é muito melhor bebermos sucos de frutas naturais, produtos provenientes diretamente da Mãe Natureza, que só quer nosso bem? E os alimentos? Que tipo de matéria prima está agora entrando dentro de nosso templo sagrado? Quantas frutas, verduras e legumes nós ingerimos por dia? Com certeza nossa saúde depende muito do que jogamos para dentro do nosso organismo!
7-Do lugar ou lugares que você freqüenta atualmente.
Que tipo de lugar você gosta freqüentar? Espero que não seja, lugares onde o vício e a decadência proliferam? Lugares onde o desrespeito, a violência, o descontrole, a droga, a perversidade, a desumanidade, a ignorância, a prostituição e a desarmonia imperam? Nesses lugares está-se sujeito a tudo o que há de pior! Mas existem lugares onde o Bem predomina, onde ele é a tônica constante... São os templos, as igrejas, as Escolas de Artes Plásticas, de Filosofia, de Música, de danças, as fraternidades, as irmandades, os grupos artísticos e de estudos... Os museus de arte onde o que o homem fez de melhor está ali guardado e preservado cuidadosamente, os teatros onde obras clássicas são apresentadas, onde há concertos musicais, apresentações de danças, músicas, poesias! Os jardins, os bosques, os rios, as praias... Esses são lugares de onde se irradiam vibrações altamente positivas e benéficas tanto para a saúde do corpo como da alma!
8-Das pessoas que estiverem com você hoje.
Quem são as pessoas que o acompanham e fazem parte do seu círculo de amizades? São indivíduos equilibrados, ajustados, bem educados, bem intencionados, indivíduos do Bem, ou são pessoas desajustadas, desequilibradas e viciadas? O ditado “diga-me com que andas e eu te direi quem és” é bem verdadeiro! Cada pessoa irradia um tipo energia, de influência, um magnetismo pessoal, uma vibração que pode ser boa ou má, útil ou prejudicial, benéfica ou maléfica para você! Se as pessoas que o acompanham e seguem junto com você são pessoas boas, saudáveis, harmoniosas, é bem mais fácil para você atrair sorte, um destino e uma vida melhor!
9-Do que você dizer as pessoas e a você mesmo.
Hoje todos sabem do poder do verbo, do poder da palavra! Todas as filosofias, religiões e doutrinas tradicionais sabem que a palavra é que atrai tudo ao homem! Tanto o bem como o mal. A oração é uma força muito poderosa. Pela oração a vida das pessoas melhora se equilibra e se ajusta. As doenças vão embora e a saúde vem ocupar o corpo dos indivíduos. E o que se diz a outrem e a si mesmo exerce um poder real na vida e no destino dos envolvidos. Críticas, julgamentos, condenações em excesso só prejudicam, e os elogios são sempre benfazejos! Se você quer ter saúde agora diga ao seu corpo em voz alta que você o ama, confia nele e o que você deseja dele e ele lhe obedecerá fielmente! O corpo é muito maleável, sugestionável e obediente. Ele ouve o que dizemos, retribui e cumpre as nossas ordens ao pé da letra. É o que ele sabe fazer... Muitos indivíduos são doentes porque vivem falando de doenças a si e a todos em seu redor! Afirmam e confirmam sua doença a cada hora, a cada minuto! E o corpo executa suas ordens com a maior fidelidade! É preciso, portanto, ter muito cuidado com as palavras!
10-Do que você fizer as pessoas e a você mesmo.
Do que fazemos aos outros depende o que será feito a nós. Essa é uma das leis imutáveis do Universo, originada da Justiça Universal Divina. Jesus já dizia: “Não faças a outrem o que não queres que seja feito a ti”! “Com a mesma medida que medirdes, sereis medido.” As pessoas em nossa volta, aqueles que fazem parte do nosso círculo social constitui o terreno fértil onde podemos plantar as boas sementes que produzirão os frutos doces como o mel e as mais lindas e perfumadas flores... Mas se você, por ignorância e infelicidade, plantar espinhos (atos maldosos, injustos, interesseiros, egoístas e perversos) sem dúvida alguma só vai colher espinhos!
11-Do que as pessoas dirão a você.
O que as pessoas dizem a nós exerce uma influência poderosa em nosso organismo, em nossa alma, em nossa vida e em nosso destino. Por mais que sejamos controlados e tenhamos certo domínio próprio, somos altamente influenciados pelo que os outros dizem a nós diretamente e a nosso respeito aos outros... Se só recebermos críticas e palavras duras e desagradáveis, a tendência é cairmos na depressão e no aborrecimento. Mas quando somos elogiados, parabenizados e agradecidos, nos tornamos mais confiantes, alegres e seguros.
12-E do que as pessoas farão "À" você e "DE" você.
Se nos cercarmos de pessoas de confiança, verdadeiros amigos, tratá-los bem, com bondade e justiça, darmos-lhes a devida atenção e fizermos-lhes todo bem que merecem, e continuarmos fazendo-lhes o bem mesmo se não merecerem, se formos solícitos e atenciosos, e correspondermos-lhes as suas expectativas amistosas e cordiais, elas, com certeza, também nos tratarão bem e darão a nós toda atenção que merecermos. E assim a vida será muito melhor e mais fácil para nós, certamente!
LEMBRE-SE SEMPRE DISTO:
“VOCÊ SÓ EXTERIORIZA AQUILO QUE VOCÊ TEM EM SEU INTERIOR, E UMA GRANDE PARTE DO QUE HÁ EM SEU INTERIOR, VEIO OU VEM DO EXTERIOR!”
SP-NOVEMBRO DE 2008
Abel Fernandes - artista plástico, astrólogo, mitólogo, ocultista, escritor, poeta e pensador.
NOS PRÓXIMOS SETE ANOS
DEPENDE DE DOZE (12) COISAS ATUAIS:
1-Do que você quer agora no íntimo do seu Espírito.
O que você quer no íntimo do seu espírito? Melhorar, agir, ser alguém, construir um mundo melhor e um futuro feliz? Expandir seus conhecimentos? Ou estacionar, acomodar-se, descansar, dormir, e deixar tudo do jeito que está para ver como tudo fica? Se você não quiser nada, não vai acontecer absolutamente nada, não vai mudar nada, tudo será uma repetição do hoje e a tendência geral é a coisa piorar, porque o tempo é implacável... Ele passa, queira você ou não, e se você não quiser acompanhar a passagem do tempo e com ele a transformação e evolução de tudo o que há em sua volta, você estacionará e ficará para trás! Portanto, é preciso QUERER! Se não existir em você um QUERER REAL, nada acontecerá, nada mudará, nada se desenvolverá, nada melhorará, nada crescerá, nada se expandirá e nada evoluirá em você! O primeiro passo, portanto, é QUERER, e o QUERER é um sentimento forte que vem do íntimo do ser, de dentro do seu coração! É um sentimento às vezes até doloroso que incomoda e deixa você inquieto, atento, alerta mas muito ATIVO interiormente! Pronto para agarrar as oportunidades que forem passando em diante de você, nem que seja até pelos cabelos!
2-Do que você está pensando ou imaginando agora.
Sim, o que você está pensando ou imaginando agora é muito importante na sua vida! Observe como sua cabeça não para um minuto de pensar, e sua mente não para um minuto de imaginar... Pensamentos e imaginações povoam seu mundo interior, e são eles que dinamizam seus desejos, sentimentos, emoções, sensações, estados de alma, impulsos, anelos, anseios, enfim, todo o seu mundo psíquico e interior e é através desse MUNDO INTERIOR que você se expressa e vive no mundo exterior! Se ele está bem, tudo também está bem! E se ele está mal, tudo também estará mal! Cuide, portanto, com muita atenção do seu mundo interior e cuidado com as coisas que passam pela sua cabeça, porque é daí que vem quase tudo para você!
3-Do que você deseja, sente, ou se emociona agora.
Seus sentimentos, desejos e emoções é que dão colorido ao seu universo pessoal... Ao seu mundo. De seus sentimentos, desejos e emoções dependem sua aparência, suas atividades na vida, sua maneira de se expressar dentro da sociedade, no seu meio-ambiente, na sua família, na sua religião, no seu trabalho e no seu clube... Se um infivíduo alimenta maus sentimentos, maus desejos, emoções negativas, seu rosto, seus gestos, seu aspecto, suas roupas, seus objetos pessoais demonstrarão isso, e todos notarão que ele não está nada bem, mesmo que ele faça tudo para mostrar o contrário... Não há como esconder uma mágoa, uma raiva, uma preocupação, um mau sentimento, uma emoção negativa! Tudo isso transtorna a fisionomia e cria em torno do indivíduo uma aura escura, pesada, sinistra, que só atrairá o pior e afastará os amigos e parentes do círculo de amizades, atraindo solidão e depressão num mundo interior tenebroso! Mas se você alimenta e mantêm sentimentos, desejos e emoções alegres, positivos, felizes, saudáveis e harmoniosos, todos os seus atos, gestos, expressões faciais e formas de comportamento expressarão em torno de você uma aura brilhante e luminosa que todos perceberão e com isso adorarão a sua presença!
4-Do que você lê ou ouve atualmente.
Ler e ouvir são formas de alimentar nosso mundo mental e psicológico, e assim como há alimentos ruins, estragados, malfeitos, envenenados, deteriorados, falsos, enganosos, mal-intencionados, que causam grande prejuízo ao organismo, assim também há livros, músicas, programas de televisão, filmes, palestras e pessoas de baixo nível que só expressam ou falam coisas negativas e prejudiciais, às vezes até usando palavras aparentemente bonitas e coloridas... Essas influências são altamente perniciosas e decadentes. Fofocas, intrigas e más notícias estão impregnadas de vibrações inferiores e infelizes que só prejudicam os incautos ouvintes, telespectadores ou leitores... Mas o oposto também é verdadeiro. Há músicas, hinos e livros maravilhosos, a Bíblia, por exemplo, os clássicos, alguns de psicologia ou filosofia positiva, histórias reais de sucesso e liberdade, contos modernos ou populares das tradições mais antigas, fábulas, mitologias, alguns livros de poesia, bons romances, os de pensamentos, provérbios, e também há professores, mestres, líderes religiosos, instrutores que têm o dom da palavra construtiva e positiva, e há ótimos programas e filmes na televisão assim como boas músicas que só fazem bem a alma, e maravilhosos filmes de cinema... É sempre uma questão de saber procurar e escolher o melhor!
5-Do que você olha e observa no mundo hoje.
O mundo, sem dúvida, é um manancial de formas, cores, imagens, paisagens, objetos que podem enriquecer nossa memória e nossos arquivos subconscientes de material de primeira mão! As melhores coisas que só fazem bem a nossa alma são aquelas de origem divina, como as estrelas da noite, o azul do céu, as nuvens brancas, os oceanos, os horizontes, a Natureza, com seus verdes, suas paisagens, suas cores, flores, os animais, os pássaros, as borboletas, enfim tantas e tantas maravilhas! E também as crianças, seus rostos inocentes, seus cabelos, olhos, gestos, sorrisos! E as pessoas elegantes, que se vestem bem, com roupas alegres, vistosas, coloridas... Devemos evitar prender nossa atenção em lugares imundos, onde há muito lixo, sujeira, em pessoas desajustadas, desleixadas, perversas, viciadas e más... Devemos tratá-las com respeito e consideração, sem condená-las ou julgá-las, mas sem se deixar afetar pelas influências degradantes que se irradiam delas.
6-Do que você põe para dentro do seu corpo, ar puro, ou fumaça e poluição... Quais os tipos de comidas e bebidas que você ingere atualmente?
Há todo momento estão entrando coisas em nosso corpo. Respiramos o tempo todo, e o que será que estamos respirando agora? Ar impuro, poluído, enfumaçado, sujo, empoeirado, viciado? Fumos de cigarros, cachimbos, charutos, etc.? Ou estamos respirando o ar puro da Natureza! Quantos dias ou meses da nossa vida passamos em lugares onde há muita vegetação? Em sítios, chácaras do interior onde há poucas fábricas e produtos poluentes na atmosfera? Esse é um cuidado especial que devemos tomar... O ar que respiramos vai direto ao nosso sangue, e do nosso sangue depende toda nossa saúde e bem estar! E da água que bebemos e os líquidos que ingerimos! Será que somos viciados em refrigerantes? Será que andamos bebendo água poluída de caixas-dágua mal cuidadas onde os morcegos e ratos soltam suas urinas e fezes constantemente? Não é muito melhor bebermos sucos de frutas naturais, produtos provenientes diretamente da Mãe Natureza, que só quer nosso bem? E os alimentos? Que tipo de matéria prima está agora entrando dentro de nosso templo sagrado? Quantas frutas, verduras e legumes nós ingerimos por dia? Com certeza nossa saúde depende muito do que jogamos para dentro do nosso organismo!
7-Do lugar ou lugares que você freqüenta atualmente.
Que tipo de lugar você gosta freqüentar? Espero que não seja, lugares onde o vício e a decadência proliferam? Lugares onde o desrespeito, a violência, o descontrole, a droga, a perversidade, a desumanidade, a ignorância, a prostituição e a desarmonia imperam? Nesses lugares está-se sujeito a tudo o que há de pior! Mas existem lugares onde o Bem predomina, onde ele é a tônica constante... São os templos, as igrejas, as Escolas de Artes Plásticas, de Filosofia, de Música, de danças, as fraternidades, as irmandades, os grupos artísticos e de estudos... Os museus de arte onde o que o homem fez de melhor está ali guardado e preservado cuidadosamente, os teatros onde obras clássicas são apresentadas, onde há concertos musicais, apresentações de danças, músicas, poesias! Os jardins, os bosques, os rios, as praias... Esses são lugares de onde se irradiam vibrações altamente positivas e benéficas tanto para a saúde do corpo como da alma!
8-Das pessoas que estiverem com você hoje.
Quem são as pessoas que o acompanham e fazem parte do seu círculo de amizades? São indivíduos equilibrados, ajustados, bem educados, bem intencionados, indivíduos do Bem, ou são pessoas desajustadas, desequilibradas e viciadas? O ditado “diga-me com que andas e eu te direi quem és” é bem verdadeiro! Cada pessoa irradia um tipo energia, de influência, um magnetismo pessoal, uma vibração que pode ser boa ou má, útil ou prejudicial, benéfica ou maléfica para você! Se as pessoas que o acompanham e seguem junto com você são pessoas boas, saudáveis, harmoniosas, é bem mais fácil para você atrair sorte, um destino e uma vida melhor!
9-Do que você dizer as pessoas e a você mesmo.
Hoje todos sabem do poder do verbo, do poder da palavra! Todas as filosofias, religiões e doutrinas tradicionais sabem que a palavra é que atrai tudo ao homem! Tanto o bem como o mal. A oração é uma força muito poderosa. Pela oração a vida das pessoas melhora se equilibra e se ajusta. As doenças vão embora e a saúde vem ocupar o corpo dos indivíduos. E o que se diz a outrem e a si mesmo exerce um poder real na vida e no destino dos envolvidos. Críticas, julgamentos, condenações em excesso só prejudicam, e os elogios são sempre benfazejos! Se você quer ter saúde agora diga ao seu corpo em voz alta que você o ama, confia nele e o que você deseja dele e ele lhe obedecerá fielmente! O corpo é muito maleável, sugestionável e obediente. Ele ouve o que dizemos, retribui e cumpre as nossas ordens ao pé da letra. É o que ele sabe fazer... Muitos indivíduos são doentes porque vivem falando de doenças a si e a todos em seu redor! Afirmam e confirmam sua doença a cada hora, a cada minuto! E o corpo executa suas ordens com a maior fidelidade! É preciso, portanto, ter muito cuidado com as palavras!
10-Do que você fizer as pessoas e a você mesmo.
Do que fazemos aos outros depende o que será feito a nós. Essa é uma das leis imutáveis do Universo, originada da Justiça Universal Divina. Jesus já dizia: “Não faças a outrem o que não queres que seja feito a ti”! “Com a mesma medida que medirdes, sereis medido.” As pessoas em nossa volta, aqueles que fazem parte do nosso círculo social constitui o terreno fértil onde podemos plantar as boas sementes que produzirão os frutos doces como o mel e as mais lindas e perfumadas flores... Mas se você, por ignorância e infelicidade, plantar espinhos (atos maldosos, injustos, interesseiros, egoístas e perversos) sem dúvida alguma só vai colher espinhos!
11-Do que as pessoas dirão a você.
O que as pessoas dizem a nós exerce uma influência poderosa em nosso organismo, em nossa alma, em nossa vida e em nosso destino. Por mais que sejamos controlados e tenhamos certo domínio próprio, somos altamente influenciados pelo que os outros dizem a nós diretamente e a nosso respeito aos outros... Se só recebermos críticas e palavras duras e desagradáveis, a tendência é cairmos na depressão e no aborrecimento. Mas quando somos elogiados, parabenizados e agradecidos, nos tornamos mais confiantes, alegres e seguros.
12-E do que as pessoas farão "À" você e "DE" você.
Se nos cercarmos de pessoas de confiança, verdadeiros amigos, tratá-los bem, com bondade e justiça, darmos-lhes a devida atenção e fizermos-lhes todo bem que merecem, e continuarmos fazendo-lhes o bem mesmo se não merecerem, se formos solícitos e atenciosos, e correspondermos-lhes as suas expectativas amistosas e cordiais, elas, com certeza, também nos tratarão bem e darão a nós toda atenção que merecermos. E assim a vida será muito melhor e mais fácil para nós, certamente!
LEMBRE-SE SEMPRE DISTO:
“VOCÊ SÓ EXTERIORIZA AQUILO QUE VOCÊ TEM EM SEU INTERIOR, E UMA GRANDE PARTE DO QUE HÁ EM SEU INTERIOR, VEIO OU VEM DO EXTERIOR!”
SP-NOVEMBRO DE 2008
Abel Fernandes - artista plástico, astrólogo, mitólogo, ocultista, escritor, poeta e pensador.
terça-feira, 11 de novembro de 2008
SIMBOLO DA ROSA+CRUZ
Capa de livro de autoria de Abel Fernandes,
designer do autor,
direitos autorais registrados por Antonio Abel Fernandes
SIMBOLOGIA DA CRUZ E DAS ROSAS
A Cruz, seja qual for o material com que foi feita, é o símbolo do Reino Mineral.
A Haste Inferior representa o reino Vegetal, cujas forças irradiam do solo e se elevam verticalmente.
Os Braços da Cruz simbolizam o Reino Animal, cujas forças dos Espíritos-Grupos circulam ao redor da Terra horizontalmente, passando pelas colunas vertebrais dos animais, nesta posição.
A Haste Superior representa o Reino Humano. As forças espirituais que sustentam o homem descem através da cabeça, em sentido contrário ao das forças vegetais que sobem.
Esotericamente, o corpo humano é considerado uma planta invertida.
O CORAÇÃO ARDENTE ao centro representa o Amor Universal de Cristo que deve inflamar o coração de todo o verdadeiro cristão. É o símbolo da fraternidade e do Altruísmo.
As letras I.N.R.I. são as iniciais de quatro palavras hebraicas que significam os elementos construtores do mundo material e os quatro éteres que compõem o Corpo Vital do homem.
A CORÔA COM SETE ROSAS é o símbolo dos sete Centros Espirituais de percepção por meio dos quais o Espírito Humano entrará em relação consciente com os vários Planos Espirituais. O funcionamento desses Centros torna o homem CLARIVIDENTE, capaz de ver, ouvir e perceber os mundos espirituais tão bem como percebe o mundo físico. O despertar desses Centros é a verdadeira finalidade da Iniciação.
O TRIÂNGULO com um OLHO, na parte superior da cruz é o símbolo do DEUS-PAI, eternamente presente no íntimo de todo homem. É o eterno Espectador de todos os atos, o Olho que tudo vê e ao qual nada passa despercebido.
O SÍMBOLO DA ROSA-CRUZ resume, assim, de maneira admirável toda a evolução passada, presente e futura do homem e expõe o Método de Realização empregado.
É de grande utilidade o emprego desse perfeito símbolo nas práticas pessoais de Meditação e nas Orações.
As Forças Inferiores não poderão se aproximar ou perturbar um estudante que empregue em suas práticas esse símbolo com perfeito entendimento.
Projetado por uma viva Imaginação nos Planos Mentais ele atrai naturalmente as nobres e elevadas Inteligências dos Planos Internos que reconhecem todo o seu valor, e o consideram como um sinal de DISPOSIÇÃO SINCERA. A aproximação desses Compassivos Seres pode trazer, se houve verdadeiro merecimento, os mais elevados resultados e um auxílio espiritual cada vez mais efetivo.
Texto extraído do MANUAL DA FRATERNIDADE ROSACRUCIANA SÃO PAULO, edição de 1958, págs. 8 e 9.
Durante alguns anos pratiquei exercícios de visualização do símbolo da Rosa-Cruz, tal como é recomendado no Manual Rosacruz, e depois, um dia, comecei a escrever este poema, que levou alguns anos para ficar pronto:
O SÍMBOLO DA ROSA+CRUZ
A nossa cruz inicia-se
pelo pé, ou pela base,
a qual é verde.
Não um verde comum,
mas um verde vivo, repousante,
tranqüilizante,
em degradê,
começando forte em baixo
e atenuando-se,
a medida que vai subindo...
Esse verde representa as florestas,
os bosques, os pomares,
os campos e os jardins,
os sublimes e santos jardins...
Aqui a Primavera tece
as mais finas tapeçarias,
os mais lindos arranjos florais
e os mais delicados cálices,
onde as ninfas, as fadas
e os elfos
vêem beber aromas
e adornarem-se com a Beleza...
O Reino Vegetal é o reino da vida.
Aqui a vida flui
maravilhosamente.
A seiva sobe vertiginosa para o alto
e se transforma em galhos,
folhas, flores,
sementes e frutos...
Sede fecundos
e multiplicai-vos
sobre a face da Terra!
Disse o Criador de todas as coisas.
O vegetal é, por excelência,
a expressão mais forte da vida...
Essa vida que está em toda parte,
até nas profundezas escuras
dos mares...
Nos desertos,
onde a areia queimada
geme de esterilidade,
cresce o cacto.
E a Natureza mostra
sua bondade infinita
quando constrói oásis
no meio dos desertos...
Esses desertos
seriam intransponíveis
se não fossem os Oásis...
Oh! homens da cidade,
que viveis sepultados
sob toneladas de concreto armado!
Olhai as matas verdejantes,
as florestas sombreadas,
os prados, as campinas,
e dizei-me, homens,
onde encontrareis tanta vida,
tanta variedade de seres vivos
em perpétuo labor
florescimento e frutificação?
Onde encontrareis tanta paz
e harmonia,
tanta beleza, fartura,
abundância e plenitude?
Tanta doçura nos frutos
e tanta delicadeza nas flores?
“Filho meu.
Não deixes a instrução de tua mãe!”
Diz Salomão, o rei da Sabedoria.
Vossa mãe é a Natureza,
cuja mensagem é a vida.
Imita-a e faz da vossa alma um jardim.
Sede pródigo em bondade,
como a árvore que dá sombra,
flores e frutos...
Que acolhe em suas fartas ramagens
os rouxinóis, as cigarras e as abelhas...
Eis o que diz
o Grande Arquiteto do Universo
a sua esposa, que é a Natureza,
nos formosos versos
do “Cântico dos Cânticos”, do rei Salomão:
“Levanta-te querida minha,
formosa minha, e vem.
Porque eis que passou o inverno,
cessou a chuva e se foi;
aparecem as flores na terra.
Chegou o tempo de cantarem as aves
e a voz da rôla
ouve-se em nossa terra.
A figueira começou a dar seus figos
e as vides em flor exalam seu aroma.
Levanta-te querida minha,
formosa minha, e vem.
Pomba minha
que andas pelas penhas
dos penhascos,
nos esconderijos das rochas escarpadas,
mostra-me teu rosto amável!”
O Reino Vegetal,
o qual está simbolizado na cruz
pela haste do pé
é, por excelência,
o reino das forças vivificantes,
o reino dos elixires
e dos licores mágicos.
Daqui emana o Soma,
bebida mágica, sagrada e iniciática,
dos antigos indianos...
E também o peiote, cacto santo
que leva os índios Yaquis,
a conhecerem conscientemente
o outro mundo!
E o mágico elixir
dos Druídas misteriosos...
Daqui brota Hoasca,
o maravilhoso chá sublime
que abre as portas do invisível
e dá força e luz aos homens
para conquistarem a Paz
e o Amor em suas vidas...
Daqui jorra o mel que dulcifica,
o mel que alimentou Sansão,
o poderoso alquimista bíblico,
aquele que “tirou do comedor a vida
e do bruto a doçura”.
Daqui emana a força
que cura e regenera.
Toda a medicina de Paracelso
sustentava-se sob esse reino.
Os artistas, os poetas,
os pintores e os arquitetos
encontram, aqui,
inspirações sublimes
e imorredouras
para ilustrar e colorir
suas obras de arte.
Diz-se que Leonardo da Vince
extasiava-se
diante de uma flor!
Ah! Homens!
Quando compreendereis
e recordareis
que viestes do seio da Natureza!
Que outrora fostes puros, inocentes
e ainda não éreis contaminados
pelas ilusões do mundo,
pelas ganâncias das posses,
pelos hábitos mecânicos,
pelos vícios, pela correria
e pela pressa geradora do “stres”
e das doenças psicológicas?
Nesse tempo vivíeis
nos campos, nas matas
e nas florestas,
em contato direto com a Natureza...
Nesse tempo
éreis felizes,
sadios e sábios!
Éreis homens de verdade,
não bonecos,
autômatos,
criaturas frágeis e medrosas
cheias de falsas idéias
e fantasias
sobre si mesmos,
como hoje...
Um dia sabereis
que sois filhos do Reino Vegetal
e para ele havereis de voltar
se quiserdes sobreviver!
Um dia sabereis
que o Reino Vegetal
é a fonte da vida,
a fonte da cura
de todas as doenças,
e que por trás do Reino Vegetal
há seres muito mais avançados
e evoluídos do que vós
e que estão prontos a auxiliar-vos
a libertarem-se do jugo
da escravidão de que fala
o apóstolo Paulo!
A renovação e restauração
do mundo dependem mais
da UNIÃO DO VEGETAL
com o homem
do que de todos os outros Reinos
da Natureza!
Porém, até aqui só falamos
da haste esverdeada da cruz.
Essa haste começa
com um verde
semelhante ao musgo
e, a medida que vai subindo,
vai se atenuando,
suavizando-se,
tornando-se mais leve, transparente,
até encontrar-se
com o madeiro horizontal,
o qual é vermelho.
Um vermelho
semelhante as brasas
de uma fogueira
ou como o reflexo mágico
de um rubi indiano.
Nesse vermelho
está a serpente
que tentou Eva
e os doze touros
que sustentavam
a grande pia batismal
do antigo templo de Salomão...
Nesse vermelho
também está
o leão escarlate
de que falam os alquimistas
(e foi desse leão
que Sansão extraiu o mel) ,
e esse leão é também
o mesmo leão
das lendas mitológicas
e o mesmo leão
da cova de Daniel!
Aqui também está a águia
que trazia o néctar sagrado a Zeus,
quando criança
e a pomba que apareceu no batismo
do Jordão...
E também os cães
que acompanhavam Diana, a caçadora...
E o bezerro de ouro
da antiga Torá...
E mais a ovelha perdida
da parábola cristã!
Pois é aqui que a vida adquire movimento!
Se o madeiro vertical da base
que é verde
representa o reino das forças vitais,
o madeiro horizontal
que é vermelho
representa o reino das forças motoras.
É aqui que a vida se move
em todos os reinos
e em todos os mundos!
É aqui que a vontade age no corpo,
o espírito se movimenta na força,
o pensamento voa na forma
e o desejo se realiza na matéria!
O vermelho do madeiro horizontal
possui sete tonalidades diferentes.
A tonalidade mais baixa
é vermelha como o sangue.
As outras, a medida que vão subindo,
vão se atenuando gradativamente,
e a mais alta de todas
é a mais leve,
de um vermelho alaranjado róseo
semelhante ao rubor suave
que o sol refrata nas nuvens ao amanhecer.
Nas três tonalidades inferiores
medram os desejos baixos,
os impulsos brutais
e violentos,
e é essa parte
que precisa ser dominada
urgentemente
pelo discípulo
que quer avançar
na senda.
Nessas três tonalidades
estão as paixões,
os desejos sensuais, a cobiça,
a inveja, a luxúria,
a raiva, a ganância, o egoísmo,
e tudo o que brutaliza
e materializa o homem...
Nesse reino
essas forças cegas e mecânicas
revestem-se com formas grotescas,
brutais, monstruosas
e hediondas...
Todo o trabalho das religiões
é o de libertar o homem
desse lado sombrio,
e o maior empreendimento,
a tarefa mais virtuosa,
o trabalho mais divino dos estudantes
que querem melhorar e evoluir
é saírem desse pântano,
escaparem das garras
dessa gigantesca hidra
e desse monstruoso dragão
de três cabeças flamejantes...
Na quarta tonalidade brota a força
que sobe e desce,
a balança mágica
que todo o aspirante
deve aprender a equilibrar
e nas três tonalidades superiores
crescem os desejos bons,
os impulsos espirituais e divinos!
Imaginai um mundo
todo feito de luz e música!
Um mundo onde reina a beleza,
a harmonia,
onde tudo é alegre e festivo...
Onde os seres se revestem
de formas harmoniosas,
onde não há tristeza,
nem dores, nem pobreza ou miséria...
O chão é repleto de flores
e gemas preciosas
de todas as cores...
No ar vêem-se pássaros e borboletas
com as cores do arco-íris.
Todos os animais são belos e mansos!
As pessoas vestem-se com roupas leves,
coloridas, elegantes, harmoniosas
e mostram sempre rostos sorridentes...
Nada aqui é grotesco, desarmonioso
ou de mau gosto.
Ao contrário.
A beleza aqui é a nota chave de tudo!
As paisagens são repletas de árvores frutíferas,
as campinas são salpicadas
de flores a exalarem no ar
perfumes maravilhosos...
Há rosas espalhadas por toda parte.
Aqui não anoitece...
Ninguém precisa se alimentar...
Não chove, não faz frio, não neva...
Não há furacões, nem tempestades...
Há sempre uma brisa fresca soprando,
trazendo aromas suaves e inebriantes...
O sol, aqui é eterno...
Nessas três regiões superiores
encontram-se as forças
que movem os artistas,
os poetas
e os santos...
Aprofundamo-nos mais
nessas regiões.
Eis que se abrem as cortinas
de um novo mundo
desconhecido
da humanidade comum!
Um mundo que sempre existiu,
sempre esteve presente,
muitos santos e profetas
falaram dele,
muitos já entraram nele
por um momento
e depois voltaram a terra
e imediatamente
esqueceram-se dele...
Muitas vezes
estivemos ali em sonho,
mas ao acordarmos,
sempre nos esquecemos...
Este é o céu,
de que falam as religiões...
Nesse mundo maravilhoso
existem formas modeladas
com as mais belas
e desconhecidas cores...
Aqui vibram no ar
como se fossem bandos de pássaros
ou borboletas
belíssimos poemas.
Arrebatadas e doces canções
flutuam na atmosfera
a espera
que algum poeta
as capturem
como se captura uma ave rara...
Quadros,
desenhos e pinturas magnificas
estão espalhadas por toda parte
prontas a serem recolhidas
por espíritos de artistas...
Aqui há fadas,
duendes, silfos, elfos,
a voarem alegres
na atmosfera perfumada,
e todos sabem contar
lindas e inéditas histórias
aos escritores que conseguem elevar
seus olhos e ouvidos
até essas regiões superiores.
Aqui há edifícios
e castelos esplêndidos,
paisagens extraordinariamente belas
e divinas...
Seres suaves e meigos
como os querubins de Fra Angélico
ou as madonas de Da Vince.
Aqui está o Filho do Homem
no seu trono de Luz
cercado por legiões de gênios bons
que vivem a clamar:
Santo! Santo! Santo! É o Senhor!
Porém, não devemos parar aqui...
Lá em cima, na cúpula mais alta,
na parte mais elevada da cruz,
brilha um amarelo celeste
como o fulgor de muitos sóis reunidos.
Aqui, a cor reinante é o dourado...
O ouro é o símbolo da inteligência.
Nesta parte
se encontra a Pedra Filosofal
de que falam os Alquimistas.
Esse amarelo vai descendo
e se esparrama
por todas as partes da cruz.
A inteligência do Criador
vibra e palpita em tudo,
em toda parte!
Aqui encontram-se todos os livros
da sabedoria antiga
e brilham com incomensurável fulgor
a Divina Comédia, de Dante,
a República, de Platão,
a Jerusalém Libertada, de Taine,
a Nova Atlântida, de Bacon,
a Cidade do Sol, de Tomaso Campanella.
Os poemas de Homero, Virgílio,
Ovídio, Goethe,
as Fábulas de La Fontaine,
de Apuleio, Esopo,
as tragédias de Esquilo, Sóflocles,
Euripedes,
as Orações de Demóstenes,
as histórias de Xenofonte,
as filosofias de Platão,
de Aristóteles, de Sócrates,
as matemáticas de Pitágoras,
Arquimedes, enfim,
toda a majestade da Sabedoria Antiga
aqui refulge como o reflexo
de muitas estrelas.
Aqui brilha com sublime beleza
todos os livros de Moisés, Salomão...
Todo o conjunto de obras
que formam o Velho Testamento.
O Peregrino, de João Bunyan,
os aforismos de Buda,
os provérbios de Confúcio, Lao Tsé,
os poemas de Tagore, Gibran
e todas as narrações dos Evangelhos
Aqui refulgem com gloriosa luz!...
Enfim todas as grandes filosofias
e todos os livros mágicos e herméticos.
Aqui se ouve a doce música das esferas...
Eis, portanto, na íntegra
a sagrada cruz,
o mais antigo, o mais belo
e o mais precioso símbolo
que Deus colocou
nas mãos dos espíritos dos homens!
Mas, só a cruz não basta!
É preciso que haja nela rosas.
Coloquemos, portanto,
sobre a nossa bela cruz colorida,
no lugar onde se cruzam os madeiros,
uma coroa feita de sete rosas
suaves e doces
cujo aroma nos alegra e embevece.
Essas rosas são em cores brancas,
amarelas, rosadas e vermelha.
Representam as sete virtudes:
Fé! Esperança!
Caridade! Justiça! Firmeza!
Prudência e Temperança!
São sete luzes ao redor do espírito
para iluminar seu caminho.
São os sete candeeiros de ouro
em redor do Cristo
visto por São João no Apocalipse.
Sobre essas sete lâmpadas
se ergue o Espírito humano,
cingido por um manto de suave luz,
trazendo na fronte heróica
o mágico selo da imortalidade.
No centro da cruz,
onde se cruzam os madeiros
e bem no meio da coroa de rosas,
está o coração ardente e sincero,
o coração que ama,
que aspira...
Esse coração está cercado
por uma coroa de espinhos
semelhante a que Jesus crucificado
traz sobre a cabeça.
Desse coração
emana um fogo escarlate.
Esse fogo é o fogo do amor...
O fogo da fé
e da inspiração divina.
Cada vez que pulsa muito fortemente
recebe um ferimento da coroa que o cerca...
Essa coroa é o mundo,
com seus espinhos.
Lá em cima
onde brilha o amarelo da inteligência
está o triângulo mágico
com o olho azul de Deus,
o olho maçônico,
que tudo vê, tudo registra
e ao qual nada passa despercebido.
Por intermédio desse olho
o homem se torna dono
da Memória da Natureza
e da Luz Astral.
Sabeis o que é a Memória da Natureza?
É a Memória do Mundo,
da Terra, onde está registrado
todos os acontecimentos,
todos os fatos e eventos,
a vida de cada ser,
desde o nascimento até a morte,
seja a de um gafanhoto,
de um peixinho,
de um elefante ou de um homem!
Nesse grande Livro Invisível
está escrito tudo, minuciosamente,
de onde a Terra surgiu,
quantas voltas já deu
em torno de si e do Sol,
quais os seres do espaço cósmico
que já vieram visitá-la,
quais as marcas que deixaram
tanto em sua face
como nas almas
de todos os espíritos viventes
que sobre ela existem...
Nessa Memória Universal
está registrado
a vida inteira de um homem,
desde sua primeira respiração
até o seu último suspiro
antes de morrer...
Tudo o que ele pensou,
sentiu, falou e fez...
Tudo nos mínimos detalhes!
E ao homem treinado, exercitado,
ao homem que aprendeu
a concentrar-se
e mergulhar profundamente
nos mundos invisíveis,
a ele é dado acesso
a essa extraordinária Memória
e saber muito!
Muito sobre sua própria vida,
em primeiro lugar,
e depois sobre a vida
de toda e qualquer pessoa,
viva ou morta!
E existe muitos meios
de se desenvolver e treinar
essa capacidade!
Um deles é através da concentração!
Da meditação!
Da visualização!
E há também plantas sagradas,
bebidas e chás
provenientes da mãe Natureza
que possibilitam ao homem
ter acesso
a essa maravilhosa
Memória da Natureza!
E a Luz Astral?
Sabeis o que é essa Luz?
Essa Luz é a Alma do Universo...
Ela compenetra tudo,
envolve tudo, preenche tudo,
vivifica tudo e está em toda parte!
Ela é fixa e volátil!
Vibrante e extática.
Brilhante e opaca...
Possui formas e cores deslumbrantes,
em contínuo movimento
para dentro e para fora,
em perpétuo vai-e-vem...
Para cima e para baixo,
para a esquerda e para a direita...
Ela atrai e repele...
Preenche e esvazia,
solve e coagula...
Ela da vida e mata!
Aos que sabem dirigi-la,
ela os torna poderosos,
capazes de comandar os espíritos
e dirigir as forças da natureza.
Aos que são obcecados
e não têm controle sobre ela,
aos que são escravos
de suas manifestações,
como os viciados, os alcoólatras,
os médiuns passivos,
os extáticos, os sonâmbulos,
os loucos, os fanáticos, os exaltados,
os descontrolados,
medrosos e fracos de vontade,
ela os domina, os manipula,
os escraviza e rouba-lhes as energias
tornando-os mórbidos,
enfraquecidos,
pálidos e sonolentos...
Essa Luz invisível
Age nos sentidos internos dos seres...
Pode alegrar ou entristecer,
Animar e desanimar,
Fortalecer e enfraquecer,
Clarear ou obscurecer,
Expandir ou recolher-se,
Orientar ou confundir,
Rejuvenescer ou envelhecer,
Curar ou adoecer!
Nos homens calmos, tranqüilos,
relaxados, despreocupados,
bem humorados
ela é brilhante, expansiva,
vibrante, forte, cálida, viva
e age como um escudo que repele
todas as vibrações negativas...
E atrai as positivas...
Nos homens nervosos,
agitados, faladores, inquietos,
ela é opaca, recolhida, fraca,
cheia de buracos,
e facilmente é atacada e dominada
por vibrações inferiores
do baixo astral...
Portanto, para o homem fortalecer-se
e livrar-se
das manifestações negativas
do astral inferior é aconselhável
praticar exercícios contínuos
de concentração, meditação,
visualização, relaxamento,
respiração profunda,
vestir-se com roupas leves, arejadas,
em cores harmoniosas,
alimentar-se de forma frugal,
ser atencioso nos pensamentos,
sentimentos, palavras,
amar a boa música,
cultivar as boas amizades,
os bons costumes!
E fazer parte de uma Religião,
Grupo, Escola ou Fraternidade!
Como dizíamos,
na parte mais alta da cruz
está o triângulo
com o olho azul de Deus.
Por intermédio desse olho
o homem se torna dono
da Memória da Natureza
e da Luz Astral.
Aquele que atinge o seu mistério
torna-se dono do passado,
do presente e do futuro.
Conhece toda a história do Universo.
Lê e vê no presente
tudo o que quer
sem precisar mover
um só músculo do seu corpo.
Conhece o futuro
como a palma da mão...
Esse é o olho que todo o estudante,
discípulo e aspirante
deverá, um dia, conquistar!
Em cada ponta de cada haste da cruz
existe uma letra.
São quatro letras que, reunidas,
formam o nome INRI.
Essas letras possuem três significados.
Um deles representa o enunciado
que diz: “TODA A CRIATURA
VOLTA AO CRIADOR”.
Tudo o que o homem exterioriza de si,
em pensamentos, palavras e atos,
tudo isso são criações que,
por uma lei justa e invariável,
um dia retornarão a ele...
Trazendo consigo
todo o bem ou mal
que produziram no mundo.
Isto nos oferece uma sublime esperança:
É a de que,
sendo nós emanações de Deus Pai
haveremos de retornar ao seu seio...
Essas quatro letras
também significam EQUILÍBRIO.
Elas estão colocadas na cruz
de uma maneira harmoniosa.
E representam, também,
as quatro forças elementares:
fogo, ar, terra, água,
as quatro figuras da esfinge egípcia,
(mulher, águia, leão e touro)
as quatro estações do ano,
os quatro pontos cardeais,
e os quatro éteres
formadores das quatro atividades
do nosso corpo físico,
ou seja, crescimento e estabilidade,
propagação e faculdade criadora,
sensação e calor próprio
e memória e intelecto.
Finalmente vamos nos encontrar
com o mais importante
dos símbolos da Rosacruz,
o mais sublime de todos,
que é a estrela flamejante
de cinco pontas.
Ela é de cor azulada e dourada,
e é a mesma estrela
que brilhou um dia
no céu de Jerusalém,
quando do nascimento
do menino Deus
e que guiou os três Reis Magos.
É o mais augusto talismã
que todo o aspirante,
discípulo e praticante
das Ciências Ocultas
há de conquistar.
Quem o possui
domina os quatro elementos
da Natureza
e as quatro forças elementares.
Todos os gênios maus,
“magos-negros”,
forças negativas errantes,
larvas astrais
e espíritos inferiores
fogem desse símbolo
que é a expressão da mais pura luz.
Esse símbolo representa
a aura do homem
que despojou-se dos maus hábitos,
que acendeu os sete candeeiros de ouro
(as sete virtudes)
e abriu o livro dos sete selos.
Aí está portanto
o sagrado símbolo da Rosa+ruz.
Esse símbolo encerra em si
todos os símbolos mágicos e herméticos,
desde o ponto,
origem de toda figura geométrica,
até o círculo,
que simboliza a Obra Perfeita,
porque não possui lados.
O círculo é também o símbolo
do movimento perpétuo,
e aquele que for capaz
de fazer um quadrado girar
permanentemente
em torno de um ponto fixo
terá descoberto
a quadratura do círculo.
Abel Fernandes
(década de setenta, com algumas correções
e modificações em 2005)
A Cruz, seja qual for o material com que foi feita, é o símbolo do Reino Mineral.
A Haste Inferior representa o reino Vegetal, cujas forças irradiam do solo e se elevam verticalmente.
Os Braços da Cruz simbolizam o Reino Animal, cujas forças dos Espíritos-Grupos circulam ao redor da Terra horizontalmente, passando pelas colunas vertebrais dos animais, nesta posição.
A Haste Superior representa o Reino Humano. As forças espirituais que sustentam o homem descem através da cabeça, em sentido contrário ao das forças vegetais que sobem.
Esotericamente, o corpo humano é considerado uma planta invertida.
O CORAÇÃO ARDENTE ao centro representa o Amor Universal de Cristo que deve inflamar o coração de todo o verdadeiro cristão. É o símbolo da fraternidade e do Altruísmo.
As letras I.N.R.I. são as iniciais de quatro palavras hebraicas que significam os elementos construtores do mundo material e os quatro éteres que compõem o Corpo Vital do homem.
A CORÔA COM SETE ROSAS é o símbolo dos sete Centros Espirituais de percepção por meio dos quais o Espírito Humano entrará em relação consciente com os vários Planos Espirituais. O funcionamento desses Centros torna o homem CLARIVIDENTE, capaz de ver, ouvir e perceber os mundos espirituais tão bem como percebe o mundo físico. O despertar desses Centros é a verdadeira finalidade da Iniciação.
O TRIÂNGULO com um OLHO, na parte superior da cruz é o símbolo do DEUS-PAI, eternamente presente no íntimo de todo homem. É o eterno Espectador de todos os atos, o Olho que tudo vê e ao qual nada passa despercebido.
O SÍMBOLO DA ROSA-CRUZ resume, assim, de maneira admirável toda a evolução passada, presente e futura do homem e expõe o Método de Realização empregado.
É de grande utilidade o emprego desse perfeito símbolo nas práticas pessoais de Meditação e nas Orações.
As Forças Inferiores não poderão se aproximar ou perturbar um estudante que empregue em suas práticas esse símbolo com perfeito entendimento.
Projetado por uma viva Imaginação nos Planos Mentais ele atrai naturalmente as nobres e elevadas Inteligências dos Planos Internos que reconhecem todo o seu valor, e o consideram como um sinal de DISPOSIÇÃO SINCERA. A aproximação desses Compassivos Seres pode trazer, se houve verdadeiro merecimento, os mais elevados resultados e um auxílio espiritual cada vez mais efetivo.
Texto extraído do MANUAL DA FRATERNIDADE ROSACRUCIANA SÃO PAULO, edição de 1958, págs. 8 e 9.
Durante alguns anos pratiquei exercícios de visualização do símbolo da Rosa-Cruz, tal como é recomendado no Manual Rosacruz, e depois, um dia, comecei a escrever este poema, que levou alguns anos para ficar pronto:
O SÍMBOLO DA ROSA+CRUZ
A nossa cruz inicia-se
pelo pé, ou pela base,
a qual é verde.
Não um verde comum,
mas um verde vivo, repousante,
tranqüilizante,
em degradê,
começando forte em baixo
e atenuando-se,
a medida que vai subindo...
Esse verde representa as florestas,
os bosques, os pomares,
os campos e os jardins,
os sublimes e santos jardins...
Aqui a Primavera tece
as mais finas tapeçarias,
os mais lindos arranjos florais
e os mais delicados cálices,
onde as ninfas, as fadas
e os elfos
vêem beber aromas
e adornarem-se com a Beleza...
O Reino Vegetal é o reino da vida.
Aqui a vida flui
maravilhosamente.
A seiva sobe vertiginosa para o alto
e se transforma em galhos,
folhas, flores,
sementes e frutos...
Sede fecundos
e multiplicai-vos
sobre a face da Terra!
Disse o Criador de todas as coisas.
O vegetal é, por excelência,
a expressão mais forte da vida...
Essa vida que está em toda parte,
até nas profundezas escuras
dos mares...
Nos desertos,
onde a areia queimada
geme de esterilidade,
cresce o cacto.
E a Natureza mostra
sua bondade infinita
quando constrói oásis
no meio dos desertos...
Esses desertos
seriam intransponíveis
se não fossem os Oásis...
Oh! homens da cidade,
que viveis sepultados
sob toneladas de concreto armado!
Olhai as matas verdejantes,
as florestas sombreadas,
os prados, as campinas,
e dizei-me, homens,
onde encontrareis tanta vida,
tanta variedade de seres vivos
em perpétuo labor
florescimento e frutificação?
Onde encontrareis tanta paz
e harmonia,
tanta beleza, fartura,
abundância e plenitude?
Tanta doçura nos frutos
e tanta delicadeza nas flores?
“Filho meu.
Não deixes a instrução de tua mãe!”
Diz Salomão, o rei da Sabedoria.
Vossa mãe é a Natureza,
cuja mensagem é a vida.
Imita-a e faz da vossa alma um jardim.
Sede pródigo em bondade,
como a árvore que dá sombra,
flores e frutos...
Que acolhe em suas fartas ramagens
os rouxinóis, as cigarras e as abelhas...
Eis o que diz
o Grande Arquiteto do Universo
a sua esposa, que é a Natureza,
nos formosos versos
do “Cântico dos Cânticos”, do rei Salomão:
“Levanta-te querida minha,
formosa minha, e vem.
Porque eis que passou o inverno,
cessou a chuva e se foi;
aparecem as flores na terra.
Chegou o tempo de cantarem as aves
e a voz da rôla
ouve-se em nossa terra.
A figueira começou a dar seus figos
e as vides em flor exalam seu aroma.
Levanta-te querida minha,
formosa minha, e vem.
Pomba minha
que andas pelas penhas
dos penhascos,
nos esconderijos das rochas escarpadas,
mostra-me teu rosto amável!”
O Reino Vegetal,
o qual está simbolizado na cruz
pela haste do pé
é, por excelência,
o reino das forças vivificantes,
o reino dos elixires
e dos licores mágicos.
Daqui emana o Soma,
bebida mágica, sagrada e iniciática,
dos antigos indianos...
E também o peiote, cacto santo
que leva os índios Yaquis,
a conhecerem conscientemente
o outro mundo!
E o mágico elixir
dos Druídas misteriosos...
Daqui brota Hoasca,
o maravilhoso chá sublime
que abre as portas do invisível
e dá força e luz aos homens
para conquistarem a Paz
e o Amor em suas vidas...
Daqui jorra o mel que dulcifica,
o mel que alimentou Sansão,
o poderoso alquimista bíblico,
aquele que “tirou do comedor a vida
e do bruto a doçura”.
Daqui emana a força
que cura e regenera.
Toda a medicina de Paracelso
sustentava-se sob esse reino.
Os artistas, os poetas,
os pintores e os arquitetos
encontram, aqui,
inspirações sublimes
e imorredouras
para ilustrar e colorir
suas obras de arte.
Diz-se que Leonardo da Vince
extasiava-se
diante de uma flor!
Ah! Homens!
Quando compreendereis
e recordareis
que viestes do seio da Natureza!
Que outrora fostes puros, inocentes
e ainda não éreis contaminados
pelas ilusões do mundo,
pelas ganâncias das posses,
pelos hábitos mecânicos,
pelos vícios, pela correria
e pela pressa geradora do “stres”
e das doenças psicológicas?
Nesse tempo vivíeis
nos campos, nas matas
e nas florestas,
em contato direto com a Natureza...
Nesse tempo
éreis felizes,
sadios e sábios!
Éreis homens de verdade,
não bonecos,
autômatos,
criaturas frágeis e medrosas
cheias de falsas idéias
e fantasias
sobre si mesmos,
como hoje...
Um dia sabereis
que sois filhos do Reino Vegetal
e para ele havereis de voltar
se quiserdes sobreviver!
Um dia sabereis
que o Reino Vegetal
é a fonte da vida,
a fonte da cura
de todas as doenças,
e que por trás do Reino Vegetal
há seres muito mais avançados
e evoluídos do que vós
e que estão prontos a auxiliar-vos
a libertarem-se do jugo
da escravidão de que fala
o apóstolo Paulo!
A renovação e restauração
do mundo dependem mais
da UNIÃO DO VEGETAL
com o homem
do que de todos os outros Reinos
da Natureza!
Porém, até aqui só falamos
da haste esverdeada da cruz.
Essa haste começa
com um verde
semelhante ao musgo
e, a medida que vai subindo,
vai se atenuando,
suavizando-se,
tornando-se mais leve, transparente,
até encontrar-se
com o madeiro horizontal,
o qual é vermelho.
Um vermelho
semelhante as brasas
de uma fogueira
ou como o reflexo mágico
de um rubi indiano.
Nesse vermelho
está a serpente
que tentou Eva
e os doze touros
que sustentavam
a grande pia batismal
do antigo templo de Salomão...
Nesse vermelho
também está
o leão escarlate
de que falam os alquimistas
(e foi desse leão
que Sansão extraiu o mel) ,
e esse leão é também
o mesmo leão
das lendas mitológicas
e o mesmo leão
da cova de Daniel!
Aqui também está a águia
que trazia o néctar sagrado a Zeus,
quando criança
e a pomba que apareceu no batismo
do Jordão...
E também os cães
que acompanhavam Diana, a caçadora...
E o bezerro de ouro
da antiga Torá...
E mais a ovelha perdida
da parábola cristã!
Pois é aqui que a vida adquire movimento!
Se o madeiro vertical da base
que é verde
representa o reino das forças vitais,
o madeiro horizontal
que é vermelho
representa o reino das forças motoras.
É aqui que a vida se move
em todos os reinos
e em todos os mundos!
É aqui que a vontade age no corpo,
o espírito se movimenta na força,
o pensamento voa na forma
e o desejo se realiza na matéria!
O vermelho do madeiro horizontal
possui sete tonalidades diferentes.
A tonalidade mais baixa
é vermelha como o sangue.
As outras, a medida que vão subindo,
vão se atenuando gradativamente,
e a mais alta de todas
é a mais leve,
de um vermelho alaranjado róseo
semelhante ao rubor suave
que o sol refrata nas nuvens ao amanhecer.
Nas três tonalidades inferiores
medram os desejos baixos,
os impulsos brutais
e violentos,
e é essa parte
que precisa ser dominada
urgentemente
pelo discípulo
que quer avançar
na senda.
Nessas três tonalidades
estão as paixões,
os desejos sensuais, a cobiça,
a inveja, a luxúria,
a raiva, a ganância, o egoísmo,
e tudo o que brutaliza
e materializa o homem...
Nesse reino
essas forças cegas e mecânicas
revestem-se com formas grotescas,
brutais, monstruosas
e hediondas...
Todo o trabalho das religiões
é o de libertar o homem
desse lado sombrio,
e o maior empreendimento,
a tarefa mais virtuosa,
o trabalho mais divino dos estudantes
que querem melhorar e evoluir
é saírem desse pântano,
escaparem das garras
dessa gigantesca hidra
e desse monstruoso dragão
de três cabeças flamejantes...
Na quarta tonalidade brota a força
que sobe e desce,
a balança mágica
que todo o aspirante
deve aprender a equilibrar
e nas três tonalidades superiores
crescem os desejos bons,
os impulsos espirituais e divinos!
Imaginai um mundo
todo feito de luz e música!
Um mundo onde reina a beleza,
a harmonia,
onde tudo é alegre e festivo...
Onde os seres se revestem
de formas harmoniosas,
onde não há tristeza,
nem dores, nem pobreza ou miséria...
O chão é repleto de flores
e gemas preciosas
de todas as cores...
No ar vêem-se pássaros e borboletas
com as cores do arco-íris.
Todos os animais são belos e mansos!
As pessoas vestem-se com roupas leves,
coloridas, elegantes, harmoniosas
e mostram sempre rostos sorridentes...
Nada aqui é grotesco, desarmonioso
ou de mau gosto.
Ao contrário.
A beleza aqui é a nota chave de tudo!
As paisagens são repletas de árvores frutíferas,
as campinas são salpicadas
de flores a exalarem no ar
perfumes maravilhosos...
Há rosas espalhadas por toda parte.
Aqui não anoitece...
Ninguém precisa se alimentar...
Não chove, não faz frio, não neva...
Não há furacões, nem tempestades...
Há sempre uma brisa fresca soprando,
trazendo aromas suaves e inebriantes...
O sol, aqui é eterno...
Nessas três regiões superiores
encontram-se as forças
que movem os artistas,
os poetas
e os santos...
Aprofundamo-nos mais
nessas regiões.
Eis que se abrem as cortinas
de um novo mundo
desconhecido
da humanidade comum!
Um mundo que sempre existiu,
sempre esteve presente,
muitos santos e profetas
falaram dele,
muitos já entraram nele
por um momento
e depois voltaram a terra
e imediatamente
esqueceram-se dele...
Muitas vezes
estivemos ali em sonho,
mas ao acordarmos,
sempre nos esquecemos...
Este é o céu,
de que falam as religiões...
Nesse mundo maravilhoso
existem formas modeladas
com as mais belas
e desconhecidas cores...
Aqui vibram no ar
como se fossem bandos de pássaros
ou borboletas
belíssimos poemas.
Arrebatadas e doces canções
flutuam na atmosfera
a espera
que algum poeta
as capturem
como se captura uma ave rara...
Quadros,
desenhos e pinturas magnificas
estão espalhadas por toda parte
prontas a serem recolhidas
por espíritos de artistas...
Aqui há fadas,
duendes, silfos, elfos,
a voarem alegres
na atmosfera perfumada,
e todos sabem contar
lindas e inéditas histórias
aos escritores que conseguem elevar
seus olhos e ouvidos
até essas regiões superiores.
Aqui há edifícios
e castelos esplêndidos,
paisagens extraordinariamente belas
e divinas...
Seres suaves e meigos
como os querubins de Fra Angélico
ou as madonas de Da Vince.
Aqui está o Filho do Homem
no seu trono de Luz
cercado por legiões de gênios bons
que vivem a clamar:
Santo! Santo! Santo! É o Senhor!
Porém, não devemos parar aqui...
Lá em cima, na cúpula mais alta,
na parte mais elevada da cruz,
brilha um amarelo celeste
como o fulgor de muitos sóis reunidos.
Aqui, a cor reinante é o dourado...
O ouro é o símbolo da inteligência.
Nesta parte
se encontra a Pedra Filosofal
de que falam os Alquimistas.
Esse amarelo vai descendo
e se esparrama
por todas as partes da cruz.
A inteligência do Criador
vibra e palpita em tudo,
em toda parte!
Aqui encontram-se todos os livros
da sabedoria antiga
e brilham com incomensurável fulgor
a Divina Comédia, de Dante,
a República, de Platão,
a Jerusalém Libertada, de Taine,
a Nova Atlântida, de Bacon,
a Cidade do Sol, de Tomaso Campanella.
Os poemas de Homero, Virgílio,
Ovídio, Goethe,
as Fábulas de La Fontaine,
de Apuleio, Esopo,
as tragédias de Esquilo, Sóflocles,
Euripedes,
as Orações de Demóstenes,
as histórias de Xenofonte,
as filosofias de Platão,
de Aristóteles, de Sócrates,
as matemáticas de Pitágoras,
Arquimedes, enfim,
toda a majestade da Sabedoria Antiga
aqui refulge como o reflexo
de muitas estrelas.
Aqui brilha com sublime beleza
todos os livros de Moisés, Salomão...
Todo o conjunto de obras
que formam o Velho Testamento.
O Peregrino, de João Bunyan,
os aforismos de Buda,
os provérbios de Confúcio, Lao Tsé,
os poemas de Tagore, Gibran
e todas as narrações dos Evangelhos
Aqui refulgem com gloriosa luz!...
Enfim todas as grandes filosofias
e todos os livros mágicos e herméticos.
Aqui se ouve a doce música das esferas...
Eis, portanto, na íntegra
a sagrada cruz,
o mais antigo, o mais belo
e o mais precioso símbolo
que Deus colocou
nas mãos dos espíritos dos homens!
Mas, só a cruz não basta!
É preciso que haja nela rosas.
Coloquemos, portanto,
sobre a nossa bela cruz colorida,
no lugar onde se cruzam os madeiros,
uma coroa feita de sete rosas
suaves e doces
cujo aroma nos alegra e embevece.
Essas rosas são em cores brancas,
amarelas, rosadas e vermelha.
Representam as sete virtudes:
Fé! Esperança!
Caridade! Justiça! Firmeza!
Prudência e Temperança!
São sete luzes ao redor do espírito
para iluminar seu caminho.
São os sete candeeiros de ouro
em redor do Cristo
visto por São João no Apocalipse.
Sobre essas sete lâmpadas
se ergue o Espírito humano,
cingido por um manto de suave luz,
trazendo na fronte heróica
o mágico selo da imortalidade.
No centro da cruz,
onde se cruzam os madeiros
e bem no meio da coroa de rosas,
está o coração ardente e sincero,
o coração que ama,
que aspira...
Esse coração está cercado
por uma coroa de espinhos
semelhante a que Jesus crucificado
traz sobre a cabeça.
Desse coração
emana um fogo escarlate.
Esse fogo é o fogo do amor...
O fogo da fé
e da inspiração divina.
Cada vez que pulsa muito fortemente
recebe um ferimento da coroa que o cerca...
Essa coroa é o mundo,
com seus espinhos.
Lá em cima
onde brilha o amarelo da inteligência
está o triângulo mágico
com o olho azul de Deus,
o olho maçônico,
que tudo vê, tudo registra
e ao qual nada passa despercebido.
Por intermédio desse olho
o homem se torna dono
da Memória da Natureza
e da Luz Astral.
Sabeis o que é a Memória da Natureza?
É a Memória do Mundo,
da Terra, onde está registrado
todos os acontecimentos,
todos os fatos e eventos,
a vida de cada ser,
desde o nascimento até a morte,
seja a de um gafanhoto,
de um peixinho,
de um elefante ou de um homem!
Nesse grande Livro Invisível
está escrito tudo, minuciosamente,
de onde a Terra surgiu,
quantas voltas já deu
em torno de si e do Sol,
quais os seres do espaço cósmico
que já vieram visitá-la,
quais as marcas que deixaram
tanto em sua face
como nas almas
de todos os espíritos viventes
que sobre ela existem...
Nessa Memória Universal
está registrado
a vida inteira de um homem,
desde sua primeira respiração
até o seu último suspiro
antes de morrer...
Tudo o que ele pensou,
sentiu, falou e fez...
Tudo nos mínimos detalhes!
E ao homem treinado, exercitado,
ao homem que aprendeu
a concentrar-se
e mergulhar profundamente
nos mundos invisíveis,
a ele é dado acesso
a essa extraordinária Memória
e saber muito!
Muito sobre sua própria vida,
em primeiro lugar,
e depois sobre a vida
de toda e qualquer pessoa,
viva ou morta!
E existe muitos meios
de se desenvolver e treinar
essa capacidade!
Um deles é através da concentração!
Da meditação!
Da visualização!
E há também plantas sagradas,
bebidas e chás
provenientes da mãe Natureza
que possibilitam ao homem
ter acesso
a essa maravilhosa
Memória da Natureza!
E a Luz Astral?
Sabeis o que é essa Luz?
Essa Luz é a Alma do Universo...
Ela compenetra tudo,
envolve tudo, preenche tudo,
vivifica tudo e está em toda parte!
Ela é fixa e volátil!
Vibrante e extática.
Brilhante e opaca...
Possui formas e cores deslumbrantes,
em contínuo movimento
para dentro e para fora,
em perpétuo vai-e-vem...
Para cima e para baixo,
para a esquerda e para a direita...
Ela atrai e repele...
Preenche e esvazia,
solve e coagula...
Ela da vida e mata!
Aos que sabem dirigi-la,
ela os torna poderosos,
capazes de comandar os espíritos
e dirigir as forças da natureza.
Aos que são obcecados
e não têm controle sobre ela,
aos que são escravos
de suas manifestações,
como os viciados, os alcoólatras,
os médiuns passivos,
os extáticos, os sonâmbulos,
os loucos, os fanáticos, os exaltados,
os descontrolados,
medrosos e fracos de vontade,
ela os domina, os manipula,
os escraviza e rouba-lhes as energias
tornando-os mórbidos,
enfraquecidos,
pálidos e sonolentos...
Essa Luz invisível
Age nos sentidos internos dos seres...
Pode alegrar ou entristecer,
Animar e desanimar,
Fortalecer e enfraquecer,
Clarear ou obscurecer,
Expandir ou recolher-se,
Orientar ou confundir,
Rejuvenescer ou envelhecer,
Curar ou adoecer!
Nos homens calmos, tranqüilos,
relaxados, despreocupados,
bem humorados
ela é brilhante, expansiva,
vibrante, forte, cálida, viva
e age como um escudo que repele
todas as vibrações negativas...
E atrai as positivas...
Nos homens nervosos,
agitados, faladores, inquietos,
ela é opaca, recolhida, fraca,
cheia de buracos,
e facilmente é atacada e dominada
por vibrações inferiores
do baixo astral...
Portanto, para o homem fortalecer-se
e livrar-se
das manifestações negativas
do astral inferior é aconselhável
praticar exercícios contínuos
de concentração, meditação,
visualização, relaxamento,
respiração profunda,
vestir-se com roupas leves, arejadas,
em cores harmoniosas,
alimentar-se de forma frugal,
ser atencioso nos pensamentos,
sentimentos, palavras,
amar a boa música,
cultivar as boas amizades,
os bons costumes!
E fazer parte de uma Religião,
Grupo, Escola ou Fraternidade!
Como dizíamos,
na parte mais alta da cruz
está o triângulo
com o olho azul de Deus.
Por intermédio desse olho
o homem se torna dono
da Memória da Natureza
e da Luz Astral.
Aquele que atinge o seu mistério
torna-se dono do passado,
do presente e do futuro.
Conhece toda a história do Universo.
Lê e vê no presente
tudo o que quer
sem precisar mover
um só músculo do seu corpo.
Conhece o futuro
como a palma da mão...
Esse é o olho que todo o estudante,
discípulo e aspirante
deverá, um dia, conquistar!
Em cada ponta de cada haste da cruz
existe uma letra.
São quatro letras que, reunidas,
formam o nome INRI.
Essas letras possuem três significados.
Um deles representa o enunciado
que diz: “TODA A CRIATURA
VOLTA AO CRIADOR”.
Tudo o que o homem exterioriza de si,
em pensamentos, palavras e atos,
tudo isso são criações que,
por uma lei justa e invariável,
um dia retornarão a ele...
Trazendo consigo
todo o bem ou mal
que produziram no mundo.
Isto nos oferece uma sublime esperança:
É a de que,
sendo nós emanações de Deus Pai
haveremos de retornar ao seu seio...
Essas quatro letras
também significam EQUILÍBRIO.
Elas estão colocadas na cruz
de uma maneira harmoniosa.
E representam, também,
as quatro forças elementares:
fogo, ar, terra, água,
as quatro figuras da esfinge egípcia,
(mulher, águia, leão e touro)
as quatro estações do ano,
os quatro pontos cardeais,
e os quatro éteres
formadores das quatro atividades
do nosso corpo físico,
ou seja, crescimento e estabilidade,
propagação e faculdade criadora,
sensação e calor próprio
e memória e intelecto.
Finalmente vamos nos encontrar
com o mais importante
dos símbolos da Rosacruz,
o mais sublime de todos,
que é a estrela flamejante
de cinco pontas.
Ela é de cor azulada e dourada,
e é a mesma estrela
que brilhou um dia
no céu de Jerusalém,
quando do nascimento
do menino Deus
e que guiou os três Reis Magos.
É o mais augusto talismã
que todo o aspirante,
discípulo e praticante
das Ciências Ocultas
há de conquistar.
Quem o possui
domina os quatro elementos
da Natureza
e as quatro forças elementares.
Todos os gênios maus,
“magos-negros”,
forças negativas errantes,
larvas astrais
e espíritos inferiores
fogem desse símbolo
que é a expressão da mais pura luz.
Esse símbolo representa
a aura do homem
que despojou-se dos maus hábitos,
que acendeu os sete candeeiros de ouro
(as sete virtudes)
e abriu o livro dos sete selos.
Aí está portanto
o sagrado símbolo da Rosa+ruz.
Esse símbolo encerra em si
todos os símbolos mágicos e herméticos,
desde o ponto,
origem de toda figura geométrica,
até o círculo,
que simboliza a Obra Perfeita,
porque não possui lados.
O círculo é também o símbolo
do movimento perpétuo,
e aquele que for capaz
de fazer um quadrado girar
permanentemente
em torno de um ponto fixo
terá descoberto
a quadratura do círculo.
Abel Fernandes
(década de setenta, com algumas correções
e modificações em 2005)
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